Movimentos se mobilizam em todo o país pelo Dia da Consciência Negra
Esta quinta-feira marca o Dia da Consciência Negra, 20 de novembro, o momento em que os movimentos sociais se unem em torno de apenas uma causa: o combate ao racismo em busca pela igualdade dos povos. Ações voltadas para esta questão serão realizadas em diversos estados brasileiros. Segundo o presidente da Unegro, Edson França, neste dia o país para e faz um “balanço” das conquistas e se prepara para fortalecer a luta no período seguinte.
Tradicional lavagem da estátua do Zumbi dos Palmares na Bahia
Dia da Consciência Negra é feriado em mais de mil cidades
imentos sociais vão realizar atividades para levantar o debate sobre a questão racial e convidar a sociedade a refletir sobre o tema. De forma conjunta, o movimento negro paulista realiza a 11ª edição da Marcha da Consciência Negra, com pautas pontuais sobre a realidade dos negros no país.
A data recorda a histórica resistência de Zumbi, do Quilombo dos Palmares, e destaca a luta contemporânea contra o racismo. Para Edson, este dia é importante porque o país inteiro volta os olhos para esta questão e de forma conjunta, ações são propostas para dar continuidade na luta ao longo do ano seguinte. Ele classifica a data como uma “pausa para balanço”, onde os movimentos avaliam suas atuações e se preparam para fortalecer a busca por uma sociedade mais justa.
Segundo Edson, apesar dos esforços de governos progressistas em desenvolver políticas públicas para compensar a desigualdade entre negros e brancos, o Estado brasileiro ainda é “lamentavelmente racista”. “Precisamos separar Estado de Governo, e o Estado tem sido negligente, é um agente do racismo, a violência policial é a principal causa de mortes dos jovens negros”, denuncia.
Edson afirma que, os governos progressistas eleitos nos últimos anos, têm sido mais sensíveis à questão do racismo, porém, o Estado brasileiro está longe de dar a mesma importância ao tema.
“O dia da consciência negra é para reflexão e luta. Reflexão sobre a formação histórica do nosso país, o papel dos negros e negras na construção da nossa sociedade e os limites que até hoje são impostos, limites estes que nós precisamos enfrentar. Então, é também um dia de luta porque muito já foi feito, mas ainda há muito que se fazer para combater o racismo. Os negros recebem menos ao realizar as mesmas funções que outras pessoas, são sub-representados e até hoje estão no último lugar da fila nos serviços públicos, então é também um dia onde toda a sociedade deve se unir, brancos e negros, para refletir e lutar pelo fim do racismo”, diz o deputado federal eleito, Orlando Silva.
Questões como a Reforma Política e a Reforma da Mídia estão diretamente ligadas à luta do movimento negro. A primeira porque ainda hoje o congresso nacional é majoritariamente branco e masculino. A população negra, apesar de ser maioria do país, não é proporcionalmente representada nos espaços públicos de poder.
A democratização da mídia é necessária, entre outras questões, para mudar os paradigmas da imprensa hegemônica onde a figura do negro é estereotipada e a agenda antirracismo invisibilizada.
De acordo com a secretária de Políticas de Igualdade Racial da CTB, Mônica Custódio, no Rio de Janeiro a Marcha vai homenagear figuras importantes na luta contra o racismo: a escritora Carolina de Jesus e o ativista Abdias Nascimento.
Com o tema “De Zumbi a João Cândido” a concentração da marcha começa às 16 horas com a lavagem do busto de João Cândido, na Praça XV, centro da capital carioca, e segue até a Candelária, onde lavam a estátua de Zumbi. O ato político contará com a presença de lideranças dos movimentos sociais e autoridades políticas.
Na Bahia a lavagem da estátua de Zumbi dos Palmares, na Praça da Sé, em Salvador também será a ação principal, e começa às 9 horas. Este ano o tema do evento é “O extermínio da juventude negra”, além do ato político haverá atividades culturais cuja atração principal é a banda Tambores de Búzios.
Em São Paulo a concentração do movimento negro para a Marcha será no Vão do Masp, na Avenida Paulista, a partir das 11 horas. Depois do ato político, os ativistas seguem em passeata pelas principais ruas da capital. “Saímos para as ruas, em todo o país, com muito samba para derrotarmos a tristeza da opressão, da discriminação, do racismo e mostramos a nossa alegria, uma alegria com esperança de um futuro com igualdade, justiça, solidariedade. Um futuro onde todos sejam respeitados pelo que são e não pela cor da pele, pela orientação sexual ou pelo sexo”, afirma Mônica Custódio.
Ainda na capital paulista, o Vale do Anhangabaú será palco para uma grande festa ao som de música africana a partir das 11 horas. Já no sábado (22) é dia de atividades no CEU Caminho do Mar, no Jabaquara. O evento Mulher Negra, que começa às 9 horas e segue até 22 horas conta com a apresentações artísticas, roda de capoeira, samba, hip hop e show de Ivo Meirelles. E para encerrar as comemorações, na terça-feira (25) há um lançamento, seguido de debate da reedição da obra Dialética radical do Brasil negro de Clóvis Moura, às 19 horas na Funarte.
Portal Vermelho