Categories: Sem categoria

Enchentes no Rio Grande do Sul devastam agricultura familiar

Spread the love

Enchentes no Rio Grande do Sul devastam agricultura familiar

 

Fortes chuvas causaram prejuízos incalculáveis; MST e Fetag destacam necessidade de reconstrução sustentável e apoio governamental.

 

Lavoura de arroz alagada | Foto: MST-RS

As intensas chuvas que começaram em 27 de abril no Rio Grande do Sul trouxeram graves prejuízos à agricultura familiar, afetando 420 famílias Sem Terra assentadas em várias regiões do estado. Os estragos causados pelas inundações não se limitaram às residências; produção de alimentos, estruturas, ferramentas, maquinários e a vida de animais também foram severamente impactados.

Os seis assentamentos do MST afetados estão na região metropolitana de Porto Alegre e na região central do estado: Integração Gaúcha (IRGA) e Colônia Nonoaiense (IPZ), em Eldorado do Sul; Santa Rita de Cássia e Sino, em Nova Santa Rita; 19 de setembro, em Guaíba e Tempo Novo, em Taquari.

Salete Carollo, da direção estadual do MST no RS, ressaltou que, apesar das perdas incalculáveis, “nenhuma família perdeu seus entes.” As famílias desabrigadas foram encaminhadas a abrigos provisórios ou realocadas em outros assentamentos. Até o momento, apenas 38 famílias conseguiram retornar aos seus lotes e estão empenhadas na reconstrução das áreas devastadas.

Leia também: Sindicalistas cobram medidas para proteger os trabalhadores no RS

A reconstrução exige uma mudança drástica no modelo de manejo ambiental e produção agrícola, conforme destacam os atingidos. “Essas catástrofes acontecem como uma resposta da natureza. Isso é resultado da ação humana. O sistema capitalista em que vivemos, onde o lucro está acima de tudo, está gradativamente destruindo tudo”, salienta Salete.

Enquanto algumas famílias retornaram, outras não desejam mais voltar, assumindo a realidade de refugiados climáticos, cientes da recorrência das enchentes na região. Dionéia Soares Ribeiro, agricultora de arroz orgânico e coordenadora de insumos do MST no Rio Grande do Sul, destacou o impacto das enchentes recorrentes. “É a terceira enchente seguida e o efeito acumulado sobre a produção é de devastação praticamente total,” mencionou Dionéia. Ela expressou preocupações sobre o futuro da produção de arroz agroecológico, que está em risco devido às previsões de chuvas cada vez mais severas.

Leia também: Sul teve aumento de chuvas nos últimos anos e índice pode seguir em elevação

Álvaro Delatorre, engenheiro agrônomo e dirigente do Setor de Produção do MST/RS, enfatizou a necessidade de uma reconstrução coletiva: “O estado se transformou em um campo de refugiados e de escombros. Só existe uma forma de reconstruir o que foi devastado, e essa forma só pode ser coletiva.” Ele também mencionou a importância da mobilização popular e da responsabilidade compartilhada na construção de uma sociedade mais justa.

Prejuízos ecônomicos

Os dados preliminares revelam um cenário desolador. Em Eldorado do Sul, agroindústrias e armazéns foram fortemente prejudicados, afetando 200 famílias produtoras de hortaliças e frutas. Destas, 170 famílias perderam toda a produção, somando cerca de 250 hectares. O prejuízo financeiro estimado é de R$35 milhões, considerando os 12 principais produtos da região.

Leia também: Governo destina mais R$ 12 bilhões em crédito ao Rio Grande do Sul

A pecuária leiteira também sofreu severas perdas. Estimativas da Cootap indicam prejuízos de quase R$3 milhões, com a morte de 95 cabeças de gado, sendo 55 mortes somente em Eldorado do Sul, e danos a pastagens e maquinários. A rizicultura não ficou atrás; cerca de 2.358 hectares de arroz foram perdidos em seis assentamentos, afetando tanto a produção agroecológica quanto a convencional.

Sérgio de Miranda, líder dos trabalhadores rurais e secretário nacional de Finanças da CTB, avaliou os impacto. “A tragédia traz prejuízos imensos e incalculáveis para todos os segmentos da sociedade. No caso da agricultura familiar, são centenas, quem sabe milhares de agricultores que perderam suas casas, infraestrutura, instalações e animais.”

Medidas de recuperação

As entidades representativas da agricultura familiar, como a FETAG e a CONTAG, estão em tratativas com os governos federal e estadual para a implementação de medidas emergenciais e de longo prazo. Sérgio de Miranda explicou que já foram anunciadas prorrogações de dívidas e planos de empréstimos emergenciais, mas ressaltou que a recuperação será um desafio enorme: “Há um conjunto de medidas necessárias, e já estão sendo enviadas ao governo federal para que possa ir atendendo.”

Leia também: Centrais orientam sindicatos a promoverem ações pró-RS

A situação das famílias Sem Terra no Rio Grande do Sul ilustra a vulnerabilidade da agricultura familiar frente às mudanças climáticas e a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para mitigar os impactos das catástrofes naturais. A reconstrução, conforme enfatizado pelos dirigentes, deve ser um esforço coletivo que envolva governo, sociedade e as próprias famílias atingidas.,

__
com informações do MST

AUTOR
Blog do Mamede

Recent Posts

STF condena mais 14 réus pelos atos antidemocráticos que recusaram acordo com o Ministério Público

STF condena mais 14 réus pelos atos antidemocráticos que recusaram acordo com o Ministério Público…

17 horas ago

Bolsonaro deve explicações ao Brasil, além de pagar pelos seus crimes

Nota: Bolsonaro deve explicações ao Brasil, além de pagar pelos seus crimes Punição para todos…

18 horas ago

20 de novembro: Um chamado à luta por espaços de poder e representatividade

20 de novembro: Um chamado à luta por espaços de poder e representatividade É essencial…

18 horas ago

Boletins de crimes raciais crescem 968,5% em SP, aponta relatório

Boletins de crimes raciais crescem 968,5% em SP, aponta relatório   Ouvidoria das Polícias estadual…

18 horas ago

Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid

Plano para assassinar Lula foi discutido na casa de Braga Netto, diz Cid   PF…

18 horas ago

Mercado de trabalho, a evidente discriminação e desigualdade racial

Mercado de trabalho, a evidente discriminação e desigualdade racial   É preciso desenvolvimento com valorização…

18 horas ago