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Segundo turno: Frente ampla democrática para enfrentar e vencer a extrema-direita em São Paulo e em outras capitais e cidades

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Segundo turno: Frente ampla democrática para enfrentar e vencer a extrema-direita em São Paulo e em outras capitais e cidades

 

Haverá disputas de segundo turno em 15 capitais. Em nove delas, é possível construir uma frente ampla democrática, da base do presidente Lula contra a extrema-direita e a direita

 

O candidato Guilherme Boulos (PSOL), do campo político amplo que apoia o governo do presidente Lula, disputará, o segundo turno, com o candidato Ricardo Nunes (MDB) de uma aliança sustentada pela extrema-direita. O primeiro turno da cidade de São Paulo, por ser a maior da América Latina, até último minuto, acirrado, polarizado, indefinido, atraiu as atenções do país. O resultado do segundo turno da capital paulista incidirá com peso na aferição final do acúmulo de forças das legendas e campos políticos, a partir do resultado dos 5.570 munícipios brasileiros.

Ficou fora do segundo turno, o candidato Pablo Marçal (PRTB) uma vertente que se irrompeu no âmbito da extrema-direita que demarcou e se conflitou com Bolsonaro, mesclando apelos da chamada teologia da prosperidade, com agressiva e muitas vezes criminosa conduta midiática que resultou, com a complacência da mídia, em ser assunto permanente e principal das eleições. Tendo obtido mais de 28% dos votos do primeiro turno, o futuro político de Marçal é ainda incerto, por algumas variáveis, entre elas, a jurídica, posto que no final do primeiro turno cometeu um crime grave divulgando um laudo médico falso contra Boulos, o que pode resultar em sua inelegibilidade. De todo modo, Marçal é um fato político com ingredientes novos que precisa ser melhor desvendado.

A lógica municipal, as cidades com seus problemas e potencialidades, o fator das boas e más gestões dos prefeitos, a influência das lideranças dos governadores, perpassadas, com maior ou menor intensidade pela polarização nacional entre o campo político de apoio ao governo do presidente Lula e a extrema-direita e seus associados, no seu todo, regeram a dinâmica da disputa.

Em termos de quem venceu, de quem perdeu há que se considerar, com ênfase, o número de prefeituras que cada legenda já detinha em razão das disputas de 2016 e 2020 nas quais a direita e a extrema-direita na esteira do avanço da escalada reacionária conquistaram grande número de prefeituras, cadeiras nas câmaras municipais na contraface de um declínio forte da esquerda e da centro-esquerda.

Além deste referencial, se confirmou o efeito das dezenas de bilhões de reais injetados nas bases municipais da direita a partir das emendas parlamentares via orçamento secreto e outros tipos de expedientes que sequestraram um volume considerável do Orçamento Federal.

Assim, como indicavam as tendências derivadas do quadro da correlação de forças na esfera dos munícipios, partidos da direita, centro-direita que compõem o denominado Centrão conquistaram em seu conjunto uma larga maioria de prefeituras e cadeiras legislativas. O PL, partido da extrema-direita, também se expandiu. Todavia, no elenco de prefeituras arrebatadas pelo Centrão foram eleitas lideranças vinculadas à base do governo Lula, posto que o PSD, PP, União Brasil têm ministros na Esplanada.

A esquerda, as legendas do campo progressista, tomadas de conjunto, empreenderam um esforço para se refazer dos revezes das duas eleições municipais anteriores. Retomada de força cuja a gradação ainda será melhor avaliada pelo resultado dos segundos turnos.

É importante sublinhar, com respaldo em eleições anteriores, que os pleitos municipais são importantes alicerces à futura composição da Câmara dos Deputados, porém embora tenham  influência não são determinantes à disputa presidencial, como ficou demonstrado em 2022.

Nas capitais, 11 prefeitos já foram eleitos no primeiro turno (10 foram em reeleição): 3, do PSD, 2 do MDB, 2 do PL, 2 do União Brasil, 1 do PSB, 1 dos Republicanos.

Destes que venceram no primeiro turno, dois têm relevância especial pela expressão nacional das metrópoles que irão governar: Eduardo Paes, PSD, Rio de Janeiro e João Campos (PSB) do Recife. Ambos bateram os candidatos de Bolsonaro. Eduardo Paes, em particular, derrotou o bolsonarista Alexandre Ramagem, apoiado com ênfase pelo ex-presidente. João Campos obteve uma votação consagradora. Os dois foram apoiados pelo presidente Lula, pela Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB, PV) e outras legendas. Salvador seguiu sob a regência da direita. O PL, partido de Bolsonaro, elegeu prefeitos de Maceió (AL), Rio Branco (AC). Em Boa Vista (RR), também, venceu a extrema-direita.

Haverá disputas de segundo turno em 15 capitais, o PL está presente em 9 e o PT em 4. Em parte delas, haverá o confronto entre candidaturas, nas capitais assinaladas, que podem e devem construir uma feição de frente ampla democrática, da base do presidente Lula contra a extrema-direita e a direita: São Paulo, Belém, Fortaleza, Aracaju, Cuiabá, Porto Alegre, Belo Horizonte, Natal e João Pessoa. Nas restantes, se configuram disputas que retratam divisões no campo da direita por razões variadas que demandarão um exame caso a caso por parte das forças democráticas tendo em vista uma tomada de posição.

Tem importância, também, outras 37 cidades, com mais de 200 mil eleitores, nas quais haverá segundo turno.

Como se vê, com destaque para São Paulo, mas não somente, cidades que somam milhões e milhões de habitantes ainda estão por definir seus governantes. O resultado do segundo turno delas pesará muito na balança do resultado das eleições municipais de 2024. Além de outros fatores, dois se destacam às vitórias das candidaturas do campo do presidente Lula:  formação de frentes amplas e mobilização do povo.

 

Blog do Mamede

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