O rock nacional está morrendo?
“Hoje vai ser farra, pinga e foguete”; “99% anjo, perfeito, mas aquele 1% é vagabundo”; “se essa sapequinha cair na minha lagoa, hoje eu sou jacaré”; “ele é zé mané e não entende nada de mulher”; “não vou parar até te ver pirando”; “eu tô solto na balada e aqui o couro tá comendo…”; “mas dessa casa eu só vou levar meu violão e o nosso cachorro”; “tá falando mole, com certeza já bebeu”; “que a gente foi pro motel ontem, isso cê nun conta…”; “os menor preparado pra foder com a checa dela”…
As frases entre as aspas são refrões de alguns dos maiores sucessos musicais de 2015 em todo o país. É isso exatamente o que está sendo discutido e comentado por alguns sites de notícias como o R7 e O Globo. “Mas onde foram parar Pitty, Raimundos, CPM 22, Matanza, Cachorro Grande e até mesmo o NX Zero?”, pergunta o Superego.
Eh! Quem diria? A situação para o rock nacional anda de péssimo a catastrófico: nenhuma das 100 músicas mais tocadas no ano anterior é do gênero. Apenas o ritmo sertanejo emplacou 75.
Como o tema é de extrema relevância e um tanto impactante, o Blog consultou um dos maiores nomes da região ligado a vertente musical. Há mais de 10 anos propagando o que foi cultuado por Led Zeppelin, Queen, Pink Floyd, Beatles e milhares de outros, alguns até com o título de lenda, Alexandro Cândido, compositor, vocalista e multi-instrumentista, disse que se sente horrorizado com realidade.
“Na Inglaterra e na Alemanha, por exemplo, as crianças já estudam música nos primeiros anos da vida escolar. Se ela vai seguir carreira ou não, isso não conta, o importante é que ela recebeu educação musical, tem cultura e conhecimento nessa área”, conta Alexandro.
Partindo para um tom de indignação, o entrevistado explica que o desprestigio do rock nacional tem explicação e culpado direto. “Os nossos governantes é que são culpados por isso, ficam só enchendo os bolsos e não investem na educação de modo geral. Isso é questão de educação apenas”, frisa. Alexandro continuou: “O rock nacional é tão desvalorizado que tem excelentes músicos por aí indo para o sertanejo, que é o que o povão gosta, para poder sobreviver fazendo o que gosta. Não que o sertanejo seja bom, porque não é, mas é o que dá dinheiro no Brasil. Eu, particularmente, prefiro capinar um lote a tocar esse ritmo, especialmente o sertanejo universitário”, desabafa.
Diante desta realidade bandas novas como Scalene, Selvagens à Procura da Lei, Supercombo, Brothers of Brazil, Vanguart e Vespas Mandarinas, além dos que já conseguiram o sucesso, têm a grande responsabilidade em salvar os acordes inconfundíveis da guitarra e trazer à tona essa poderosa e boa influência para as rádios brasileiras.
“Ela me deixou”, do Skank, saiu da posição 30 de mais tocada em 2013 e em 2014 foi a música melhor colocada do rock nacional no ranking geral, no 81ª lugar. Desde então nenhum rockeiro chegou entre os 100 mais ouvidos.
Por: Gustavo Vieira