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Pesquisador da UEG tem acesso a documentos inalterados da Idade Média

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Bruno Tadeu Salles, que dá aulas no Câmpus Pires do Rio, tem estudos sobre os templários, ordens religiosas que muito influenciaram as relações aristocráticas medievais. Na França, ele teve acesso a textos originais do século XII 

Entre os dias 26 e 29 de maio a cidade de Belo Horizonte sediou o Congresso Internacional Ordens Religiosas na Idade Média: concepções de poder e modelos de sociedade, coorganizado pelo professor da Universidade Estadual de Goiás, Bruno Tadeu Salles. Bruno dá aulas no curso de história do Câmpus de Pires do Rio e idealizou o evento em parceria com o colega André Luiz Pereira, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Por cerca de um ano e meio, os professores pensaram um evento que congregasse suas linhas de pesquisas referentes à história medieval: ordens religiosas mendicantes e militares. O objetivo era abrir o diálogo sobre o tema entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros, discutindo as ordens religiosas medievais  dos pontos de vista político e social.

O congresso atraiu cerca de 200 participantes, entre estudantes e professores do Brasil, França e Itália. No total, foram 10 universidades brasileiras, com a UEG, USP e UFMG. A Universidade Estadual de Goiás esteve presente, além da organização, na apresentação de dois trabalhos: A experiência do acordo entre os templários de Ruou e a aristocracia de Fréjus (século XIII), do professor Bruno Salles; e O compromisso em uma sociedade sem Estado durante os séculos XI e XII; perspectivas historiográficas, da acadêmica Dênia Fernandes de Lima, estudante do 3º ano de História e bolsista da UEG.

O evento trouxe ao Brasil pesquisadores franceses e italianos especialistas em ordens religiosas, como Maria Giusepina Muzzarelli (Università de Bologna), Paolo Evangelisti (Universitá de Trieste), Cécile Caby (Université de Nice) e Damien Carraz (Université Clermont-Ferrand 2). Para Bruno, a troca de saberes auxilia tanto visitantes quanto pesquisadores locais. Segundo ele, o congresso traz, aos brasileiros, novas abordagens acerca dos temas trabalhados e “afina a sintonia entre pesquisas”.

O professor explica que o contato com a pesquisa brasileira proporciona, aos estrangeiros, uma reoxigenação de perspectivas. Os estudiosos europeus têm uma forte ligação com a História Medieval, pois ela faz parte de suas vivências, o que acaba se refletindo em seus trabalhos acadêmicos. Por isso, segundo o professor, “a visão dos pesquisadores brasileiros é muito valorizada”, pela distância entre pesquisador e objeto.

Pesquisa em ação

O trabalho apresentado por Bruno Salles no Congresso teve início em 2012, com uma viagem à França para participação em um Colóquio. À ocasião, Bruno teve contato com documentos originais da ordem dos templários, propondo assim a tradução destes escritos, na tentativa de estudar as relações entre a ordem militar e a aristocracia da região francesa de Fréjus. O projeto de pesquisa iniciado pelo professor teve apoio da UEG, e atualmente é desenvolvido no câmpus de Pires do Rio.

Em seu trabalho, Bruno estuda documentos relativos à comendadoria templária de Ruou, criada por volta de 1150. A documentação, que pertence ao fundo do Grande Priorado de Saint-Gilles, nunca foi editada e até então havia sido alvo de poucos estudos. Segundo Bruno, são documentos apostólicos, de doações, de resoluções de litígios e de outros acordos envolvendo a aristocracia da diocese de Fréjus e a comendadoria templária de Ruou.

“Uma análise inicial deste apanhado documental suscitou possibilidades, questões e importantes desafios teóricos e metodológicos para o historiador dos equilíbrios senhoriais provençais”, conta. O objetivo da pesquisa, segundo o professor, é discutir o impacto do estabelecimento de ordens religiosas, como os templários, sob as relações senhoriais da região. “Pretendíamos discutir o impacto do estabelecimento da comendadoria de Ruou nos equilíbrios senhoriais existentes naquela região e verificar as permanências, bem como as rupturas, as relações, os vínculos, as práticas e os costumes concernentes àquele mesmo estabelecimento”.

(CGCom|UEG)

Notícia publicada em 02/07/2014
Publicado originalmente no site da UEG
Blog do Mamede

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