A pedido da Polícia Federal (PF), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou novo inquérito contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A PF suspeita do envolvimento da parlamentar bolsonarista na trama golpista que culminou na destruição da Praça dos Três Poderes, em 8 de janeiro de 2023. Segundo os investigadores, Zambelli enviou a influenciadora Elisa Robson à Espanha para tratar com o general Hugo Carvajal, ex-diretor da Inteligência Militar da Venezuela.
Conhecido como “El Pollo”, Carvajal foi preso no país europeu por tráfico de drogas, em 2021, e extraditado para os Estados Unidos (EUA), em 2023. O objetivo de Zambelli, afirma a PF, era colher informações acerca de um suposto financiamento do governo venezuelano ao Partido dos Trabalhadores (PT) e à campanha do presidente Lula em 2022, uma das fake news mais famosas nos ecossistemas da extrema direita. De volta ao Brasil, a influenciadora teria ainda fornecido um dossiê ao então ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, preso desde janeiro de 2023.
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Na reunião ministerial de 5 de julho de 2022, Bolsonaro tocou no nome de Carvajal. A PF sustenta que Zambelli articulou a viagem um mês antes das falas do ex-presidente. “Temos informações do general Carvajal lá da Venezuela que tá preso na Espanha. Ele… já fez a delação premiada dele lá. É… Por 10 anos, abasteceu com o dinheiro do narcotráfico Lula da Silva, Cristina Kirchner, Evo Morales. Né? Essa turma toda que cês conhecem”, delirou o capitão da extrema direita, à época.
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Desvio de finalidade
Na tentativa de adiar a extradição aos EUA, Carvajal apresentou um papel à justiça espanhola como prova de que o governo de seu país estava financiando partidos e movimentos progressistas na América Latina e na Europa. Aos olhos das autoridades, no entanto, as alegações do general careciam de evidências. Contra o PT, “El Pollo” não dispunha de nada. Às vésperas da eleição de 2022, para forçar a narrativa falaciosa, Torres determinou que a PF abrisse inquérito.
“Os elementos identificados apontam que a formalização açodada da investigação no âmbito da Polícia Federal – há apenas duas semanas do 1° turno das eleições presidenciais – visava a conferir credibilidade às narrativas inverídicas propagadas pela milícia digital em relação ao principal opositor político do então presidente Jair Bolsonaro”, afirma a PF, que vê indícios de desvio de finalidade e de utilização do Estado para fins ilícitos.
Em publicação de 2021 na rede social “X”, onde Zambelli costuma disseminar as notícias falsas gestadas nas bolhas bolsonaristas, a deputada estava completamente engajada na fraude eleitoral e na subversão da democracia. “Fizemos um pedido de investigação na Procuradoria-Geral da República e, entre outros pedidos, está a cassação do PT”, bradou.
Trama bolsonarista
Moraes afirmou, na decisão que autoriza a nova apuração contra Zambelli, que as evidências colhidas pela PF conectam os inquéritos dos atos golpistas de 8 de janeiro, da tentativa de golpe de Estado, da milícia digital e das fake news.
“As investigações conduzidas, portanto, estão absolutamente relacionadas com o objeto do Inq. 4.874 [Milícia Digital], especialmente com os da Pet 12100 tendo [Golpe] a Polícia Federal identificado nominalmente a deputada federal Carla Zambelli como uma das participantes nos fatos apurados ora trazidos ao conhecimento”, argumenta o ministro do STF.
Da Redação, com G1