Categories: Sem categoria

Em ano eleitoral, mulheres intensificam luta para ampliar participação política

Spread the love

Em ano eleitoral, mulheres intensificam luta para ampliar participação política

 

Ainda é grande a distância entre o tamanho e as necessidades da população feminina e seu espaço nas instâncias de poder, reforçando que 2024 é central para avançar nessa frente

 

Foto: Mídia Ninja

Garantir diversidade e equidade na política é um desafio histórico e estrutural ainda longe de ser superado dentro e fora do Brasil. Em ano de eleição municipal, esse debate ganha maior destaque frente à baixa presença, por exemplo, de mulheres nas câmaras e prefeituras do  país.

Conforme levantamento feito pela Folha de S.Paulo junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE)desde o pleito de 2000 até o de 2020, 3.557 municípios brasileiros não tiveram nenhuma prefeita eleita. No caso das cidades com mais de 100 mil habitantes, 71% não elegeram prefeitas, percentual que cai um pouco, para 63%, nas que têm menos de 100 mil habitantes.

Outro conjunto de dados do TSE que corrobora essa situação aponta que nas eleições municipais de 2020, o percentual de mulheres eleitas para as câmara municipais foi de 16% — em 2016, havia sido de 13%. No entanto, 933 cidades não tiveram candidatas eleitas ao cargo de vereança há quatro anos e apenas 663 elegeram prefeitas. E neste ano, até o início de julho, havia apenas 32 mulheres pré-candidatas às prefeituras nas capitais brasileiras — dentre elas, Maria do Rosário (PT) em Porto Alegre; Tábata Amaral (PSB) em São Paulo; Duda Salabert (PDT) em Belo Horizonte e Ana Carolina Sponza Braba (Novo).

Nas eleições de 2022, 38 mulheres disputaram os cargos de governadora e vice e apenas Pernambuco e Rio Grande do Norte escolheram uma para governar.

Leia também: Central sindical realiza encontro pelo empoderamento feminino na política

O problema se repete no âmbito legislativo, de maneira que, embora o Brasil tenha uma população majoritariamente feminina (51,5%), apenas 17,7% das cadeiras do Congresso Nacional são ocupadas por elas — com isso, o país tem uma das piores representatividades da América Latina e Caribe, ficando à frente somente do Haiti e de Belize.

A realidade revelada por essas informações não é uma novidade, dada a desigualdade já tão conhecida de todos. No entanto, constitui mais um elemento a reforçar a necessidade de haver mais políticas públicas e investimentos — desde a educação, passando pelas esferas social e político-institucional e pelo âmbito privado —, para que as mulheres possam ocupar mais espaços na política (e se manter neles), de maneira a garantir maior pluralismo e pautas afinadas com as necessidades da parcela feminina da população.

Em julho, o Ministério das Mulheres lançou a campanha “Mais mulheres no poder, mais democracia”, com o objetivo de estimular a participação das mulheres nos espaços de poder e decisão. As peças visam, ainda, conscientizar e sensibilizar a população brasileira sobre a realidade da violência política de gênero, um dos elementos que acabam afastando as mulheres desse meio.

Outra iniciativa recente do ministério, junto com a pasta dos Direitos Humanos e Cidadania, é a promoção do curso gratuito “Protagonismo das Mulheres: passos para a atuação política das mulheres em espaços de poder e decisão”, realizado em parceria com a Escola Nacional de Administração Pública (Enap), por meio da Escola Virtual de Governo (EvG).

Iniciativas por mais mulheres na política

Para além das medidas governamentais, uma série de partidos, entidades e instituições tem investido em ações para enfrentar a desigualdade de gênero e assegurar maior acesso às mulheres na política.

Uma dessas iniciativas é a Caravana “Mais Mulheres na Política”, realizada pelo PCdoB, que desde junho percorre o país debatendo e estimulando a participação feminina.

No mais recente evento, realizado na sexta-feira (9), em Salvador (BA), a deputada federal do partido pelo estado, Alice Portugal, apontou que “a Caravana das Mulheres é um mecanismo político de mobilização feminina. A representação da mulher nos espaços de poder é primordial para sair da condição de sub-representação, necessitando de estímulos, formação e confiança para darmos o salto em direção a participação mais efetiva”.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) também está atuando nessa frente de lutas e realiza, nesta quinta-feira (15), encontro nacional com suas pré-candidatas.

Com esse mesmo objetivo, no início de julho, 170 parlamentares mulheres de 26 países aprovaram um conjunto de recomendações para aumentar a participação das mulheres nas decisões políticas e promover a igualdade econômica e produtiva entre homens e mulheres, durante a primeira Reunião de Mulheres Parlamentares do P20, o fórum do Legislativo do G20, em Maceió.

Leia também: Mulheres são maioria dos mestres e doutores, mas remuneração ainda é menor

Entre as recomendações listadas em carta final do encontro estão a ampliação do financiamento público para promover a igualdade entre homens e mulheres e a busca da inclusão dos direitos das mulheres nas políticas, orçamentos e instituições dos países do G20, além da adoção de medidas que valorizem o trabalho não remunerado de cuidados e doméstico.

Além dessas, constam ainda a adoção de cotas, reserva de assentos e financiamento para aumentar a participação das mulheres no poder e alcançar a paridade em cargos eletivos e administrativos.

Em um dos painéis do evento, a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), destacou que enfatizou a importância de que cada vez mais espaços sejam abertos para a participação feminina nas decisões políticas. “A representação das mulheres nesses espaços não é apenas uma questão de justiça, mas uma necessidade para a construção de políticas, que realmente atendam às necessidades de toda a população feminina. Vamos levar adiante as lições e inspirações deste encontro, trabalhando incansavelmente pelas vidas das mulheres”, disse.

Blog do Mamede

Recent Posts

STF condena mais 14 réus pelos atos antidemocráticos que recusaram acordo com o Ministério Público

STF condena mais 14 réus pelos atos antidemocráticos que recusaram acordo com o Ministério Público…

20 horas ago

Bolsonaro deve explicações ao Brasil, além de pagar pelos seus crimes

Nota: Bolsonaro deve explicações ao Brasil, além de pagar pelos seus crimes Punição para todos…

21 horas ago

20 de novembro: Um chamado à luta por espaços de poder e representatividade

20 de novembro: Um chamado à luta por espaços de poder e representatividade É essencial…

21 horas ago

Boletins de crimes raciais crescem 968,5% em SP, aponta relatório

Boletins de crimes raciais crescem 968,5% em SP, aponta relatório   Ouvidoria das Polícias estadual…

21 horas ago

Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid

Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid   PF…

21 horas ago

Mercado de trabalho, a evidente discriminação e desigualdade racial

Mercado de trabalho, a evidente discriminação e desigualdade racial   É preciso desenvolvimento com valorização…

21 horas ago