“Os ecos desse passado obscuro nos alcançam no presente: a intolerância à democracia é um traço que ainda resiste, sustentado e defendido por uma minoria reacionária.”
Publicado pelo Portal Vermelho
Nos recentes acontecimentos em Brasília, testemunhamos um ato extremo que culminou em um ataque terrorista, resultando na trágica morte do próprio autor do ato. Este evento não é isolado, mas uma expressão latente do clima de radicalização que assola a política brasileira, um clima inflamado por ideologias de extrema direita e seus líderes intelectuais. Este fenômeno é, em essência, uma repetição da história. Desde os anos 1930, a narrativa de um “perigo comunista” tem sido usada como justificativa para golpes, atos de violência e radicalizações conservadoras.
As influências ideológicas que movem atos como este têm raízes profundas. O pensamento radical, advindo do “olavismo” e do bolsonarismo, cria uma paranoia coletiva, onde o Brasil é visto como um país sob constante ameaça de um “governo comunista”. Essa visão conspiratória aciona as mentes mais vulneráveis, incitando indivíduos a atitudes extremas e perigosas. O recente ataque reflete esse processo e reitera o impacto da propaganda extremista em mentes já fragilizadas.
A retórica do ódio e do medo não é nova, tampouco as táticas violentas. O Brasil dos anos 1970 viveu uma série de atentados promovidos por setores militares inconformados com a abertura política. Explosões em bancas de jornais, atentados em eventos públicos e até bombas enviadas à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) ilustraram os extremos aos quais esses grupos recorreram para impor suas ideologias. Os ecos desse passado obscuro nos alcançam no presente: a intolerância à democracia é um traço que ainda resiste, sustentado e defendido por uma minoria reacionária.
O que vimos em 08 de janeiro de 2023, com os ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto, é a face atualizada desse mesmo instinto golpista. As bombas de então, as teorias conspiratórias e o clima de radicalização revelam um segmento da sociedade que ainda rejeita a ordem democrática. E, como em outras épocas, as perguntas que ecoam nos corredores da justiça se repetem: este último ato foi individual ou parte de uma rede mais ampla? Houve financiamento? E, mais importante, o que podemos fazer para que esse ciclo de violência seja, finalmente, rompido?
O momento exige calma e reflexão. Que este triste episódio, em meio à iminência de grandes eventos internacionais como a reunião do G20, sirva como um alerta para todos: a democracia brasileira precisa ser defendida, não apenas nas ruas e nas urnas, mas também no combate cotidiano contra as forças que desejam seu fim.
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