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Depois de três horas, manifestantes são retirados da Câmara

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MICHAEL MELO/METRÓPOLEs

 

“Um atentado contra a Câmara é um atentado contra a democracia, a constituição e as instituições”, disse o deputado Rubens Jr (PCdoB-MA).

De acordo com ele, o episódio é fruto do clima de intolerância que tem permeado o debate político, mas não encontra eco na maioria da população. “Isso mostra também que esse ódio é algo muito residual na sociedade. Eram poucas pessoas, que não tiveram nenhum apoio de nenhum parlamentar”, defendeu.

Já a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) classificou a invasão como uma tentativa de intercepção da democracia e questionou a facilidade com que o grupo teve acesso ao Plenário. Segundo ela, movimentos sociais não têm tido o mesmo tratamento na Casa.

“Desde a votação do processo do impeachment fraudulento da presidenta Dilma, a Câmara está fechada para estudantes, professores, movimentos sociais, servidores, que só entram com senha. Hoje esses manifestantes entraram com a anuência de quem?”, questionou.

Para ela, a invasão decorre do “clima do golpe” que existe no país. “A tentativa de intercepção da democracia no país se dá de maneira física com a anuência de forças parlamentares e da própria força de segurança do Parlamento. Se fossem estudantes, seriam espancados. Se fossem servidores públicos, estariam demitidos. Se fossem mulheres, seriam rechaçadas. Se fossem movimentos sociais, seriam presos e banidos”, disse Alice.

A presidenta da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Tamara Naiz, relatou que teve dificuldades para entrar na Câmara na manhã desta quarta para acompanhar uma audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia.

“O movimento social hoje é barrado na Casa do Povo. Como esses grupos fascistas têm facilidade de entrar aqui? Inicialmente, chegou a informação que os manifestantes eram pós-graduandos, mas a nossa bandeira é por mais direitos, contra a PEC 241 e não por intervenção militar”, disse Tamara que contou com o apoio da deputada Alice para entrar na Câmara.

Já o deputado Chico Alencar (PSol), avaliou que o episódio desta quarta foi “coisa de fascistas”. “Uma armação da ultradireita que ficou animada depois da vitória do Donald Trump nos Estados Unidos e achou que poderia invadir esta Casa”, disse.

Os atos foram criticados não apenas pela oposição, mas também pelos parlamentares ligados ao governo. “É um absurdo. A volta à era dos extremos”, reclamou Betinho Gomes (PSDB-PE), que se preparava para discursar quando os manifestantes entraram.

Prisões e investigação

Rodrigo Maia afirmou que todos os invasores responderão por crime de depredação de patrimônio público e entrada no parlamento de forma desrespeitosa. Segundo ele, os manifestantes seriam levados à Polícia Federal.

“Não vamos aceitar este tipo de abuso, de agressão ao parlamento brasileiro. Não haverá negociação. Negociação a gente faz antes de baderneiros quebrarem o plenário da Câmara dos Deputados. A partir deste momento, não há o que negociar. Há que cumprir a lei, e a lei vai ser cumprida. A Polícia da Câmara vai prender todos e vai levar todos para Polícia Federa”, disse.

A secretaria geral da mesa da Câmara dos Deputados está investigando se o ato – que teve como objetivo pedir intervenção militar no país – consistiu em ação programada por alguma organização de extrema-direita ou se foi iniciativa espontânea, combinada por meio de redes sociais, versão dada pelos manifestantes.

Outra preocupação dos deputados está sendo em relação à segurança do Congresso Nacional como um todo, à atuação da política legislativa e à forma como os manifestantes conseguiram entrar, já que informações não confirmadas apontavam que alguns estavam armados – e para entrar no Congresso é preciso passar por vistoria e equipamentos de raio X.
Os integrantes do grupo dizem ter chegado a Brasília ontem, provenientes de vários estados, após iniciativa organizada por meio do WhatsApp e do Facebook.

Portal Vermelho