A presidenta Nacional do PT, Gleisi Hoffmann, visitou nesta segunda-feira (19) a cidade de Goiânia (GO) para uma série de encontros políticos visando a construção de candidaturas e a definição da estratégia do partido para as eleições municipais de 2024, com destaque à defesa e apoio às candidaturas de mulheres.
A sua primeira agenda, às 10h, foi uma entrevista ao vivo a Jackson Abrão e Cileide Alves, do Jornal O Popular. Em seguida, às 11h, a deputada federal pelo Paraná se reuniu com a direção executiva estadual do PT-GO, com a direção municipal de Goiânia, com as bancadas da Assembleia Legislativa, deputados estaduais e federais e prefeitos e prefeitas da região.
Acompanharam Gleisi nas agendas a presidenta estadual do PT de Goiás, Kátia Maria, a deputada federal Adriana Accorsi, a deputada estadual Bia de Lima, entre outros.
“A presença da presidenta Gleisi Hoffmann em Goiás fortalece a democracia, nossa organização interna e a participação do PT nas eleições de 2024. Reunir com as reitoras e reitores das universidades e os institutos federais para organização da Jornada da Democracia será um marco no enfrentamento da guerra cultural que dissemina o ódio e retira direitos”, afirmou a presidenta Kátia Maria.
Gleisi participou às 13h, no Hotel Umuarama, de encontro com reitoras e reitores das universidades UFG, IFG, IG Goiano, UFCAT, UFJ e PUC-GO. Na pauta, o debate sobre o papel das universidades na guerra cultural entre a extrema-direita e a esquerda. Também participaram do evento os presidentes dos partidos da Federação Brasil da Esperança, da qual o PT faz parte com PV e PCdoB.
“Eu vim para cá exatamente para me reunir com o PT e com os partidos da Federação para a gente começar a discutir a tática eleitoral. A gente não pode deixar para o ano que vem. Essa definição tem que ser esse ano, mas isso não significa que o que for decidido neste ano necessariamente vai acontecer no próximo ano. A gente pode mudar, pode discutir, fazer composição, mas é importante que, neste ano, o PT defina a tática eleitoral, inclusive das candidaturas que podem acontecer nestas cidades”, falou Gleisi à tarde, em coletiva de imprensa.
Em seguida, às 15h, a presidenta do PT se reuniu, também no Hotel Umuarama, com representantes da Federação Brasil da Esperança. Às 16h, participou de encontro com as mulheres do PT e, às 18h, de uma grande plenária com a militância dos partidos da Federação e com movimentos sociais.
A presidenta Gleisi já visitou os estados de Amazonas, Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina e, agora, Goiás organizando o PT para as próximas eleições. Em alguns estados, Gleisi é acompanhada nas agendas pela secretária Nacional de Organização do PT, Sônia Braga.
Entrevista
A seguir, trechos da entrevista ao vivo de Gleisi Hoffmann ao Jornal O Popular. Fizeram parte da conversa os principais temas da política nacional.
“A gente tem uma caminhada para fazer. A eleição municipal de 2024 é nosso foco nesta visita. Estou aqui para conversar com o pessoal do PT e da nossa Federação sobre esses desafios”, afirmou a presidenta ao Jornal O Popular.
Gleisi disse que a divulgação de relatório da Polícia Federal (PF) sobre o roteiro do golpe encontrado no celular de Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, reforça o debate em torno do ataque à democracia e que esse plano começou a ser gestado antes de 8 de janeiro, com o não reconhecimento do resultado das eleições que elegeram Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República pelo terceiro mandato. “Temos de reforçar a defesa da democracia. Acredito que Bolsonaro se tornará inelegível”, ponderou, em relação ao início do julgamento do ex-presidente pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nesta quinta-feira (22).
Ao ser questionada sobre “erros do governo Lula”, a presidenta afirmou: “Não, muitos acertos”. E elencou as principais realizações do governo na reconstrução de políticas econômicas e sociais e na volta do Brasil à comunidade internacional.
“Veja, em cinco meses de governo, nós estruturamos quase todos os programas e projetos que nós tínhamos levado a efeito nos mandatos nossos, tanto do Lula como da Dilma, a começar pela reestruturação do Bolsa Família, lançamento do Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, o reajuste da merenda escolar, o lançamento do PPA, a discussão do Plano Safra em outro patamar, o presidente se colocou para fazer investimentos e melhorar a economia brasileira, a mudança da política de preço da Petrobras, que já teve efeito nos preços dos combustíveis, o reajuste do salário mínimo, o reajuste da tabela do imposto de renda… Então, foram muitas coisas boas”, afirmou.
Gleisi defendeu o reposicionamento do Brasil no mundo porque isso traz investimentos para a nação. “O presidente Lula recolocou o Brasil em outro patamar. Então, eu acho que teve muito acertos.”
A presidenta falou sobre a importância do diálogo com a Câmara e o Senado. “O perfil do Congresso Nacional é muito diferente do que a gente já viveu anteriormente, então, vai exigir de nós mais esforço para fazer uma ação e aprovar os projetos de interesse do governo e do país.”
E defendeu o arcabouço fiscal do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a aprovação da reforma tributária que tramita no Congresso.
“A gente nunca teve desconfiança em relação ao Haddad, nem o PT, nem parte do PT. É natural do PT fazer as discussões sobre temas importantes para nós, como é a questão da economia, do arcabouço, que afeta a vida das pessoas. Nós fizemos uma campanha eleitoral dizendo que nós íamos ter o estado presente, como o indutor do processo da economia”, falou.
Outro tema importante abordado pela presidenta Gleisi foi a sua participação na Comissão Parlamentar de Inquérito do MST. “Eu tenho as minhas posições políticas e as defendo, como o governador Caiado defende as dele. Eu faço política para defender posição, tentar fazer com que as posições que nós acreditamos possam ser colocadas na sociedade”, falou, em referência a embate com o governador do Estado.
Gleisi disse que respeita interlocutores e sabe da necessidade que alianças. “Aliás, essa aliança que elegeu o presidente Lula foi a maior aliança política construída para uma eleição. E eu era presidenta da PT.”
Como exemplo dessa importância, ela citou a conversa que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, está tendo com a Fazenda sobre o Plano Safra 2023/2024, estimado em cerca de R$ 400 bilhões, para o agronegócio.
“Temos de ter um Plano Safra forte. Isso quer dizer: é o Estado presente na agricultura. O agronegócio é um dos setores mais subsidiados que nós temos. Está certo, porque outros países fazem isso”, defendeu Gleisi, alertando que é preciso considerar também os pequenos agricultores.
“Particularmente, olhando de fora e como presidenta de um partido, eu defendo tanto o Plano Safra do agronegócio, da grande agricultura, quanto o Plano Safra da agricultura familiar. Nós precisamos de financiamento para produzir mais comida, para baratear o preço, para dar acesso às pessoas, para melhorar a situação da inflação.”
Da Redação