CUNHA RECONHECE DERROTA E AVISA: AMANHÃ SERÁ QUALQUER UM DE VOCÊS
O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fez na noite desta segunda-feira 12, da tribuna do plenário da Câmara, seu último apelo para que os deputados não cassem sem mandato por quebra de decoro parlamentar. Ele admitiu que, sem ele, não teria ocorrido o processo de impeachment de Dilma Rousseff.
“Esse governo que vocês defendem foi embora graças a Deus. Essa é que é a verdade. E esse processo de impeachment é que está gerando tudo isso. O que quer o PT? Um troféu, para poder dizer que é golpe. ‘É golpe’, vamos gritar que é golpe. Vamos para a rua. Golpe foi dado pela presidente, em usar dinheiro do petrolão para pagar caixa 2 de campanha”, discursou Cunha.
Segundo ele, trata-se de uma “vingança” contra ele, por ter aceitado o pedido de impeachment. “É o preço que eu estou pagando para o Brasil ficar livre do PT. Vivemos um processo puramente de natureza política, estamos na vingança. Cada um vai falar no seu Estado: votei para cassar Eduardo Cunha”, disse. Ele afirmou que marcar a sessão de votação numa pré-eleição é querer transformar o episódio num “circo”.
Cunha destacou, como já havia feito em depoimento na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que cerca de 150 deputados têm contra eles “inquérito, ação penal, denúncia, investigação” e que “amanhã [a cassação] vai ser [com] qualquer um de vocês”. Em um momento de sua fala, ele reconheceu a derrota: “posso ficar horas falando aqui, vocês não vão querem me ouvir”.
Depois de dizer que não mentiu à CPI da Petrobras, porque segundo ele não tinha conta não declarada na Suíça, Cunha pediu: “A mim, como deputado, só cabe pedir um voto, que tenham isenção. Não me julguem por aquilo que está colocado na opinião pública. Julguem por aquilo que está na peça”. Chorando, pediu para que não acabassem com sua carreira política: “Que deus possa iluminar vocês”.
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Cunha nega contas no exterior e afirma ser vítima de perseguição política
O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) negou possuir conta no exterior não declarada, disse que é vítima de perseguição política e que chega ao Plenário já cassado por opiniões pré-concebidas na sociedade.
Em discurso de 33 minutos aos deputados, ele reafirmou que os recursos que usou no exterior pertencem a um trust, do qual é apenas beneficiário. O processo de perda de mandato contra Cunha baseia-se no fato de que ele teria mentido à CPI da Petrobras, quando disse não possuir contas no exterior, em depoimento espontâneo feito em maio de 2015.
O deputado afastado contestou essa argumentação e sustentou que o processo não conseguiu identificar a conta ou o banco em que ele teria contas. “Eu quero saber o número da conta”, desafiou. “Eu não menti à CPI. Cadê a prova?”, indagou Cunha.
Processo político
Ele acredita ser vítima de um processo político por ter aceito a denúncia que deu origem ao processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “Alguém tem dúvida de que, se não fosse minha atuação, teria tido processo de impeachment? Essa é a razão da bronca do PT e de seus asseclas”. “Estou pagando o preço por ter dado continuidade ao processo de impeachment. É o preço que eu estou pagando por livrar o País do PT.”
De acordo com Cunha, os deputados vão votar hoje sem conhecer “tecnicamente” as sete mil páginas do processo contra ele, e apontou também ser vítima de um “tratamento diferenciado” por parte do Supremo Tribunal Federal (STF), onde responde a diversos procedimentos criminais, como duas ações penais (em que figura como réu) e uma denúncia, além de um pedido de prisão.
Prova disso, segundo o ex-presidente da Câmara, é que até hoje, dos mais de quarenta parlamentares citados em delações da Operação Lava Jato, só dois possuem processo no Supremo: ele e Nelson Meurer (PP-PR). Além disso, o prazo médio de aceitação de denúncia na Corte é de 662 dias. No caso dele, teria foi menos de 60 dias. “Efetivamente, existe um tratamento diferenciado”, declarou.
A sessão para análise do processo contra o deputado Eduardo Cunha prossegue no Plenário da Câmara.
Brasil 247