Atividade com lideranças políticas e sociais dará a largada para a consulta pública sobre redução da jornada, fim da escala 6×1 e tributação dos ricos
Publicado pelo Portal Vermelho
Mais de cem entidades dos movimentos sociais reunidas nas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo estão organizando uma consulta popular, sobre três questões centrais para a população, que será lançada na próxima quinta-feira (10) em atividade com diversas lideranças em São Paulo.
O Ato Nacional de Lançamento do Plebiscito Popular 2025 acontece a partir das 18h30, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da USP, no Largo de São Francisco, 95 (Centro).
“Duas cicatrizes marcam a sociedade brasileira e representam um atraso que mantém o país preso a um passado de exploração e injustiça social. Uma marca é a superexploração da classe trabalhadora, com a manutenção de uma alta jornada de trabalho; a segunda é a injustiça na cobrança de impostos”, apontam os organizadores.
Por isso, o povo será chamado a responder três perguntas, que dizem respeito diretamente às suas vidas, mas sobre as quais nem sempre tem conhecimento ou condições de opinar. A consulta será feita por meio de listas e urnas colocadas nas ruas de várias cidades do país, durante todo o mês de setembro.
Serão feitas as seguintes perguntas:
Conforme salientam os organizadores, a redução da jornada de trabalho sem a redução salarial é “urgente e necessária para que o conjunto da sociedade seja beneficiado pelo avanço tecnológico, a modernização da indústria e da agricultura e a digitalização da área de comércio e serviços”.
No que diz respeito ao fim da escala 6×1, é a “expressão mais visível da exploração do trabalho, ao impor a diversas categorias um regime com um dia de folga semanal, sem qualquer salvaguarda de convenções e acordos coletivos”.
Os movimentos chamam atenção, ainda, para a injustiça na tributação dos brasileiros. “É preciso mudar o sistema tributário para que os trabalhadores e os setores médios deixem de pagar tantos impostos, com a contrapartida da tributação dos super-ricos e, sobretudo, dos bilionários, que não pagam nada ou muito pouco em relação à sua renda e riqueza”.
O evento de lançamento contará, entre outros, com os deputados federais Orlando Silva (PCdoB-SP), Erika Hilton (PSOL-SP), Rui Falcão (PT-SP) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), além de lideranças dos movimentos estudantil, sindical, de mulheres, negros, LGBTQIA+, sem-teto e sem terra e religiosos, entre outros.
Jornada de trabalho
Bandeira histórica do movimento sindical, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial segue sendo reivindicada como uma forma de trazer avanços importantes tanto do ponto de vista pessoal, social e da saúde para a classe trabalhadora — que poderá dispor de mais horas para outras atividades e para o descanso —, como econômico — ao abrir a possibilidade de ampliar as vagas de emprego e melhorar a produtividade e formação dos trabalhadores.
Mais recentemente, esse debate ganhou novo impulso com novos projetos apresentados no Congresso — pelas deputadas Erika Hilton e Daiana Santos (PCdoB-RS) — que propõem essa diminuição, bem como o fim da escala 6×1.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os trabalhadores brasileiros têm uma jornada semanal média de 39 horas, ficando acima de países mais desenvolvidos, como Estados Unidos, Itália, França, Alemanha e Reino Unido, mas menor do que outros países, como China, Chile, Colômbia, México e Índia.
No entanto, o processo de precarização que se aprofundou no Brasil a partir da reforma trabalhista piorou as condições de trabalho e salário e escancarou as portas para jornadas maiores e mais desgastantes, gerando, inclusive, problemas de saúde física e psicológica.
Países como Irlanda, Alemanha e Holanda, entre outros, vêm reduzindo suas jornadas e os resultados têm mostrado um aumento na qualidade de vida para trabalhadores e de produtividade, o que é positivo para as empresas.
Tributação injusta
Outro ponto central do plebiscito e que também é uma luta histórica de movimentos é o combate à injustiça tributária, já que o Brasil figura entre mais desiguais também nesse aspecto.
A alíquota de 27,5%, a maior faixa do Imposto de Renda no Brasil, é a mais alta paga pela classe média em relação, por exemplo, ao México (23%), Colômbia (19%), Índia (15%), Peru (14%), EUA (12%) e China (10%).
Segundo estudo feito pelo economista Sérgio Wulff Gobetti, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 800 mil contribuintes com renda média de R$ 449 mil por ano pagam no máximo 14,2% de alíquota, o mesmo percentual usado para calcular o Imposto de Renda devido por uma pessoa assalariada que receba R$ 6 mil de vencimentos.
A alíquota de 14,2% é o ponto máximo de tributação entre os contribuintes mais ricos. A partir daí, cessa a progressividade da cobrança de impostos e contribuições, e as alíquotas diminuem paulatinamente à medida que os rendimentos dos declarantes aumentam. Quando a renda média anual é de R$ 1,053 milhão, valor obtido por 1% dos contribuintes mais ricos (1,536 milhão de pessoas), a alíquota cai para 13,6%, por exemplo.
Ao menos duas medidas recentes tomadas pelo governo Lula procuraram melhorar esse cenário, mas são criticadas justamente pelos setores mais ricos da população — daí a importância de reforçar o apoio popular para essas e outras ações que caminhem no sentido da justiça tributária.
O projeto de lei 1087/25, apresentado pelo governo ao Congresso neste ano, amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês. Se aprovada, aproximadamente 10 milhões de brasileiros deixarão de pagar o IR. No total, 90% dos contribuintes estarão na faixa da isenção total ou parcial. Além disso, o PL prevê um desconto progressivo para quem recebe até R$ 7 mil mensais.
Para compensar a perda de arrecadação com a ampliação da isenção, o governo propõe a criação de um imposto mínimo de até 10% para quem recebe mais de R$ 50 mil por mês.
Outra medida importante foi a lei sancionada pelo presidente Lula em 2023 que muda o Imposto de Renda (IR) sobre fundos de investimentos e sobre a renda obtida no exterior por meio de offshores.
A nova norma alterou uma série de leis para tributar ou aumentar as alíquotas incidentes sobre fundos exclusivos (fundos de investimento com um único cotista) e aplicações em offshores (empresas no exterior que investem no mercado financeiro), que abrangem pessoas de alta renda. Com essas medidas, apenas em 2024, o governo conseguiu arrecadas R$ 20,6 bilhões.
Embora importantes e históricas, uma vez que no Brasil os ricos não costumam pagar impostos, é preciso ir além para ampliar a cobrança sobre quem pode pagar mais e diminuir sobre quem ganha menos, fator central para reduzir as desigualdades sociais e melhorar as condições de vida do povo.
HÁ 245 VAGAS DISPONÍVEIS, OFERECIDAS PELA SECRETARIA DE TRABALHO E RENDA – SINE 1. Açougueiro…
Ataques à democracia e aos direitos humanos são herança da impunidade à ditadura Relator…
Censo Escolar registra crescimento no ensino em tempo integral Divulgado pelo MEC, números do…
Juiz de Fora: prefeita Margarida Salomão reduz jornada para 30h semanais Município da Zona…
“Não se faz política com mentira”, diz deputado sobre fake news contra ministra Márcio…
Gente boa do Blog, está marcado, será no dia 30 de abril, às 19:00 horas…