Estudantes: Ocupação não é facção ou baderna, é luta pela educação
A grande mídia, em parceria com o governo Temer, vem promovendo uma verdadeira campanha para criminalizar o movimento de ocupações escolares, que tem como principal reivindicação a imediata revogação da Medida Provisoria da Reforma do Ensino Médio. Considerados pelo Ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) e o Jornal Estadão como facções que querem promover o caos na sociedade, os estudantes contam ao Portal Vermelho quais são os verdadeiros motivos para se ocupar um colégio.
Por Laís Gouveia
Camila Lanes: “Total repúdio ao Ministério da Educação”
A presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Camila Lanes, diz que a entidade repudia a ação do MEC em adiar o Enem com o intuito de criminalizar as ocupações. “Os estudantes não possuem interesse algum em boicotar o Enem, tanto que em Minas Gerais a democracia venceu e os alunos realizarão o exame nas escolas ocupadas. O próprio Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) declarou que os colégios ocupados têm totais condições de sediarem as provas, inclusive a Ubes reconhece o Enem como direito dos estudantes, talvez seja a última vez que a prova será utilizado para colocar filhos e filhas de trabalhadores no ensino superior público”, denuncia a estudante.
A presidenta da Ubes aproveitou a ocasião para denunciar a postura do Jornal Estadão e do ministro Mendonça, que desqualificam a movimentação dos estudantes como facções baderneiras, pautadas pelos partidos PT, PCdoB, Psol e seus sindicatos. “Nenhum deles dialogaram alguma vez ou fizeram algum esforço de conhecer uma ocupação, esses argumentos deixam claro como a grande mídia está interessada em criminalizar os movimentos sociais. O Estadão me ligou uma única vez durante todo o período dos colégios ocupados e lançaram apenas uma matéria desqualificando nossas ações, chamando-as de “invasão”. Isso é a maior prova de que a mídia é paga a manipular, criminalizar jovens que se organizam em entidades e partidos e reproduzir a postura que a ditadura militar tinha com as organizações sociais”, finaliza.
“Nosso ideal é muito maior do que promover bagunça”
Giovana Gondin, 15 anos, é estudante da Escola Estadual Central, em Belo Horizonte, e está ocupando o local em conjunto com outros alunos do colégio. Ela considera que a precarização do ensino público é o principal motivo de preocupação do movimento. “Defender a educação é a principal causa, tenho mais dois anos de ensino médio pela frente e não sei qual será o destino da minha formação com a aprovação da medida provisória” explica.
A estudante rebateu o argumento do senador José Medeiros (PSD-MT), que disse que os estudantes usam as ocupações como pretexto para fumarem maconha. “Temos regras muito sérias no colégio, não permitimos nenhum uso de droga nas dependências, nosso ideal aqui é muito maior do que usar o espaço para promover bagunça, quem inventa esse tipo de boato não sabe o quanto é difícil para nós sairmos do conforto da nossa casa para limpar banheiro, varrer a escola toda, dormir no chão frio todos os dias”, esclarece Giovana.
Estudantes denunciam postura do ministro
A jovem comentou sobre a ação do ministro Mendonça Filho, que promoveu uma guerra de nervos entre os estudantes ao adiar para dezembro a realização do Enem para os 190 mil estudantes que iriam prestar o exame nos colégios ocupados, manipulando a opinião pública contra o movimento. “O MEC poderia apenas remanejar esses alunos para outros locais, estão problematizando ao extremo esse fato para colocar os estudantes uns contra os outros”, afirma Giovana.
Luana Marine, ocupante e matriculada na Escola Anísio Teixeira, localizada em Natal (RN), criticou a declaração inconveniente do ministro Mendonça. “É completamente errada a afirmação desse golpista, a ocupação na minha escola é totalmente independente, não existe nenhuma facção petista sob o comando do colégio, é inadmissível que um ministro fale algo desse tipo para criminalizar as ocupações, nossa bandeira é os estudantes pelos estudantes. A sociedade precisa tirar da cabeça que estamos ocupados para pomover barderna”.
Com mais de 1.000 escolas ocupadas em todo o país, os estudantes afirmam que só sairam das escolas com a revogação da Medida Provisória do Ensino Médio.
Do Portal Vermelho