Táxi em nome de homem acusado de receber propina está na casa de Cunha
Placa de táxi da propina usa número de campanha de Eduardo Cunha |
O milhar da placa do táxi de Nilópolis que estava estacionado na manhã desta terça-feira no jardim da casa de Eduardo Cunha, na Barra, é igual ao número que o deputado utilizou em suas últimas campanhas eleitorais: 1530
Em delação premiada, Fernando Falcão Soares, o Fernando Baiano, apontado como operador do PMDB na Lava Jato, disse ter entregue a Alves Pinto dinheiro destinado a Cunha. O presidente da Câmara sempre negou participação no esquema de corrupção da Petrobras e se diz vítima de perseguição do governo e da Procuradoria-Geral da República.
Em depoimentos à Lava Jato, Baiano disse que entregou entre R$ 1 milhão e R$ 1,5 milhão em espécie no escritório de Cunha no centro carioca, a um homem chamado Altair.
O táxi placa LSM 1530 encontrado na casa de Cunha é um Volkswagen Touareg modelo 2014, fabricado na Eslováquia. Um veículo zero quilômetro deste modelo é avaliado em torno de R$ 200 mil.
Altair Alves Pinto, de 67 anos, é desde 2003 funcionário do gabinete do deputado estadual Fábio Silva (PMDB), aliado de Cunha, onde trabalha como consultor especial para assuntos parlamentares. Antes, trabalhou também no gabinete de Cunha na Assembleia Legislativa, quando o atual presidente da Câmara era deputado estadual.
Além de funcionário da Assembleia, Alves Pinto é sócio de uma marmoraria em Muqui, cidade capixaba onde nasceu, a 175 km de Vitória. Sua mulher e filha são sócias em uma segunda marmoraria. Ele também é dono de uma fazenda. Muqui é um município com 15 mil habitantes. O prefeito da cidade, Aluisio Filgueiras (PSDB) foi colega de turma de Alves Pinto no ginásio do Colégio Estadual de Muqui. Segundo Filgueiras, Alves Pinto é “apolítico”. “Nunca trabalhou em campanha nenhuma, nunca custeou financeiramente nenhuma campanha”, afirma.