O ministro da Secretaria Extraordinária da Presidência da República para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, declarou nesta terça-feira (11) que não vai ficar calado frente às mentiras e fake news que atrapalham o trabalho de reconstrução do estado, afetado pela pior catástrofe climática já ocorrida no País.
A declaração aconteceu durante audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC) em resposta a deputados bolsonaristas, que acusam o ministro de “restringir a liberdade de informação” por acionar a Polícia Federal para apurar as desinformações disseminadas sobre o que ocorreu no estado.
Questionado sobre o porquê de encaminhar fake news postadas até por parlamentares bolsonaristas em redes sociais para apuração da PF, Paulo Pimenta destacou que várias dessas notícias falsas, produzidas em escala industrial e com objetivo de atrapalhar o trabalho de salvamento e doações, só tinham como objetivo criar pânico e prejudicar a ajuda às pessoas atingidas pelas enchentes..
“Em todas as oportunidades que eu me deparar com ações, seja de quem for, parlamentar ou não, que de alguma forma prejudique o trabalho das autoridades, das Forças Armadas, da Força Nacional do SUS ou da Anvisa, eu tomarei as providências que achar adequadas para defender o povo gaúcho e o trabalho de salvamento e acolhimento que estamos realizando. Não podemos misturar debate ou crítica política com fake news e conteúdo criminoso. Sempre que eu me deparar com isso não terá meu silêncio como resposta”, avisou.
As mentiras
Entre as mentiras e fake news que a justiça já mandou retirar de circulação de redes sociais após a ação do ministro Paulo Pimenta, estavam a de que doações de todo o Brasil feitas ao Rio Grande do Sul não estavam sendo distribuídas, de que equipes de salvamento não estavam utilizando equipamentos para salvar pessoas, e que até aeronaves e caminhões com doações estavam sendo impedidos de entrar no estado.
“Como é possível que, numa hora como essa, que há necessidade de esforço para união e reconstrução do estado, para salvar vidas, uma pessoa se dedique a ficar atrás de um computador produzindo fake news, mentindo, desinformando e prejudicando o trabalho de salvamento. Essas ações criminosas de desinformação e fake news foram o capítulo lamentável desse momento tão trágico na vida do nosso estado e do nosso País”, lamentou.
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Resgate
Durante a audiência pública, o ministro Paulo Pimenta lamentou os 173 óbitos ocorridos no estado e disse que ainda existem 38 pessoas desaparecidas. Apesar disso, fez um balanço positivo de todas as ações adotadas pelo governo Lula em auxílio aos gaúchos. Em um primeiro momento, Pimenta disse que todo o esforço foi direcionado para salvar vidas, com operações de resgates em dezenas de municípios inundados de forma praticamente total ou parcial. Segundo o ministro, 478 dos 497 municípios do Rio Grande do Sul foram afetados pelas chuvas.
Pimenta relatou que mais de 38,8 mil profissionais federais foram envolvidos nas operações de resgate e salvamento. Participaram desses esforços integrantes das Forças Armadas, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF), Força Nacional de Segurança Pública, Força Nacional do SUS, Defesa Civil Nacional, em parceria com as defesas civis locais, Corpo de Bombeiros e voluntários civis. Assim foi possível resgatar 89 mil pessoas e 15 mil animais.
Acolhimento
Em um segundo momento, a preocupação passou a ser o acolhimento das pessoas afetadas pela catástrofe climática. O Rio Grande do Sul chegou a ter 2,4 milhões de pessoas atingidas, com 80 mil em abrigos. Atualmente, 18 mil pessoas continuam em abrigos e 423 mil ainda se encontram desalojadas.
Em auxílio a essas pessoas, conforme lembrou Pimenta, o governo Lula liberou recursos emergenciais para os municípios, mais de 50 cestas básicas, montou 12 hospitais de campanha pelo estado, além de garantir o fornecimento de medicamentos e vacinas.
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Reconstrução
Sobre a terceira etapa, que é a do restabelecimento da normalidade no estado, o ministro ressaltou a criação do auxílio-reconstrução, no valor de R$ 5,1 mil, para todas as pessoas que perderam suas casas nas inundações. Até o momento, esse valor já foi depositado para cerca de 100 mil famílias. Ainda nessa fase, o ministro destacou o compromisso do governo Lula em dar uma nova casa para todas as pessoas da Faixa 1 e 2 do Minha Casa Minha Vida (até R$ 4,4 mil, ou 93% da população atingida).
Para a reconstrução do estado, Pimenta destacou o esforço do DNIT e do ministério dos Transportes, que já liberaram o trânsito em praticamente todas rodovias, que chegaram a ter mais de 300 pontos de bloqueio.
Além disso, o ministro ressaltou que o governo suspendeu o pagamento da dívida do estado com a União pelos próximos 3 anos, no valor de R$ 11 bilhões, eliminou a incidência de juros sobre o montante da dívida, mais R$ 12 bilhões, além de ter adiado o pagamento de tributos federais pelos gaúchos atingidos.
Setor produtivo
Pimenta também destacou o lançamento da linha de crédito via Pronampe Solidário (para micro e pequenos empreendimentos afetados pelas enchentes), que já tem mais de R$ 1 bilhão em contratos fechados, com juro zero, 12 meses de carência e 36 meses para pagar. Ele citou ainda a linha de crédito de R$ 15 bilhões do BNDES, para todas as empresas localizadas em municípios atingidos (compra de máquinas, equipamentos e para capital de giro), além do anúncio do Programa de Manutenção dos Empregos.
Por esta medida, o governo federal pagará duas parcelas do salário mínimo (R$ 1.412), durante dois meses, para cerca de 534 mil trabalhadores nas áreas afetadas pelas inundações, com a garantia da manutenção dos empregos dos beneficiários por, no mínimo, o mesmo período.
“Eu não me lembro, em nenhuma outra oportunidade no Brasil, de uma ação dessa magnitude do governo federal em apoio a um estado”, ressaltou Paulo Pimenta sobre o trabalho do governo Lula.
Durante a audiência pública, reforçaram os elogios aos esforços do governo Lula e as críticas aos bolsonaristas que espalham fake news nas redes sociais o líder do PT na Câmara, Odair Cunha (MG), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), além dos deputados Rubens Pereira Jr (PT-MA), Helder Salomão (PT-ES) e Welter (PT-RR).