Em seu primeiro ano, o presidente Lula conseguiu melhorar muito a vida da população e alcançar excelentes resultados econômicos. Mas a luta contra a extrema direita deve continuar sendo uma das preocupações centrais tanto do Partido dos Trabalhadores quanto do governo.
A avaliação foi feita, nesta terça-feira (28), pela presidenta nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), em entrevista ao site Brasil 247 (assista abaixo). “Não podemos passar um dia sem fazer disputa política, sem demarcar e sem enfrentar essa gente. Nós temos que fazer isso no PT e no governo também”, defendeu.
“O momento agora é de fortalecer a democracia no país”, continuou. “Não é porque ganhamos a eleição que a democracia está totalmente restabelecida, que as instituições estão totalmente seguras. Nós temos que ter noção do momento que nós vivemos, do ataque que a extrema direita faz não só no Brasil, mas no mundo. Não estamos falando da direita tradicional, é muito diferente. Estamos falando de gente que usa qualquer método e está aí disposta a fazer essa disputa. Então, não dá pra dar mole para essa gente”, alertou.
Da mesma forma que a democracia ainda não está assegurada, a derrota do bolsonarismo não foi consolidada com a eleição de 2022. “Nós temos que fazer a disputa política na sociedade. Não é porque ganhamos o governo que podemos ficar acomodados. O PT tem que estar organizado em todos os municípios, tem que reavivar seus Comitês de Luta, tem que falar com o povo, se reorganizar”, defendeu.
Para Gleisi, o ideal é que o partido e sua militância estejam em “modo campanha permanente”. “Se nós não fizermos a disputa política em cima dos nossos programas, a gente corre o risco de fazer excelentes entregas para a sociedade e perder na disputa. Porque a extrema direita não parou”, acrescentou, lembrando que, muitas vezes, as pessoas não entendem que as ações que as beneficiam são fruto de decisões políticas.
Recursos para o Brasil andar
E foram decisões políticas tomadas pelo governo Lula que fizeram com que o Brasil chegasse ao fim de 2023 crescendo muito mais e com uma inflação muito menor do que o mercado previa.
“O mercado apostava, no início do ano, que o país não ia crescer mais de 1%, e nós vamos fechar o ano crescendo 3%. Eu não tenho dúvidas de que isso foi resultado da PEC da Transição, com a qual tivemos R$ 160 bilhões colocados no orçamento da União para fazer investimentos e programas”, analisou.
Segundo ela, com a PEC, foi possível retomar a política de valorização do salário mínimo, dar isenção no Imposto de Renda para quem ganha até R$ 2.640, reestruturar o Bolsa Família, quitar dívidas com o Desenrola Brasil e tomar outras medidas que aumentaram a renda da população. “E isso tem reflexo grande na economia, pelo volume grande de recursos que entra”, explicou, rebateu o discurso dos que tentam chamar investimento público de gastança.
“Isso tudo só foi possível porque a gente tinha recurso no orçamento. Nós vamos ter um deficit orçamentário, que já estava previsto, de 2% do PIB. E o que vai acontecer? Nada demais. E o país está andando, o que é importante”, argumentou, elencando ainda uma série de outras ações implementadas: Novo PAC, Minha Casa Minha Vida, Farmácia Popular, Mais Médicos, reajuste da merenda escolar, financiamentos para a agricultura familiar.
Expectativas para 2024
Para a presidenta do PT, é possível esperar que, em 2024, o governo Lula volte a desmentir as projeções do mercado, que hoje aposta numa desaceleração da economia.
“Está todo mundo dizendo que ano que vem vai ser mais difícil, que não vai crescer tanto. Isso vai depender da dinâmica do governo de fazer e executar seus programas e projetos. E eu acredito que o governo terá essa dinâmica. O presidente Lula é um obcecado por crescimento, por emprego, por desenvolvimento. Fará isso e não deixará acontecer (um retrocesso na economia)”, disse.
Gleisi lembrou ainda que, os bons resultados se deram “a despeito da política horrorosa” mantida pelo presidente do Banco Central, o bolsonarista Roberto Campos Neto, que insiste em manter a taxa de juros básica em níveis “escorchantes”.
“Sempre critiquei e vamos continuar criticando. A posição do presidente do Banco Central sempre foi política. É uma vergonha. A inflação está controlada, não está explodindo, a gente está tendo crescimento, as condições fiscais do país são boas. Não tem justificativa manter isso, a não ser por uma visão política divergente do projeto que está aí”, observou.
De acordo com ela, a decisão de tornar o Banco Central independente gerou essa distorção de permitir que uma política derrotada nas urnas continue sendo colocada em prática. “Se nós tivéssemos baixado as taxas de juros mais rápido, a gente estaria com outro resultado de crescimento, não tenho dúvidas. Estaria melhor e já prepararia o crescimento do ano que vem.”