O coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, comemorou, em entrevista ao Jornal PT Brasil, desta sexta-feira (19), o “fim do pesadelo” que foi a implementação, desde outubro de 2016, por Michel Temer, da política de preço dos combustíveis atrelada à variação do dólar, conhecida como Preços de Paridade de Importação (PPI).
O sindicalista disse que essa era uma luta antiga, de pelo menos sete anos, e que agora chega ao fim com o cumprimento da promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva de abrasileirar os preços dos combustíveis.
O rompimento com a política do PPI ocorre quatro meses após Lula assumir a presidência da República e marca o cumprimento da sua promessa de campanha de “abrasileirar” os preços dos combustíveis caso fosse eleito.
“Realmente, não fazia sentido algum nós termos o PPI. O país é autossuficiente em petróleo, tem um grande parque de refino que consegue atender a quase 85% da demanda interna do mercado, que é o sexto maior mercado consumidor de combustíveis do mundo”, afirmou Bacelar.
O dirigente argumenta que grandes nações com as mesmas características do Brasil não adotaram esse modelo de paridade, que penalizada o consumidor em detrimento dos lucros de investidores, principalmente, externos.
“No antigo modelo, o brasileiro comprava gasolina, diesel e gás de cozinha como se houvessem sido produzidos na Europa, e não no Brasil”, afirmou Bacelar.
Na terça-feira (16), o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, anunciou a nova estratégia comercial para definição de preços do diesel, gasolina e gás de cozinha, comercializados pela Petrobras. Essa política terá como parâmetro central os custos internos de produção e refino do petróleo.
Ao lado do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, Prates anunciou também a redução de 40 centavos no preço do litro da gasolina, de 44 centavos no do diesel e, finalmente, o botijão de gás de 13 kg abaixo dos cem reais. “Temos a certeza de que esses preços irão baixar ainda mais porque agora não teremos o custo de importação aplicado em um produto fabricado no Brasil e, principalmente, pela Petrobras”, comentou Bacelar.
O sindicalista falou que essa era uma luta antiga, de pelo menos sete anos, encampada pela categoria ainda durante a campanha eleitoral e montagem do programa de governo de Lula. “Ajudamos os caminhoneiros a se apropriarem desse tema, entendendo o que era o PPI e isso ajudou a difundir essa informação nacionalmente. A sociedade brasileira não aguentava mais pagar pelos preços altos que tinham os combustíveis. Isso acabava impactando na inflação, trazia a carestia para o Brasil e a comida ficava mais cara, tudo ficava mais caro para o povo brasileiro.”
Reunião com caminhoneiros
Um dia depois do anúncio da nova política de preços da Petrobras, representantes da FUP e lideranças de caminhoneiros autônomos reuniram-se, na quarta-feira (17), no Rio de Janeiro, com o presidente da Petrobras para discutirem o impacto dessa nova política no preço do diesel. “Reunimos lideranças de vários estados que participaram da greve dos caminhoneiros de 2018. Com o PPI, os caminhoneiros não tinham nenhum tipo de previsibilidade com relação ao preço do diesel e, óbvio, que isso impactava no lucro e na definição do valor do frete.”
Bacelar comenta também que ficou acertado com o presidente Prates que a Petrobras deverá retomar o diálogo com cooperativas de caminhoneiros, extintas sob o governo Bolsonaro em favor de “magnatas do agronegócio”. Mais, foi formado grupo WhatsApp com lideranças de caminhoneiros para aproximar o diálogo com a categoria, usada por Bolsonaro no passado.
Da Redação