Demissões na indústria automotiva preocupa Simecat
Com a queda de 15,3% na produção de veículos em 2014, muitos temem perder seus empregos diante da piora gradativa no setor. Se antes as grandes fábricas eram vistas como um emprego de realização, hoje, para muitos funcionários, o sonho virou pesadelo.
Em setembro do ano anterior, a Mitsubishi Motors, com fábrica em Catalão, havia anunciado para o mês seguinte férias coletivas devido a crise que a indústria nacional vinha sofrendo. Felizmente a proposta não foi concretizada, devido o aumento das vendas de seus carros nos meses finais de 2014.
Até o fim daquele ano quase 13 mil trabalhadores haviam sido demitidos no país, segundo Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Ainda de acordo com a Anfavea, o efetivo caiu de 158.733 pessoas em dezembro de 2013 para 144.623 trabalhadores no fim do ano passado, voltando aos níveis de emprego de 2011. Este ano, os primeiros sinais dados pelo setor não são nada favoráveis: janeiro começou com 800 demissões na Volkswagen e 260 na Mercedes-Benz, ambas em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
“Essa realidade é grave e preocupa não só os cerca de 5 mil funcionários da Mitsubishi em Catalão, mas também o Simecat (Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão)”, disse o presidente da instituição, Carlos Albino. Segundo ele, a crise realmente assunta e as demissões no setor não param de crescer. “Mesmo com essa situação, a Mitsubishi está passando por um momento estável, o que não quer dizer que isso não tire a paz de seus funcionários. Estamos sempre conversando com a empresa e por enquanto não tem nada sinalizado nesse sentido. Vamos acompanhar tudo e buscar o melhor para tranquilizar o trabalhador”, contou.
No fim de 2014 a John Deere, montadora de maquinários agrícolas com filial em Catalão, demitiu cerca de 150 funcionários pegando todos de surpresa. A justificativa da empresa foi de que seus lucros caíram drasticamente e por isso a necessidade das dispensas. O Simecat buscou negociar com a empresa outras alternativas, mas todas as propostas foram em vão.
Em relação à produção, a estimativa da Anfavea para este ano é de um expansão de 4,1%, para 3,276 milhões de veículos. Esta projeção de recuperação parcial, no entanto, embute uma projeção de que as vendas de veículos continuem em 3,498 milhões de unidades, mesmo montante registrado em 2014. Para as exportações, a entidade prevê um aumento de 1% neste ano, depois de uma queda de 41% no ano passado. Também há a expectativa de que a participação de carros importados nas vendas internas caiu de 17,6% para 16%.
Por: Gustavo Vieira com informações da Veja