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Brasil perde 33% de sua vegetação nativa, sendo metade na Amazônia

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Brasil perde 33% de sua vegetação nativa, sendo metade na Amazônia

 

O MapBioma alerta que na Amazônia houve redução de 14% deixando a região com 81% da sua cobertura vegetal, ou seja, muito próximo do ponto de não retorno, segundo cientistas

 

(Foto: Mayke Toscano/Gcom-MT)

Nos últimos 39 anos (1985-2023) o Brasil perdeu 110 milhões de hectares de áreas naturais. Trata-se do avanço de mais 13% sobre a vegetação nativa, que somados aos históricos 20%, contabiliza 33% de tudo que ação humana derrubou desde a chegada dos europeus no território.

Metade disso ocorreu na Amazônia (55 milhões de hectares), um dos biomas mais sensíveis e importante para o equilíbrio ambiental do planeta.

Os dados foram divulgados pelo MapBiomas que faz um alerta preocupante: “Na Amazônia houve uma redução de 14% nos últimos 39 anos. Com isso, a região tem hoje 81% coberto por florestas e vegetação nativa, o que a coloca muito próximo da margem estimada pelos cientistas para seu ponto de não retorno”.

De acordo com a ONG, a margem atual está estimada entre 80% e 75% de vegetação nativa. Esses 81% incluem 8,1 milhões de hectares (3%) de vegetação secundária, ou seja, que cresceu novamente depois de ser desmatada.

Leia mais: Fumaça de queimadas na Amazônia e no Pantanal atinge dez estados do país

O MapBiomas diz que também analisou pela primeira vez a perda de cobertura vegetal nas florestas públicas não destinadas, áreas sob domínio público, mas que ainda não têm um uso específico.

São Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Concessões Florestais, e que aguardam uma destinação formal. Elas ocupam 13% da Amazônia Legal e têm 92% de sua área coberta por vegetação nativa, o equivalente a 60 milhões de hectares.

“Temos uma área florestal maior que o Estado de Minas Gerais ainda sem destinação na Amazônia Legal. Essas áreas estão mais suscetíveis ao desmatamento em relação às florestas que estão sob algum regime de proteção”, ” explica Luis Oliveira, da equipe da Amazônia do MapBiomas.

Para ele, é importante e urgente destinar essas áreas e transformá-las em territórios protegidos. “A conversão dessas áreas para algum tipo de uso antrópico (ação humana) agravaria ainda mais a atual crise climática”, prevê.

“A perda da vegetação nativa nos biomas brasileiros tende a impactar negativamente a dinâmica do clima regional e diminui o efeito protetor durante eventos climáticos extremos. Em síntese, representa aumento dos riscos climáticos”, avalia o coordenador-geral do MapBiomas, Tasso Azevedo.

Terra Indígena

O que já se sabia, mas que os números da pesquisa confirmam, as terras indígenas são as que mais preservam a vegetação nativa no país. Elas, que possuem 13% do território nacional, perderam no período menos de 1% de sua área de vegetação nativa, enquanto nas áreas privadas foram 28%.

A Fundação dos Povos Indígenas (Funai) diz que são terras habitadas em caráter permanente, utilizadas para atividades produtivas, culturais, bem-estar e reprodução física, segundo seus usos, costumes e tradições indígenas.

Os números do MapBioma:

– O Brasil ainda tem 64,5% de seu território coberto por vegetação nativa; em 1985 eram 76%.

– Nesse período, a área de pastagem expandiu 79%, ou 72,5 milhões de hectares a mais em relação a 1985, e a de agricultura cresceu 228%, ou um acréscimo de 42,4 milhões de hectares.

– A agropecuária passou de 28% para 47% no Cerrado; de 28% para 45% no Pampa; de 3% para 16% na Amazônia; de 5% para 17% no Pantanal; de 28% para 38% na Caatinga; e de 63% para 65% na Mata Atlântica.

– Em 1985, 48% dos municípios tinham o predomínio da agropecuária; enquanto em 2023, esse predomínio chegou a 60% dos municípios.

– Em área total, Amazônia e Cerrado são os biomas que mais perderam área de vegetação nativa. Na Amazônia, foram 55 milhões de hectares, ou uma redução de 14% nos últimos 39 anos. Com isso, a Amazônia brasileira tem hoje 81% coberto por florestas e vegetação nativa – o que a coloca muito próximo da margem estimada pelos cientistas para seu ponto de não retorno, estimado entre 80% e 75% de vegetação nativa. Esses 81% incluem 8,1 milhões de hectares (3%) de vegetação secundária, ou seja, que cresceu novamente depois de ser desmatada.

– No Cerrado, 38 milhões de vegetação nativa foram suprimidos entre 1985 e 2023 – uma queda de 27%. Dez por cento do Cerrado (9,7 milhões de hectares) são cobertos por vegetação secundária. Proporcionalmente em relação ao próprio tamanho, Cerrado e Pampa são os biomas que mais perderam área de vegetação nativa. No caso do Pampa, a perda entre 1985 e 2023 foi de 28% (3,3 milhões de hectares). Destaca-se ainda o fato de que um quarto da vegetação nativa remanescente do Pampa (26%, ou 2,1 milhões de hectares) é secundária.

– No Pantanal, a redução mais acentuada foi na superfície de água, que passou de 21% em 1985 para 4% em 2023. Como consequência, as áreas de vegetação herbácea e arbustiva aumentaram de 36% em 1985 para 50% do bioma em 2023 – mas apenas dois por cento da cobertura vegetal do Pantanal (200 mil hectares) são de vegetação secundária.

– A Caatinga perdeu 14% de vegetação nativa (8,6 milhões de hectares) entre 1985 e 2023, enquanto quase um quarto do bioma (23%, ou 11,5 milhões de hectares) já são de vegetação secundária.

– Pampa, Caatinga e Mata Atlântica são os biomas com maior proporção de vegetação secundária em 2023. No caso deste último bioma, já são 6,9 milhões de hectares (21%).

– A perda de vegetação nativa na Mata Atlântica foi de 10%, ou 3,7 milhões de hectares em 39 anos. Com isso, as formações florestais decresceram de 28% para 26% no bioma. As atividades agropecuárias, por sua vez, passaram de 63% para 65%.

– Dos 27 estados da federação, apenas um – o Rio de Janeiro – teve aumento de vegetação nativa no período avaliado, que passou de 30% para 32% de seu território. Os demais 26 estados tiveram redução, sendo que as mais expressivas foram em Rondônia (de 93% em 1985 para 59% em 2023), Maranhão (de 88% para 61%), Mato Grosso (de 87% para 60%) e Tocantins (de 85% para 61%). A área de pastagem passou de 6% para 38% em Rondônia; de 5% para 29% no Maranhão; de 6% para 24% no Mato Grosso; e de 7% para 30% no Tocantins.

– Os estados com maior proporção de vegetação nativa são Amapá (95%), Amazonas (95%) e Roraima (93%). Já os estados com menor proporção de vegetação nativa são Sergipe (20%), São Paulo (22%) e Alagoas (23%).

Autor
Blog do Mamede

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