Dilma: Não recuaremos nos avanços e manteremos programas sociais
Em discurso durante a 49ª Cúpula do Mercosul e Estados Associados, nesta segunda-feira (21) em Assunção, no Paraguai, a presidenta Dilma Rousseff afirmou que o país está consciente de que terá de conviver, por um período ainda bastante significativo, com o fim do superciclo das commodities, mas enfatizou que isso não significa que o governo recuará em suas políticas sociais.
“Não voltaremos atrás em todos os avanços que obtivemos, mantemos todos os nossos programas sociais, do Bolsa Família, passando pelo grande programa de habitação Minha Casa Minha Vida e, também, por uma política de incentivo ao desenvolvimento”, reafirmou.
Dilma enfatizou que não é possível haver desenvolvimento sustentável, sem trabalho decente, garantia de oportunidade e acesso à moradia e ao serviço de educação e saúde.
A presidenta também disse que a reorganização no quadro fiscal no Brasil trará resultados positivos, “juntamente com o fim crise política que tem afetado o meu segundo mandato desde o seu início”.
“Nós estamos determinados a reduzir a inflação, consolidar a estabilidade macroeconômica, aumentar a confiança na economia e garantir a retomada sólida e duradoura do crescimento com distribuição de renda. Para isso, juntamente com uma política fiscal de consolidação, estamos desenvolvendo também um novo ciclo que será marcado por maior estímulo às exportações, ao forte investimento à infraestrutura e energia”, apontou a presidenta, acrescentando que o “aumento da produtividade favorecerá os investimentos e ajudará na maior geração de empregos”.
Exportações e acordos comerciais
Ao lado dessas medidas, o Brasil também quer ampliar suas relações com os mercados internacionais e suas exportações. “Sabemos que o setor externo é fundamental para nossa recuperação. Temos de continuar abrindo novos mercados e traçando o caminho para que possamos obter sucesso nas negociações de acordos comerciais com outros países e outras regiões”.
Neste sentido, lembrou que o Mercosul quer concluir um acordo ambicioso, abrangente e equilibrado com a União Europeia. Dilma felicitou a presidência temporária do paraguaio Horácio Cartes, que chega ao fim nesta reunião em Assunção, pelas suas gestões junto aos europeus em prol da troca de oferta entre os dois blocos. Cartes será substituído pelo atual presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez.
“Os esforços do presidente Cartes mostram, inquestionavelmente, que hoje a decisão está do outro lado do Atlântico, porque deixamos sistematicamente claro que estávamos prontos para fazer as nossas ofertas”.
Dilma citou também como muito positiva a contínua aproximação do Mercosul com a Aliança do Pacifico, “com a qual temos muitas complementariedades, e com a qual devíamos estabelecer relações cada vez mais próximas e sólidas”.
Disse ainda que o bloco continuará trabalhando pelo estabelecimento de uma área de livre comércio em toda a América Latina. E que, para isso, é essencial ampliar e aprofundar acordos com os parceiros andinos, como o acordo de serviços Mercosul-Colômbia, negociado nesse semestre.
“Além disso, Mercosul e Cuba concordaram em ampliar seu acordo, o que vai permitir ao Mercosul estar bem posicionado para aproveitar a evolução da economia cubana com a abertura das relações comerciais entre EUA e Cuba”.
Integração sem pressões ideológicas
Nesse ponto, a presidenta Dilma defendeu que o Mercosul deve acompanhar e analisar, sem pressões ideológicas de qualquer tipo, as distintas propostas de integração em curso no mundo, privilegiando sempre seus interesses nacionais e regionais.
E lembrou que, fora da América Latina, o Mercosul já manteve diálogos produtivos com diversos outros parceiros, como a Associação Europeia de Livre Comércio, a União Econômica Euroasiática, o Sistema de Integração Centro-Americano, além da Tunísia, Líbano, Índia, Coreia e Japão.
“Devemos manter esse espírito no futuro próximo, identificando todas as oportunidades que possam contribuir cada vez mais para uma inserção competitiva de nosso bloco na economia mundial”.
No discurso, Dilma fez uma saudação ao presidente Nicolás Maduro e o povo venezuelano pelo “espírito democrático” das últimas eleições. Ela ressaltou que a principal conquista do Mercosul foi a consolidação e construção da democracia depois de anos de autoritarismo com ditaturas e perseguições.
“Essa região foi a que mais incluiu e mais garantiu participação dos nossos povos no desenvolvimento da sociedade”, disse a presidenta, defendendo que o fortalecimento do Mercosul passe necessariamente pela adoção de formas mais ágeis de cooperação comercial e de construção de cadeias produtivas intrarregionais. “Devemos resolver a questão das assimetrias regionais, e isso só será possível com a maior cooperação comercial e, sobretudo, com a construção dessas cadeias”.
Para Dilma, apesar das dificuldades de integração de seus países-membros, o bloco tem mostrado compromisso com a união. A adesão da Venezuela e da Bolívia ao Mercosul, segundo a presidenta, mostra a capacidade de atração que o bloco exerce.
“Nossa decisão de fortalecer o bloco, econômica e comercialmente, por meio da eliminação de barreiras comerciais, expressa nosso compromisso de longo prazo com o Mercosul”. Ela lembrou que, “no mundo conturbado por guerras e pelo terrorismo, nossa região é conhecida por ser uma zona de paz, tolerância e de cooperação”.
Dilma destacou ainda as ações do Mercosul no desenvolvimento de políticas econômicas e sociais que contribuem para o combate à pobreza e à desigualdade social e no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM).
“Temos condições de realizar o ideal de desenvolvimento sustentável que nós adotamos, aliás, o mundo adotou na Rio+20: crescer, incluir, conservar e proteger”.
Portal Vermelho