Relatório de agências ligadas à ONU apontam que 20 nações estão “altamente expostas” a eventos extremos que impactam negativamente a segurança alimentar, entre os quais, o Brasil
Publicado pelo Portal Vermelho
As mudanças climáticas e os eventos extremos estão impactando negativamente a segurança alimentar e agravando a desnutrição na América Latina e Caribe, deixando 74% dos países analisados (ou 20 nações) “altamente expostos” a esses fatores, entre os quais, o Brasil. Do total, mais da metade (52%) são considerados vulneráveis.
Os dados são do Panorama Regional de Segurança Alimentar e Nutrição 2024, divulgado nesta terça-feira (28). A publicação é uma ação conjunta da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (Opas/OMS), do Programa Mundial de Alimentos (WFP) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Nesse cenário em que as mudanças adversas no clima do planeta, produzidas pelo modo de produção capitalista, vêm impondo grandes dificuldades — sobretudo para países com maiores debilidades financeiras e sociais —, a prevalência da subnutrição aumentou 1,5 ponto percentual entre 2019 e 2023 na região analisada.
De acordo com o relatório, “o impacto dos eventos climáticos extremos é agravado por desafios estruturais persistentes, incluindo conflitos, desacelerações econômicas, crises e fatores subjacentes como altos níveis de desigualdade, falta de acesso a dietas saudáveis a preços acessíveis e ambientes alimentares não saudáveis”.
Leia também: No Brasil, insegurança alimentar baixou de 32,8% para 18,4%
Cabe destacar que a frequência com que os fenômenos climáticos extremos ocorrem cresceu 50% em 20 anos, chegando a 55 eventos por ano na América Latina e no Caribe.
Somente na América do Sul, a média de riscos relacionados ao clima cresceu 75% entre 1990 e 2023. No caso das secas, o aumento foi de 3 para 3,3 vezes ao ano, enquanto a ocorrência de enchentes saltou de 16 para 32 por ano.
“As populações mais vulneráveis são desproporcionalmente afetadas, já que dispõem de menos recursos para se adaptar”, explicam as agências.
Leia também: Até 21 mil morrem de fome diariamente em países afetados por conflitos, diz Oxfam
Segundo apontou o diretor-assistente geral e representante regional da FAO para a América Latina e o Caribe, Mario Lubetkin,“é importante implementar uma resposta abrangente, baseada em políticas e ações projetadas para fortalecer a capacidade dos sistemas agroalimentares”.
Essa resiliência, completou, “nos permite antecipar, prevenir, absorver, adaptar e transformar de forma positiva, eficiente e eficaz diante dos diversos riscos, incluindo os desafios associados às mudanças climáticas e eventos extremos”.
Acesso a alimentos saudáveis
O Panorama também explicita algumas das muitas contradições vividas nessas regiões. Apesar de, juntas, responderem por 14% da produção mundial de alimentos, boa parte das populações da América Latina e do Caribe sofrem com a fome e a dificuldade de acesso a produtos saudáveis para seu próprio consumo devido aos preços altos.
O valor a ser despendido por uma dieta saudável nessas regiões está entre os mais caros do mundo — US$ 4,56 por pessoa por dia, enquanto a média mundial é de US$ 3,96. Este custo aumentou quase 12% entre 2021 e 2023. Com isso, 27,7% da população da região, ou 182,9 milhões de pessoas, não podiam pagar por uma dieta saudável em 2022.
Dessa forma, a atual configuração do sistema acaba por empurrar, sobretudo as populações mais pobres, para o uso de processados e ultraprocessados que, muitas vezes, são mais baratos, de consumo imediato e que saciam mais rapidamente a sensação de fome. Tais produtos, no entanto, causam graves problemas de saúde.
Redução da fome
O dado positivo trazido pelo panorama foi a redução da fome e da insegurança alimentar, quesito em que o Brasil tem sido exemplo durante os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.
Segundo o documento, em 2023 a fome afetou 41 milhões de pessoas na região, uma redução de 2,9 milhões em relação a 2022 e de 4,3 milhões em relação a 2021.
Leia também: Combate à fome no Brasil é exemplo para outros países, diz representante da ONU
De acordo com as agências, apesar do progresso regional, persistem disparidades entre as sub-regiões. “A prevalência da fome aumentou nos últimos dois anos no Caribe, alcançando 17,2%, enquanto permaneceu relativamente estável na Mesoamérica, em 5,8%”, explicam.
Em relação à insegurança alimentar moderada ou grave, a região também apresentou progresso pelo segundo ano consecutivo, ficando abaixo da média mundial pela primeira vez em dez anos. Um total de 187,6 milhões de pessoas na região enfrentaram insegurança alimentar, 19,7 milhões a menos do que em 2022 e 37,3 milhões a menos do que em 2021.
Essa redução, segundo o relatório, é atribuída à recuperação econômica de diversos países sul-americanos, impulsionada por programas de proteção social, esforços econômicos pós-pandemia e políticas direcionadas para melhorar o acesso à alimentação.
Um dos reflexos está na saúde das crianças, por exemplo. Em 2022, o atraso no crescimento afetou 22,3% das crianças menores de cinco anos globalmente. Na América Latina e no Caribe, a prevalência foi estimada em 11,5%, significativamente abaixo da média global.
No caso do Brasil, é cabe lembrar que a edição 2024 do Relatório das Nações Unidas sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial, divulgada em julho do ano passado, mostrou que a insegurança alimentar severa caiu 85% no Brasil em 2023.
Leia também: Mais de 14 milhões de pessoas deixaram de passar fome no Brasil
Ao falar sobre o quadro geral mostrado pelo Panorama, Rossana Polastri, diretora regional da Divisão para a América Latina e o Caribe do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (Fida), salientou: “estamos contribuindo para o avanço no combate à fome, mas os números ainda estão acima dos níveis anteriores à pandemia, o que demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer”.
Ela defende ser preciso “redobrar os esforços para adaptar os sistemas alimentares aos efeitos das mudanças climáticas, cujo impacto negativo agrava a insegurança alimentar. Para isso, devemos investir mais nas áreas rurais, para que os pequenos produtores tenham acesso a infraestrutura básica, sistemas de informação climática, práticas agrícolas sustentáveis e produtos financeiros que os permitam enfrentar eventos extremos e a variabilidade climática”.
Além disso, sublinhou, “precisamos investir nas mulheres e nos grupos populacionais mais vulneráveis, garantindo que os avanços na redução da fome não deixem ninguém para trás.”
ATENÇÃO HÁ 120 VAGAS DISPONÍVEIS, OFERECIDAS PELA SECRETARIA DO TRABALHO E RENDA – SINE 1.…
Gente boa do Blog, a vereadora do PL de Nerópolis, Geyciane Rosa de Oliveira foi…
PSOL Santa Catarina aciona PGR contra o governador Jorginho Mello por caso de racismo O…
Gente boa do Blog, o campeonato goiano de 2025 começa a definir quem são os…
Com resgate de 2 mil brasileiros em 2024, Brasil avança no combate ao trabalho escravo…
Quadrilha das joias: “Fabio Wajngarten aderiu ao esquema criminoso”, diz PF PF obteve evidências da…