Belém do Pára, cop 30, crise climática, meio ambiente, poluição ambiental
“Os ricos devem parar de poluir, sem eliminar o esforço e as medidas que todos os países vêm adotando. Essa é a bandeira central que devemos empunhar.”
Publicado pelo Portal Vermelho
Em novembro de 2025 será realizado a COP 30 em Belém, PA. O evento fará um balanço da eficácia das resoluções e medidas até aqui adotadas pela ONU para conter a crise ambiental e adotará novas indicações. Mas enquanto o questionamento surdo de “Quem são os poluidores?” e “Como conter e reverter a crise climática?” não tiver uma resposta satisfatória e coerente, esses eventos continuarão apenas como palco de meros enunciados teóricos, sem qualquer consequência prática. E tenderão a se agravar com as medidas anunciadas por Trump para área ambiental.
A COP 30 dará um grande passo para enfrentar e resolver a crise ambiental se finalmente assumir que os principais poluidores são os países ricos e que a solução dessa tragédia só será possível quando os maiores poluidores reduzirem a sua própria poluição com a “modernização” dos parques industriais, adoção de energia limpa e forem proibidos de “terceirizar responsabilidade” exclusivamente aos países pobres e emergentes, através de mecanismos como o crédito de carbono, por exemplo.
Relação histórica da humanidade com a natureza
A ciência nos ensina que na natureza, como na sociedade, todos os fenômenos estão interligados, interconectados e são interdependentes. Tudo está em constante movimento, transformação e evolução. É fácil concluir, portanto, que todo recurso natural é finito, seja pela ação dos fenômenos naturais ou pela atividade humana, antrópica.
Por decorrência, o tempo de uso desses recursos pela humanidade está diretamente relacionado com a concepção – produtivista, santuarista ou sustentabilista – que as forças produtivas adotarão no uso dos recursos naturais, ou seja, no manejo desse extraordinário patrimônio coletivo. Logo, como a humanidade precisa continuar usando parte dos recursos naturais para o seu próprio desenvolvimento social, é fundamental que se adote uma concepção e um modo de produção que sejam o menos impactante possível, sem o que caminharemos, inevitavelmente, para o colapso ambiental.
A relação da humanidade com a natureza sempre foi essencialmente de predação. As tribos iniciais viviam da coleta e da caça, ou seja, da simples predação dos recursos naturais, embora com reduzido impacto ambiental. Essa realidade não se alterou, no fundamental, nem mesmo com o início da agricultura e a produção social de alimentos há pouco mais de 10 mil anos, tanto pelo reduzido número de pessoas quanto pela precariedade dos meios de produção disponíveis.
Quem são os responsáveis pela poluição ambiental?
Com o advento da revolução industrial no século XVIII (1760), o incremento do modo produção capitalista, o aumento da população e a adoção predominante da concepção produtivista – o crescimento é tudo que importa – a predação da natureza se intensificou e o impacto ambiental foi avassalador, culminando com as bombas atômicas americanas sobre Hiroshima e Nagasaki que foi, sem dúvidas, o episódio de maior impacto ambiental já produzido pela humanidade.
Diante dessa tragédia uma parte da humanidade reagiu e apresentou sugestões para conter a escalada da predação ambiental. De forma esquemática podemos sintetizar essas medidas nas três Conferências Mundiais Ambientais realizadas até o presente pela ONU, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e conter o aquecimento global.
1ª Conferência (Estocolmo, 1972), sob grande influência do Clube de Roma (1968), aprovou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), visando regulamentar a legislação ambiental ao redor do planeta, baseado na concepção de comando e controle (multa e repressão).
2ª Conferência (Rio de Janeiro, 1992) constatou que as medidas adotadas pela 1ª Conferência não lograram êxito. Aprovou a Conferência das Partes, com o objetivo de aferir, anualmente, se as medidas acordadas nos seus Protocolos (Kyoto, Paris, etc.) foram efetivadas. É o que será feito em 2025 na COP 30, em Belém, PA.
3ª Conferência (Rio de Janeiro, 2012) novamente constatou o fracasso das resoluções anteriores. Aprovou 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que tratam de praticamente todos os temas, com ênfase em Energia Acessível e Limpa (07) e Combate as Alterações Climáticas (13), para serem alcançados até 2030.
Tive o privilégio de fazer palestra nas duas últimas edições desse evento, realizado a cada 20 anos. Na 2ª Conferência abordei o “Caráter estratégico da Amazônia e a superação das assimetrias”, como medidas básicas para o enfrentamento da crise ambiental; e na 3ª Conferência apresentei o “Bacalhau da Amazônia”, produzido a partir de pirarucu (Arapaima gigas) manejado na RDS Mamirauá, como alternativa para o desenvolvimento sustentável da Amazônia.
Essas medidas estão em sintonia com a concepção sustentabilista que advogo (não há desenvolvimento sem sustentabilidade e nem sustentabilidade sem desenvolvimento), em contraposição às concepções Produtivista (o crescimento é tudo, a conservação é nada) e Santuarista (congelamento de todos os recursos naturais) e coerente com a premissa de que é preciso ir além do diagnóstico, desenvolvendo C&T e ações mitigadoras para reduzir o impacto ambiental e elevar o padrão socioeconômico da sociedade em bases sustentáveis, daí os projetos que desenvolvemos na UFAM na área de Energia Solar Fotovoltaica (ESF), Transformação de Resíduos de Pescado em Energia e Difusão Ambiental, dentre outros projetos que apresentaremos na COP 30.
Segundo dados do IPCC dos 59 gigatoneladas equivalente de dióxido de carbono (CO2) atualmente emitidas, 34% vem das Indústrias; 22% da Agricultura e uso da terra; 16% dos Edifícios; 15% dos Transportes e 12% da produção de energia. Os 10% mais ricos são responsáveis por algo como 45% de toda a poluição ambiental. Enfrentar esse problema é o desafio central da COP 30 e das conferências subsequentes.
Os ricos devem parar de poluir, sem eliminar o esforço e as medidas que todos os países vêm adotando. Essa é a bandeira central que devemos empunhar.
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