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Juiz do caso Eike é flagrado dirigindo Porsche apreendido

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Depois de dizer em entrevista ao jornal Extra, do Rio de Janeiro, que se sentia orgulhoso por ser o responsável pelo processo de Eike Batista e que no processo iria “esmiuçar a alma dele”, o juiz federal Flávio Roberto de Souza foi flagrado por uma equipe de reportagem do Estadão dirigindo um dos carros apreendidos.

Agência Estado

Foto do veículo publicada pelo Estadão Foto do veículo publicada pelo Estadão

A denúncia partiu do advogado de Eike que afirmou que o Porsche Cayenne turbo, placa DBB 0002, estaria estacionado na vaga do edifício onde mora o juiz, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. Segundo oEstadão, na manhã desta terça-feira (24), a sua equipe de reportagem viu o juiz dirigindo o automóvel no centro do Rio, próximo à sede do Tribunal Regional Federal. Apesar da reportagem confirmar o flagrante, o título da matéria era “Juiz do caso Eike usa Porsche do empresário, diz advogado”.

O juiz confessou que levou o veículo para a garagem do seu prédio, na Barra da Tijuca, zona Oeste da cidade, mas disse que foi por falta de vagas no pátio da Justiça Federal e por causa da lotação do depósito da Polícia Federal.

Demonstrando um grande apreço, o juiz justificou ainda que levou o carro para a sua residência com o objetivo de evitar que fosse danificado ao ficar exposto aos efeitos do sol e da chuva. Apesar de ter sido flagrado dirigindo o veículo, o magistrado negou ter utilizado o veículo em proveito próprio.

“O carro estava em depósito na garagem fechada desde o dia em que foi apreendido até hoje. Ele nunca foi usado e só veio hoje para o pátio da Justiça porque entrará no próximo leilão e ficará exposto para os interessados”, afirmou o juiz.

Corregedoria decide investigar

Diante dos fatos, a corregedoria do Tribunal Regional Federal decidiu abrir um processo para investigar a conduta do juiz. O processo foi aberto por decisão do desembargador federal José Antônio Lisbôa Neiva.

O juiz federal Flávio Roberto, titular da 3ª Vara Federal Criminal do Rio, fez comentários na entrevista sobre o processo em andamento chegando a afirmar que os advogados de defesa estavam “desesperados”.

“Eles (advogados) já sabem que as teses deles não se sustentam comigo. Não tenho interesse nenhum em condenar ou absolver o Eike. O meu interesse é em fazer a Justiça ser aplicada”, diz o Flávio Roberto. No entanto, o processo contra Eike ainda não foi finalizado.

A postura do juiz acontece num momento em que se discute a importância do devido processo legal, ou seja, a garantia de que todos serão julgados com isonomia e garantia de direitos, como deve ser num Estado democrático.

“Esse tipo de entrevista é incompatível com o exercício da função jurisdicional. A lógica midiática vem cada vez mais substituindo a lógica própria do direito no interior dos tribunais. Linchamentos com punhos de renda”, analisou o advogado e professor de Direito Constitucional da PUC-SP, Pedro Estevam Serrano, de acordo com matéria publicada no Jornal GGN.

Sobre os carros, a reportagem do Extra questionou a rapidez no processo de leilão dos veículos apreendidos. “É o que deveria acontecer sempre. Isso ocorre para os bens apreendidos não perderem seu valor ao longo do tempo. Se ele for absolvido, todo o dinheiro arrecadado é devolvido para ele”, alegou o juiz.

Sobre o interrogatório que fará com Eike, Flávio Roberto declarou: “Pela minha experiência e formação, vou entrar na personalidade dele (ao interrogá-lo). Vou entrar mais fundo na essência dele. Até pelas minhas práticas budistas, tenho muita facilidade de saber quando a pessoa está mentindo ou falando a verdade. Vou esmiuçar a alma dele. Pedaço por pedaço”.

Portal Vermelho