“Fundos abutres” da Argentina podem ter impacto na economia global
A Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal) mostrou preocupação com o impacto dos chamados “fundos abutres” na economia Argentina. Nesta segunda-feira (4), ao apresentar o “Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2014” – que atualiza as estimativas para os países da região –, Alicia Bárcena, secretária executiva do organismo, disse que tal situação pode colocar em risco o acesso ao financiamento externo e, desta forma, a possibilidade de crescimento do país em curto prazo.
Segundo representantes do governo argentino, a disputa judicial dos “fundos abutres” foi provocada por interesses ocultos que buscam se apropriar de ativos reais e financeiros da Argentina.
“A Argentina havia negociado com 92% dos credores e pensávamos que as coisas iam bem, até que surgiu a sentença do juiz (Thomas Griesa, de Nova York), o que pode ter muitas repercussões na arquitetura financeira global”, afirmou Bárcena.
A sentença de Griesa impediu o país sul-americano de pagar os vencimentos da dívida reestruturada, até que fosse pago o valor total do débito de US$ 1,3 bilhão. Os “fundos abutres” são um capital de risco que consiste na compra de títulos da dívida de um Estado em situação econômica difícil (normalmente a 20% ou 30% de seu valor nominal). A especulação financeira acaba favorecendo o comprador que, posteriormente, pode cobrar a totalidade do valor do bônus mais os juros em tribunal.
“Preocupa-nos muitíssimo, porque em realidade isto pode desestimular a renegociação de dívidas soberanas e pode ter impacto ainda maior”, comentou a especialista, que sublinhou que não se deve ver a questão como um expediente único da Argentina, mas de algo que a curto prazo pode trazer consequências funestas para a economia mundial.
Argentina pede aos EUA informação sobre “fundos abutres”
Segundo informações publicadas pela Prensa Latina, o titular da Comissão Nacional de Valores (CNV) da Argentina, Alejandro Vanoli, confirmou nesta segunda-feira (4) que solicitará aos Estados Unidos mais informaçãões para investigar se os “fundos abutres” cometeram uma fraude especulativa.
Vanoli assegurou que buscam precisar se esses credores, por ânsia de lucro usureiro, a partir da sentença do juiz Thomas Griesa, geraram os mecanismos para se beneficiar com a cobrança dos seguros contra uma cessação de pagamentos (default) inexistente, provocada pelo ditame do magistrado.
O funcionário da CNV assinalou que a suspeita vai além do litígio judicial, e que se trata de uma manobra que envolve um crime global.
Como demonstração de que cumpre com seus compromissos, o governo argentino informou que o Clube de Paris confirmou o recebimento, segundo o programado, do primeiro pagamento previsto para o dia 30 de julho, o que significou um desembolso de 642 milhões de dólares.
Portal Vermelho