Ideb desmente Seduce: escolas privadas tem pior desempenho que as escolas públicas
Ideb desmente Seduce: escolas privadas tem pior desempenho que as escolas públicas
Quando iniciou o debate sobre a implantação das OS (Organizações Sociais) na Educação, a secretária Raquel Teixeira declarou que a meta, com a terceirização do ensino, “é a busca de uma gestão eficiente em que a qualidade do ensino é comparada à qualidade de uma boa escola privada”. Isto também foi enfatizado nas propagandas que o governo de Goiás levou ao ar em rádio, televisão e nas redes sociais. Os números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) divulgados pelo MEC no dia 8/9, mostram outra realidade: as escolas privadas estão abaixo das escolas públicas em Goiás.
Pelos números do Ideb, as notas das escolas particulares do país não atingiram a meta em nenhuma das etapas de Educação. Separadamente, a rede privada teve queda em mais estados que a rede pública estadual. O Ideb das escolas particulares caiu em Goiás, Pará, Tocantins, Maranhão, Piaui, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e Distrito Federal.
Em entrevistas à imprensa, Raquel Teixeira garantia que com as OS, o Estado passaria contar com a parceria “de quem entende de gestão e administração melhor que nós”. O Ideb mostra que não é bem assim: não há mágica nas escolas privadas, nem o caos que o governo quer vender nas escolas públicas.
Estudioso do processo de privatização da educação em países como Austrália, Suécia e Estados Unidos, o Doutor em Educação pela Unicamp, professor Luiz Carlos de Freitas, considera que pelos dados do Ideb deste ano as escolas públicas diminuíram a distância de desempenho que as separava das escolas privadas. “É fato que muito mais pelas privadas terem diminuído seu Ideb. Mas isto significa que a vida está difícil para todos, inclusive para as privadas, mas que, na adversidade, as públicas se saíram melhor – não caíram, cresceram”, ressalta.
Nos Estados Unidos, também há queda no padrão de ensino nas escolas particulares, as chamadas “charter school” ou escolas charters. As charters cumprem o papel que no Brasil, em particular em Goiás, se dá às OS (Organizações Sociais). Luiz Carlos apresenta dados de 2403 escolas charters americanas estudadas em 2009. Segundo este levantamento, 83% delas tem o mesmo desempenho que as escolas públicas de gestão pública ou é pior que elas. Apenas 17% tem algum desempenho melhor. Apenas uma em quatro escolas charters ultrapassa o desempenho das escolas públicas regulares.
Como se verifica, os dois modelos da Seduce para mudar o ensino de Goiás não deram certo: nem as escolas charters são a solução, nem as escolas privadas são uma maravilha.
E agora Raquel Texeira, não é hora do governo e da Seduce ouvir as reivindicações dos professores, administrativos e contratos temporários para melhorar a Educação?