Costa reafirma propina ao PSDB e ataca doação empresarial em eleição
Em depoimento à CPI da Petrobras, nesta terça-feira (5), o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, confirmou que pagou propina ao deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e a o ex-presidente do PSDB e senador Sérgio Guerra, já falecido, para evitar investigações de uma comissão parlamentar de inquérito sobre a estatal no Congresso. Ele também disse que ‘doações’ de campanha feitas por empresas a partidos políticos não passam de uma espécie de “empréstimo”.
Costa disse que está arrependido e que dos 35 anos em que trabalhou na Petrobras, apenas nos últimos sete ele teve contatos e envolvimento com políticos, o que fez com que ele fosse “contaminado” pelo vírus da corrupção
Costa garantiu que o pagamento foi feito ao então senador Sérgio Guerra, mas não mencionou a quantia, nem a maneira como esse dinheiro teria sido pago. No entanto, a memória seletiva de Costa assegurou ter informado que o pagamento foi feito pela empresa Queiroz Galvão. Em depoimento à Justiça, ele já havia mencionado o pagamento de R$ 10 milhões.
Ainda segundo o depoimento de Costa na CPI, o encontro com Sérgio Guerra foi intermediado por Eduardo da Fonte e teria ocorrido em um hotel no Rio de Janeiro. “Recebi um pedido do deputado Eduardo da Fonte, do PP de Pernambuco, que pediu para se encontrar comigo e, chegando lá, para minha surpresa, estava também o senador Sérgio Guerra. Eles me disseram que estava ocorrendo uma CPI sobre a Petrobras e que isso poderia ser minorado ou postergado, mas que precisava ter um ganho, um ajuste financeiro”, disse.
Ele completa que o pagamento garantiu o resultado que queria. “Esse valor foi efetivado, foi pago, e esse evento (a CPI) depois deixou de ter prioridade, deixou de ter efetividade. É um fato real que ocorreu”.
Costa reclamou da imprensa por ter dito que ele ratificou o depoimento para mudar a versão. Disse que não muda “uma linha” do que já depôs à Justiça Federal, mas voltou a dizer que a propina saía da margem de lucro das empresas, e não de superfaturamento na estatal.
Segundo ele, as empresas embutiam um adicional que podia chegar a 3% a mais na sua margem de lucro para o pagamento de propina. Ele explicou isso ao responder pergunta do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), que o questionou a respeito de variações em seus depoimentos sobre a origem da propina: se saía da margem de lucro ou se era derivada de sobrepreço nas licitações.
“Se a empresa achava que, para ela, era confortável ganhar 12%, ela acrescentava 3% de propina dentro da margem de lucro”, disse Costa com a naturalidade de um empresário que trata de negócios.
Costa atribuiu o sucesso do esquema à formação de cartel pelas empresas contratadas. “Se não tivesse a formação de cartel, [o sobrepreço] não existiria”, disse. Ele negou que as propinas fossem fruto de “achaque” por parte dos diretores da Petrobras, como afirma a defesa das empresas acusadas.
Ele também disse que ‘doações’ de campanha feitas por empresas a partidos políticos não passam de uma espécie de “empréstimo” – como já tinha dito em depoimentos de delação premiada. “Não existe doação que depois a empresa não queira recuperar. Isso foi dito a mim por empresários”, disse.
“Por que uma empresa vai doar R$ 20 milhões para uma campanha, se lá na frente ela não vai querer isso de volta? Não existe almoço grátis”, concluiu.
Apesar de ter atuado por muito tempo no esquema, Costa agora diz que está arrependido e diz que a culpa é dos “maus políticos”.
“Nada disso teria acontecido se não fossem alguns maus políticos. A origem do que aconteceu na Petrobras foi maus políticos, que fizeram tudo isso acontecer”, disse o “santo” Costa, reforçando que dos 35 anos em que trabalhou na Petrobras, “apenas e tão somente” nos últimos sete ele teve contatos e envolvimento com políticos, o que fez com que ele fosse contaminado pelo vírus da corrupção.
Portal Vermelho