Dilma: governo Temer vai se apropriar de dinheiro do consumidor
Em texto publicado em sua página nas redes sociais, a presidenta eleita Dilma Rousseff conta como o atual governo pretende se apropriar do dinheiro do consumidor na proposta de venda da Eletrobras. “A cobiça deles não tem limite”, diz.
Dilma fala sobre Eletrobras
Dilma esclarece que em seu governo foi aprovada a medida provisória 579 estabelecendo o regime de quotas e que os anos de concessão seriam repassados como investimento aos consumidores e que agora Temer vai passar para a população o pagamento das dívidas.
Segue abaixo a íntegra:
A Eletrobras e as cotas. Governo vai se apropriar do dinheiro do consumidor
O meu governo, em 2012, fez a MP- 579, transformada na Lei 12.783, estabelecendo o regime de quotas. As usinas hidrelétricas que, em 2015, tivessem sua prorrogação do prazo de concessão concluída, tendo auferido, no mínimo 40 anos de concessão, repassariam a parcela dos custos de investimento aos consumidores. Isso se daria por meio de cotas, restando nas tarifas apenas os custos de operação e manutenção.
É bom esclarecer que as concessões vencidas já tinham sido renovadas em 1995. Como a lei e os contratos só prevêem uma renovação, ao ser encerrado o prazo, em 2015, para a amortização dos custos de investimento era necessário repassar a redução à conta de luz do consumidor. Por isso, a necessidade das cotas e de sua transferência, de justiça e direito, para a população.
O mercado sempre é muito cioso do estrito respeito aos contratos quando se trata de defender seus direitos. E isso é correto. Mas deve sê-lo também quando se trata de contratos que beneficiam a população. As cotas representam um retorno legítimo e contratual para os brasileiros, que pagaram pelas usinas hidrelétricas. O merecido respeito e todas as garantias legais lhes são devidos. Fazer diferente instaura, além da insegurança energética, a insegurança jurídica.
O impacto das cotas se traduz numa significativa redução no valor da conta de luz dos consumidores cativos, daqui para frente. O conjunto da população brasileira é o grande beneficiário. E isso porque uma usina tem seus custos pagos pelas tarifas de energia que decorrem de uma parcela relativa à amortização do investimento feito para sua construção, mais uma outra parcela relativa aos custos da sua operação e manutenção. Assim, a grosso modo, a energia agora cobrada do consumidor pela Eletrobras por conta das usinas já amortizadas seria de R$ 40/MWh, enquanto o preço de mercado da energia não amortizada é de R$ 150/MWh, ou seja, os milhões de consumidores brasileiros devem receber uma cuta equivalente a R$110/MWh. O que o governo ilegítimo quer é se apropriar desses R$110/MWH por usina, vendendo-as pelo valor de R$150/MWh para o investidor internacional e os grandes fundos financeiros.
Primeiro, aumenta os valores das usinas já amortizadas para R$150,00/MWh; na sequência, faz um leilão de todas por esse preço, mais um valor de outorga. Com isso, obtém um caixa para cobrir o rombo do orçamento, usado para comprar os votos da impunidade.
Quem vai pagar esse verdadeiro roubo e rombo? Os brasileiros, consumidores e cidadãos, vão pagar os R$150/MWh mais o valor da outorga. O País vai ter sua soberania e sua segurança energética ameaçadas, ao permitir que sua joia da coroa energética seja transferida para investidores internacionais ou fundos financeiros. As grandes empresas de engenharia, possíveis investidoras nacionais, estão desmanteladas. O pior é que esse roubo será contínuo no tempo, pois essa será a regra que pretendem tornar vigente a partir de agora.
O pato amarelo não quer pagar imposto, não quer pagar sequer o imposto sobre dividendos, herança ou grandes fortunas. Impostos que os países desenvolvidos pagam. Quer continuar jogando nas costas dos trabalhadores e da classe média o grosso da carga tributária do País. Por isso, vão apelar para o aumento das tarifas de energia elétrica, onerando a conta de luz dos consumidores.
A cobiça deles não tem limites. A privatização da Eletrobras é a oportunidade para pôr as mãos e tornar exclusivamente suas as riquezas que todos nós construímos.
Portal Vermelho