Categories: Sem categoria

Famílias chefiadas por mulheres negras são mais atingidas pela fome

Spread the love

Famílias chefiadas por mulheres negras são mais atingidas pela fome

 

O recorte de raça e gênero feito pelo 2º Inquérito Vigisan aponta que 22% dos lares de mulheres negras estavam em insegurança alimentar grave

 

Foto: Elineudo Meira/Fotos Públicas

Divulgado nesta segunda-feira (26), o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN), com recorte de dados por raça/cor da pele e gênero, revela que a fome atinge 20,6% de famílias chefiadas por pessoas que se autodeclaram pretas no Brasil – uma a cada cinco famílias.

Em lares chefiados por pessoas pardas o percentual é 17% e em domicílios de pessoas brancas o número cai pela metade em relação ao de pessoas pretas, 10,6%.

II VIGISAN

Gênero

Quando se considera lares chefiados por mulheres negras (pretas e pardas somadas), o cenário piora e chega a 22% dos lares. Enquanto em lares com famílias chefiadas por mulheres brancas a fome chega a 13,5%.

II VIGISAN

Escolaridade

Ao se cruzar raça e gênero com escolaridade observa-se que mais estudo não ajudou a proteger da fome as famílias chefiadas por mulheres negras. Com um recorte de oito ou mais anos de estudo, ainda 33% das famílias de mulheres negras sofriam com insegurança alimentar moderada ou grave.

No caso de famílias de homens negros, o valor chega a 21,3%. Com famílias chefiadas por mulheres brancas 17,8% e por homens brancos 9,8%. (IA moderada e IA grave somadas*)

II VIGISAN

Crianças

A insegurança alimentar grave também foi observada como muito preocupante em domicílios chefiados por mulheres negras e que tinham crianças até 10 anos. Nestes casos 23,8% dos lares estavam nesta situação.

Outros 23,3% de domicílios chefiados por mulheres negras com crianças de até dez anos estavam insegurança alimentar moderada e 31,6% em insegurança alimentar leve. Somadas as três condições, a insegurança alimentar chega a 78,7% desses lares e somente 21,3% estavam em uma situação de segurança alimentar.

Leia tambémNo G7, Brasil se destaca na luta pela paz, contra a crise ambiental e a fome

Em lares chefiados por homens negros com crianças de até dez anos a segurança alimentar atinge 34,4%, em famílias chefiadas por mulheres brancas com crianças de até dez anos 39,5% e por homens brancos com crianças de até dez anos, 52,5%.

II VIGISAN

Desemprego

O desemprego foi analisado dentro das famílias. Em lares em que a pessoa de referência autodeclarada mulher negra estava desemprega, a insegurança alimentar grave chegou a 39,5%. Neste ponto destaca-se que  a falta de emprego atinge todos os grupos sociais analisados e em domicílios chefiados mulheres brancas desempregadas o número chega a 36,2%, homens negros 34,3% e homens brancos 25,3%.

II VIGISAN

Salário mínimo

Como referência o salário mínimo, que em 2021 foi de R$ 1.100,00 e em 2022 de R$ 1.212,00, a pesquisa mostra que para quem recebeu mais de um salário mínimo per capita e possuía emprego formal, a segurança alimentar é presente: em 80% dos lares de pessoas brancas e em 73% de pessoas negras

Nos mesmos critérios para trabalhadores autônomos a segurança alimentar está em 83,9% dos lares chefiados por pessoas brancas e em 74,4% dos chefiados por pessoas negras. Já para trabalhadores informais os valores são de 72,6% para domicílios chefiados por pessoas brancas e 61,5% em domicílios chefiados por pessoas negras.

II VIGISAN

Inquérito

O Inquérito VIGISAN é realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), que revelou em 2022 que a fome atingia 33,1 milhões de brasileiros. Os dados foram obtidos junto ao Instituto Vox Populi, entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir da realização de entrevistas em 12.745 domicílios, em áreas urbanas e rurais de 577 municípios, distribuídos nos 26 estados e no Distrito Federal. O trabalho conta com apoio de diversas organizações.

“A situação de insegurança alimentar e fome no Brasil, que foi denunciada ao mundo pelo II VIGISAN, em 2022, ganha maior nitidez agora. A falta de alimentos e a fome são maiores entre as famílias chefiadas por pessoas negras, principalmente mulheres negras. Precisamos urgentemente reconhecer a interseção entre o racismo e o sexismo na formação estrutural da sociedade brasileira, implementar e qualificar as políticas públicas tornando-as promotoras da equidade e do acesso amplo, irrestrito e igualitário à alimentação”, disse a professora Sandra Chaves, coordenadora da Rede PENSSAN.

Acesse o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN), com recorte de dados por raça/cor da pele e gênero, completo.

*Edição Vermelho, Murilo da Silva.

AUTOR
Blog do Mamede

Recent Posts

Anthony Garotinho Mostra Para o Brasil Quem De Fato é Ronaldo Caiado

Gente boa do Blog, quer saber quem é Ronaldo Caiado, veja esse vídeo do ex-governador…

1 dia ago

Ato Nacional de Lançamento do Plebiscito Popular acontece na próxima quinta (10) em São Paulo

Ato Nacional de Lançamento do Plebiscito Popular acontece na próxima quinta (10) em São Paulo…

1 dia ago

STF mantém inconstitucionalidade de lei do DF que criava ensino domiciliar

STF mantém inconstitucionalidade de lei do DF que criava ensino domiciliar 1ª Turma confirmou que…

1 dia ago

Movimentos lançam, dia 10, plebiscito sobre questões que afetam a vida do povo

Movimentos lançam, dia 10, plebiscito sobre questões que afetam a vida do povo   Atividade…

1 dia ago

Senado rejeita juízes indicados por Milei e escancara crise no governo

Senado rejeita juízes indicados por Milei e escancara crise no governo   Com apoio de…

1 dia ago

Apoiadoras de Trump, empresas de tecnologia perdem bilhões após tarifaço

Apoiadoras de Trump, empresas de tecnologia perdem bilhões após tarifaço   Somente nesta quinta (3),…

1 dia ago