Uma sessão de cinema que tocou os espectadores na tarde desta quinta-feira (14/12) na sede do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO). O filme “Pureza”, de Renato Barbieri, foi exibido para uma plateia atenta e emocionada. O evento marcou o encerramento das atividades em Goiás, no ano de 2023, do Programa Trabalho Seguro, que tem como gestor regional o desembargador Welington Peixoto.
O filme mergulha nas mazelas do trabalho análogo à escravidão. Dira Paes dá vida à personagem Pureza numa história de coragem, resistência e busca pela verdade, que promete deixar uma marca duradoura em cada espectador.
A desembargadora aposentada Elza Silveira disse que acompanhou sofrimento parecido com o do filme ao longo de sua carreira como fiscal do trabalho em São Paulo e como juíza, quando teve que lidar com o resgate de trabalhadores em Trindade. “Foi uma experiência muito difícil, muito sofrimento, mas foi um trabalho de parceria com o Ministério Público e comovente liberar aqueles trabalhadores”, ressaltou.
A advogada Cristiane Pavan revelou que o filme é impactante e elogiou a sensibilidade do Tribunal em tratar do tema. “Muito se fala em era digital, direito 4.0, metaverso, mas o direito é feito por pessoas e temos que refletir em como essa energia do trabalho humano é usada”, ponderou. Ela também elogiou a atuação do MPT e da Superintendência do Trabalho em Goiás.
O filme “Pureza” lançou uma luz intensa sobre a sombra do trabalho análogo à escravidão no Brasil, e os números mais recentes revelam uma realidade alarmante: Goiás lidera o ranking de trabalhadores resgatados em 2023. Segundo Roberto Mendes, auditor fiscal do trabalho e coordenador das operações de combate ao trabalho escravo no Ministério do Trabalho em Goiás, foram realizadas este ano 19 operações que resgataram 720 trabalhadores no Estado.
Para o procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Goiás, Alpiniano Lopes, “a Justiça do Trabalho tem sido firme e nos dado apoio nas operações de resgate. É uma chaga que precisamos combater”, ressaltou. Sobre o filme, Alpiniano disse que ele retrata bem a situação em que vivem milhares de trabalhadores no país, pois baseia-se em fatos reais.
O desembargador Welington Peixoto, idealizador do evento, disse que a Justiça do Trabalho tem essa responsabilidade social de se aproximar da sociedade e ser inclusiva e protetora das minorias. “É um papel magnífico essa devolutiva social, dialogar a respeito das mazelas que o filme mostra e esse é um dos objetivos do programa Trabalho Seguro”, afirmou.
A exibição de “Pureza”, segundo o desembargador, não apenas denuncia a realidade, mas também instiga a sociedade a refletir sobre o impacto social e econômico do trabalho análogo à escravidão. Como isso afeta não apenas os trabalhadores diretamente envolvidos, mas também a imagem do país como um todo.
Ele agradeceu a todos os apoiadores e patrocinadores da iniciativa e mencionou a presença de representantes de várias instituições no evento, como a Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais, o Sindicato dos Empregados Assalariados Rurais de Itapaci, o Sindicato dos Empregados Assalariados Rurais de Nova Glória, o Sindicato dos Empregados Assalariados Rurais de Rubiataba e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Helena de Goiás, Tuverlândia e Maurilândia.
O evento contou com apoio da Associação dos Servidores da Justiça Trabalhista do Estado de Goiás (Asjustego), Associação dos Magistrados do Trabalho da 18ª Região (Amatra 18), Associação Goiana da Advocacia Trabalhista (Agatra), Instituto Goiano de Direito do Trabalho (IGT), Ministério do Trabalho e Emprego, OAB-GO, MPT-GO, Adial Log, Federação dos Trabalhadores na Indústria nos Estados de Goiás, Tocantins e Distrito Federal (FTIEG-TO-DF), Sindiposto e Coca-Cola.