Deputadas da Bancada do PT afirmaram nesta quarta-feira (12) que, mesmo após sete anos de seu assassinato no Rio de Janeiro, o legado de Marielle Franco continua vivo na luta contra a violência política contra as mulheres e em defesa da democracia e dos direitos humanos. As declarações aconteceram durante Sessão Solene, no Plenário Ulysses Guimarães da Câmara dos Deputados, em Memória de Marielle Franco e Anderson Gomes. A vereadora e seu motoristas foram assassinados na noite de 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, após saírem de uma reunião política no centro do Rio de Janeiro.
Após uma apresentação do grupo de percussão Folhas Secas, representantes de vários partidos políticos e entidades da sociedade civil prestaram homenagens a Marielle Franco e Anderson Gomes. A viúva de Marielle, a vereadora carioca Mônica Benício, e a viúva de Anderson Gomes, Aghata Reis, também discursaram emocionadas durante a cerimônia.
Ao lembrar da irmã Marielle Franco, a ministra da Igualdade Racial do governo Lula, Anielle Franco, disse durante o seu discurso que a vida da vereadora assassinada deve sempre ser lembrada como a de uma pessoa que defendia o bem-viver de toda a sociedade.
“O projeto que a Mari (Marielle) defendia era o do bem-viver coletivo. E após 7 anos (de sua morte) penso que aqueles que defendem esse bem-viver não podem achar normal a violência política contra as mulheres, nem o fato de mulheres serem assediadas em seus espaços de trabalho e poder, ou de terem negado acesso a espaços de protagonismo”, disse.
Direitos humanos
Em nome da Bancada do PT, a deputada Denise Pessôa (PT-RS), reverenciou a memória de Marielle. Segundo ela, 7 anos após a morte da vereadora do PSOL do Rio de Janeiro é possível perceber os frutos do legado que a vereadora deixou na defesa dos direitos humanos floresceu. Denise Pessôa destacou ainda que a luta por justiça no caso dos assassinatos de Marielle e Anderson, também reforçaram a necessidade da defesa da democracia.
“Depois de 7 anos de dor, de saudades e de busca por justiça, temos a certeza da defesa da democracia porque foi em um governo democrático que se avançou nas investigações da execução de Marielle e Anderson. Fora da democracia não há justiça e é por isso que a gente defende que não haja anistia para golpista, como também não pode haver tolerância para mandantes de crimes políticos. Essa Câmara não pode seguir com esse nome (Chiquinho Brazão) em nosso plenário”, observou a deputada ao defender a cassação do mandato de um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco que, hoje, se encontra preso pelo crime.
Violência política contra as mulheres
Em seu pronunciamento, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) destacou que a morte de Marielle fez o Brasil acordar para o tema da violência política contra as mulheres. “Marielle é exemplo para todas nós, mulheres negras, não apenas do Estado do Rio de Janeiro. Sua morte fez com que cada uma de nós reconhecêssemos e refletíssemos sobre a violência política. Temos que entender que, a cada dia mais, temos que acabar com essa barbárie que é a violência política, principalmente contra mulheres negras. Não podemos nos calar diante disso”, frisou a petista.
Já a deputada Carol Dartora (PT-PR) ressaltou ainda que o legado de Marielle fortalece a luta pelos direitos das minorias. “Nesta Sessão Solene, lembramos e honramos Marielle Franco, não apenas porque ela foi uma mulher negra, favelada, defensora dos direitos humanos, mas pelo que ela representa: resistência, transformação e justiça social. Marielle denunciou a violência do Estado, a desigualdade e a falta de políticas públicas para a população negra, para mulheres, para a comunidade LGBTQIAP+ e as periferias. Tentaram silenciá-la, mas sua luta floresceu em cada mulher negra que ocupa espaços de poder e cada jovem da periferia que reivindica dignidade”, ressaltou.
Combate ao fascismo
Já a deputada Maria do Rosário (PT-RS) sublinhou que o assassinato de Marielle é fruto do crescimento de setores fascistas no País que tentam calar, na base da violência, pessoas que defendem o aprofundamento da democracia no Brasil.
“A cada 14 de março o Brasil revive o ato covarde e vil de quem assassinou Marielle Franco. E a ‘coincidência’ mais perversa, justamente por não ser coincidente, é o crescimento do fascismo no Brasil a partir da mesma época. Os ‘arquitetos’ do crime que matou Marielle são também aqueles que tentaram dar um golpe no Brasil. A ousadia do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro é na verdade a tentativa de assassinato de todos aqueles e aquelas que resistem contra as ditaduras de ontem e os que desejam institui-las hoje”, apontou.
Diante disso, a parlamentar também destacou que para evitar mais atos de violência contra defensores dos direitos humanos e da democracia, uma hipotética anistia contra quem planejou matar a democracia e assassinar o presidente eleito, Lula, o vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do STF Alexandre de Moraes, jamais deveria prosperar.
“O legado de Marielle segue nas nossas mãos como a luta antifascista, necessária para fortalecermos um Brasil democrático”, argumentou Maria do Rosário.
Exemplo de luta
A deputada Erika Kokay (PT-DF) disse que apesar da ausência física de Marielle, sua luta contra as injustiças e pela igualdade de oportunidades para todos ficará de exemplo para as gerações vindouras.
“Tem pessoas, como Marielle, que não vão embora, mas se encantam. E ficam encantando nossas vidas porque suas ideias e ousadias de liberdade são imunes a qualquer bala. Por isso dizemos: Marielle está conosco e ainda estamos aqui”, finalizou.
Do PT Câmara