Casa Branca tenta lavar as mãos após defender governo sionista durante os sete meses de conflito que já deixou 30 mil mortos em Gaza
Publicado pelo Portal Vermelho
O governo dos Estados Unidos apresentou ao Conselho de Segurança da ONU um projeto de resolução que defende um “cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza. Depois de rejeitar três resoluções que exigiam o fim das hostilidades, o texto da Casa Branca tenta impor a sua solução em Gaza.
A trégua é condicionada à libertação dos reféns mantidos pelo Hamas desde o início do novo conflito, além fim do financiamento do grupo por Estados Membros.
A informação foi dada, nesta quinta (21), pelo chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que em entrevista ao canal de notícias estatal Al Hadath, da Arábia Saudita, usou um malabarismo retórico para equivaler o ataque do Hamas no 7 de outubro, com o genocídio em curso na Faixa de Gaza:
“Acabamos de apresentar uma resolução perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que apela a um cessar-fogo imediato ligado à libertação de reféns. Claro, apoiamos Israel e o seu direito de se defender, de garantir que o 7 de Outubro nunca mais aconteça. Mas, ao mesmo tempo, é imperativo que nos concentremos nos civis que estão em perigo e que sofrem tão terrivelmente”, declarou o secretário, que ainda afirmou que uma votação pode ocorrer nos próximos dias.
A fala de Blinken consolida uma mudança cínica de orientação de Washington na guerra, em meio ao péssimo desempenho de Joe Biden nas pesquisas eleitorais. Biden e seu comitê de campanha estão sendo pressionados pelo eleitorado por causa do apoio americano a Tel Aviv. O ex-presidente Donald Trump segue a frente nas pesquisas de intenção de voto.
Os EUA, um dos cinco países que têm poder de veto no Conselho de Segurança da ONU, vinham barrando propostas de cessar-fogo desde outubro de 2023.
Desde o início do conflito, esta é a primeira vez que a Casa Branca defende uma medida desta natureza. Até aqui, a embaixadora de Washington nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, havia bloqueado três resoluções que exigiam o fim das hostilidades em momentos
Em outubro de 2023, a embaixadora vetou a resolução proposta pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando as autoridades palestinas contabilizavam seis mil mortos em constantes bombardeios. Em dezembro, Thomas-Greenfield levantou a mão para bloquear outra resolução por cessar-fogo dos Emirados Árabes, quando o número de mortos saltou para mais de 17 mil vidas perdidas.
Já em dezembro, o rastro de sangue se misturava com a fome e a destruição quase completa das cidades ao norte do enclave.
Por fim, em fevereiro deste ano, a Casa Branca vetou a terceira resolução que pedia cessar-fogo, agora da Argélia. Naquela altura, o governo Netanyahu já havia sido denunciado na Corte Internacional de Justiça, em Haia, pela África do Sul, após marca de 30 mil mortos ter sido ultrapassada.
A apresentação da resolução americana também ocorre em meio as pressões internacionais contra as intenções do governo Netanyahu de seguir com o plano de incursão militar terrestre à cidade de Rafah, local de refúgio de mais de 1,5 milhão de palestinos.
O conteúdo da resolução norte-americana
De acordo com fragmentos divulgados pelo jornalista Jamil Chade, do UOL, o governo americano exige a liberação e proteção dos reféns sob o poder do Hamas, além de instar os Estados Membros a intensificarem seus esforços para suprimir o financiamento do grupo islâmico (a quem o texto chama de “terrorista”).
“Determina a necessidade imperativa de um cessar-fogo imediato e sustentado para proteger os civis de todos os lados, permitir a entrega de assistência humanitária essencial e aliviar o sofrimento humanitário e, para esse fim, apoia inequivocamente os esforços diplomáticos internacionais em andamento para garantir esse cessar-fogo em conexão com a libertação de todos os reféns restantes”, cita o principal trecho do documento, publicado pelo UOL.
Por pressão eleitoral interna e da comunidade internacional, Biden tenta lavar as mãos depois de apoiar o banho de sangue causado pelo governo sionista. Neste sentido, no texto, os EUA determinam que instalações e equipes médicas devem ser respeitados e protegidos. O documento também rejeita a redução do território de Gaza.
Estes pontos são sinais claros da insatisfação crescente do governo americano com a coalização de extrema-direita de Israel, liderada pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
A menção aos estabelecimentos médicos na resolução ocorre na mesma semana em que as Forças de Defesa Israelense (IDF, na sigla em inglês) iniciaram uma operação no hospital Al-Shifa, maior hospital de Gaza, que resultou na morte de mais de 140 pessoas.
Nesta quinta (21), anunciou ter matado mais 50 pessoas na região do hospital. Tel Aviv diz que os mortos eram todos terroristas, repisando a acusação de que o hospital é usado como centro de comando e controle do Hamas, mesmo argumento com que justificou sua primeira e controversa invasão ao centro médico, em novembro.
Ao que parece, no entanto, a diplomacia americana não acredita na versão dos sionistas de Netanyahu. No início de março, durante uma entrevista, Biden chegou a dizer que Netanyahu está “prejudicando mais do que ajudando” Israel com a postura na Faixa de Gaza.
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