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Agricultura familiar é fundamental para salvar o planeta da destruição

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Agricultura familiar é fundamental para salvar o planeta da destruição

 

Sindicalistas da Contag e da CTB destacam a importância da agricultura familiar no combate à fome e na solução da mudança climática.

 

A partir da oficina de construção do Plano Setorial de Adaptação à Mudança Climática da Agricultura Familiar, ocorrida em Brasília, na sede da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), em de agosto, como parte do Plano Clima (https://www.gov.br/mma/pt-br/composicao/smc/plano-clima), resolvemos conversar com duas destacadas dirigentes da Contag sobre os efeitos das mudanças climáticas na produção da agricultura familiar.

Sandra Paula Bonetti, secretária de Meio Ambiente da Contag e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola da Contag e de Política Agrícola e Agrária da CTB, falaram sobre a importância da groecologia como parte da solução do problema climático causado pelo excesso de emissão de carbono na atmosfera.

As duas sindicalistas reforçam a importância de acontecerem encontros e oficinas que debatam as formas de produção do campo e destacam a importância da agricultura familiar no combate à fome e na solução da mudança climática.

Para Sandra, a oficina ocorrida em agosto “foi sumamente importante para nos posicionarmos e nos inteirarmos da construção do Plano Setorial de Adaptação à Mudança Climática da Agricultura Familiar”.

Sandra Paula Bonetti, secretária de Meio Ambiente da Contag e da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB)

De acordo com ela, “infelizmente estamos entre os mais impactados com as mudanças climáticas”. O Rio Grande do Sul ainda se restabelece dos estragos causados por enchentes. A Amazônia enfrenta uma seca jamais vista, com riscos terríveis para esse bioma tão diverso e rico, e quem paga o pato é o povo trabalhador”.

Para barrar essa destruição, “as trabalhadoras e os trabalhadores do campo precisam tomar posição e defender que a agropecuária respeite a natureza”, conclui Sandra. Ela destaca a importância do Plano Clima, criado pelo governo Lula com a participação de toda a sociedade com o objetivo de encontrar soluções compatíveis com as necessidades da população, do país e do mundo.

Criado em fins do ano passado, o Plano Clima conta com a participação do Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM), além de representantes de 22 ministérios, da Rede Clima e do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, e representantes da sociedade civil.

Porque “estamos em um momento em nosso planeta que é preciso rever a forma como a humanidade interage com a natureza”, afirma Vânia, “e na área da produção de alimentos não é diferente”. Ela explica que “nós da agricultura familiar estamos há muito tempo afirmando a importância de uma produção sustentável em harmonia com o meio ambiente”, por isso, “já buscamos produzir dessa forma, garantindo a conservação ambiental”.

Portanto, “precisamos de uma política climática específica, com pesquisas e um plano de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) de qualidade com acesso aos recursos necessários para a adaptação ao desenvolvimento do trabalho que somente a agricultura familiar faz, que é o de produzir alimentos saudáveis, sem agredir o meio ambiente”.

Ela garante que a agricultura familiar “contribui na mitigação às mudanças do clima, com sua produção de alimentos voltados para abastecer o mercado interno, praticamente sem utilização de agrotóxicos”, com a implementação de “sistemas de produção tradicionais de alimentos em especial os sistemas agroecológicos e florestais, com isso, a agricultura familiar protege o ambiente e fixa muita matéria orgânica concentrando carbono da atmosfera”, dessa forma, “minimizando as mudanças climáticas”, realça Sandra.

Desse modo, diz Vânia, “é necessário que as políticas públicas, principalmente as políticas agrícolas, caminhem nesse sentido, garantindo que o crédito, a assistência técnica e o seguro assegurem práticas resilientes às mudanças climáticas”.

Vânia Marques Pinto, secretária de Política Agrícola da Contag e de Política Agrícola e Agrária da CTB

Ela explica que “considerando esse pilar, entendemos que a agroecologia é o melhor caminho para ajudar a superar os problemas ambientais causados por essa crise climática na área da produção de alimentos”, além de “muitas outras medidas que diminuam a emissão de carbono na atmosfera, tanto no campo quanto no meio urbano”.

A agricultura familiar precisa, segundo Vânia, de “redução de juros para o crédito na produção agroecológica, bem como ter à disposição profissionais de assistência técnica e extensão rural com essa formação que possam contribuir muito com políticas que caminhem para uma conservação ambiental”.

Sandra aponta a importância do Plano Clima, que “vai ditar as metas de emissão do Brasil para os próximos dez anos e vai subsidiar a construção das NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), compromisso brasileiro com os acordos internacionais de mudança do clima”. As pessoas podem participar através do Plano Clima Participativo (https://brasilparticipativo.presidencia.gov.br/processes/planoclima?locale=pt-BR).

Porque “não podemos esquecer que a agricultura familiar produz alimentos saudáveis, com diversidade de produção, sistemas de produção diferenciados e com menos emissão de carbono”, então, “trazem muito mais benefícios ao meio ambiente e também à pauta climática, além de preservar a saúde de quem vive do trabalho no campo e dos consumidores”.

Os organizadores do Plano Clima afirmam que ele terá dois pilares, sendo o primeiro “a Estratégia Nacional de Mitigação, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, cuja alta concentração na atmosfera provoca o aquecimento global” e o segundo é a criação de uma “Estratégia Nacional de Adaptação para diminuir a vulnerabilidade de cidades e ambientes naturais às mudanças do clima e garantir melhores condições de o país enfrentar os eventos climáticos extremos”.

Vânia reforça também a necessidade urgente de combate às queimadas que “estão destruindo biomas fundamentais para o país e prejudicando enormemente a nossa produção agropecuária”. Para Sandra, “é necessário incentivar opções viáveis e eficazes para uma agropecuária mais sustentável com uma produtividade voltada para a saúde humana e ambiental”.

Para isso, “necessitamos de água limpa, regulação do clima, manutenção da fertilidade e da estrutura do solo, polinização de culturas e controle biológico de pragas e doenças com recursos naturais, sem o uso abusivo de agrotóxicos”.

Os desafios enfrentados pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores com as mudanças climáticas afetam a economia e por consequência o trabalho decente no campo e na cidade, o que “afeta a saúde das pessoas”, alega Vânia.

“A nossa conclusão”, diz Sandra, é a de que “a produção da agricultura familiar é fundamental para salvar o planeta da destruição e com a produção agroecológica beneficiar a saúde das pessoas com comida de verdade nas panelas”.

 

Blog do Mamede

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