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Exploração sexual, propinas e fraudes: os escândalos de Beto Richa

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Alvo de um pedido formal de impeachment apresentado esta semana por juristas do Panará, o governador Beto Richa (PSDB) definitivamente não atravessa um momento bom. Nesta terça-feira (26), a Folha de S. Paulo informa que uma “investigação que cita Richa dá origem a outros dois casos”: um envolvendo uma rede de exploração sexual de jovens de 13 a 17 anos por empresários e servidores do Estado; outro, de fraude em licitação que teria beneficiado o primo de sétimo grau do governador.

 

Exploração sexual, propinas e fraudes: os escândalos em torno de Beto RichaExploração sexual, propinas e fraudes: os escândalos em torno de Beto Richa

“Chefiadas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime), as três investigações se cruzam, misturando sexo, corrupção e pessoas muito próximas a Richa”, escreveu aFolha.

Durante a Operação Publicano, que desbaratou um esquema de pagamento de propina a servidores da Receita em troca de abatimento de dívidas ou multas reduzidas, o Gaeco obteve com um ex-auditor fiscal informações que levaram à descoberta da rede de exploração sexual de menores. Luiz Antônio de Souza estava grampeado e acabou sendo preso em flagrante no motel com uma menina de 15 anos. Segundo o jornal, há 18 inquéritos concluídos e outros seis em andamento. O caso corre em segredo de Justiça.

Caixa da campanha tucana

Há poucos dias, Souza, o ex-auditor, chamou alguma atenção da imprensa por ter delatado que os recursos ilícitos obtidos a partir da corrupção na Receita do Paraná abasteceu a última campanha de Beto Richa com ao menos R$ 2 milhões. Ele apresentou ao Ministério Público notas que comprovariam o uso de R$ 20 mil. O PSDB nega que Souza tenha tido participação na tesouraria da campanha.

Souza está preso há algumas semanas, assim como a auditora Ana Paula Lima. Ela é mulher de Márcio de Albuquerque Lima, companheiro de corrida de Richa e ex-chefe de fiscalização do fisco, citado como líder do esquema investigado na Publicano. Segundo outro delator, foi o primo de Richa quem colocou Lima no posto, como quem movimenta peças no tabuleiro.

A partir da Operação Publicano, o Gaeco chegou às denúncias investigadas na Operação Voldermort – nome escolhido em alusão ao personagem de Harry Potter “que não pode ser nomeado”. O pivô desse caso é Luiz Abi Antoun, “parente distante” de Beto Richa.

Abin responde por acusação de formação de organização criminosa, de falsidade ideológica e fraude em licitações. Segundo o Gaeco, ele mantou uma firma de fachada, a Providence Auto Center, para conseguir junto ao governo estadual contrato no valor de R$ 1,5 milhão, para fazer manutenção de veículos oficiais.

Richa também nega aproximação com o “primo distante”, mas o ex-fotógrafo do governo, Marcelo Caramori, preso na operação de exploração sexual, afirmou às autoridades que Abi “é o grande caixa financeiro do governador Beto Richa, incumbindo-lhe bancar campanhas políticas e arrecadar dinheiro proveniente dos vários órgãos do Estado”. Abi “teria poder para indicar ocupantes de cargos comissionados em pontos estratégicos do Estado”, como “chefes de fiscalização e das polícias”.

O primo de Beto Richa


No inicio de abril, o Ministério Público do Paraná abriu ação penal contra Abi. Ele foi assessor parlamentar de Beto Richa na Assembleia Legislativa do Estado entre 1995 e 2000. Em 2001, se envolveu em um escândalo que rendou outra ação do MP. Ele foi lotado no gabinete de Richa quando o tucano havia pedido licença do mandato parlamentar.

Gazeta do Povo, em 30 de março de 2015:

“A ação movida por Gisele Gemin Loeper e pelo advogado Antonio Carlos Ferreira questiona a nomeação de Abi e de mais dois comissionados para o gabinete inexistente de Richa. O juiz da ação determinou a exclusão de Richa como réu, afirmando que ele não poderia ter nomeado ninguém, uma vez que já não era deputado. Assim, os réus são os três deputados estaduais que ocupavam a Mesa Executiva à época: Hermas Brandão, Caíto Quintana e Augustinho Zucchi.”

(…)

“Em 2008, quando o advogado deu entrada na ação, o então presidente da Assembleia, Nelson Justus, afirmou que o que ocorreu foi um equívoco formal. Para sanear a nomeação errada, Abi foi transferido para o gabinete de outro deputado do PSDB, Luiz Accorsi. Seis anos depois, quando foi exonerado, Abi já estava lotado no gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa.

Accorsi, que atualmente é primeiro suplente do PSDB na Assembleia, diz que nunca falou pessoalmente com Luiz Abi. Lembra apenas que talvez ele tenha prestado algum serviço “para o meu gabinete ou para o PSDB” na região de Londrina.”

(…)

“A exoneração de Luiz Abi na Assembleia Legislativa ocorreu em 2007, seis anos e meio depois de sua nomeação para o gabinete inexistente de Richa. E foi exonerado exatamente no mesmo dia que Verônica Durau, pivô daquele que ficou conhecido como ‘escândalo da sogra fantasma’.

“Verônica é sogra de Ezequias Moreira Rodrigues, secretário especial de Cerimonial e Relações Internacionais do governo do estado. Na época em que Richa foi deputado, Ezequias era seu chefe de gabinete. Mais tarde, descobriu-se que a sogra de Ezequias recebia da Assembleia sem jamais ter trabalhado lá.”

A sociedade entre as esposas

Em 1º e maio, na contramão dos argumentos de Richa, que diz não ter proximidade com Abi, o jornal Gazeta do Povo denunciou que as esposas de ambos foram sócias em uma faculdade privada no Paraná.

“Fernanda Richa e Eloiza Fernandes Pinheiro Abi Antoun foram duas das fundadoras da União Metropolitana de Ensino Paranaense, fundada em 1999. Nos documentos obtidos pela reportagem, elas aparecem como sócias de mais duas pessoas: Walter Montagna e Mauro Baratter.”

Segundo Fernanda Richa, a parceria foi desfeita em 2002, quando a faculdade foi vendida. Mas a primeira dama alegou, por meio da assessoria, que a sociedade não significa relação próxima entre ela e a mulher de Abi.

“O jornal Folha de Londrina afirmou em 2001 que Abi, no posto de diretor administrativo [da Metropolitana], estava tentando negociar com a prefeitura de Londrina a cessão de um terreno para servir como campus do empreendimento. A prefeitura, na época gerida por Nedson Micheletti (PT), negou.”

Fonte: Jornal GGN