Detalhes da operação foram informados à imprensa
O material apreendido no cumprimento de mandados judiciais da Operação Penalidade Máxima, deflagrada nesta terça-feira (14/2), trouxe para o Ministério Público de Goiás (MPGO) indícios de que os crimes apurados tiveram continuidade e se estenderam para partidas de futebol de campeonatos estaduais em 2023. Essa informação foi repassada pelos promotores de Justiça que conduzem a investigação em entrevista à imprensa nesta tarde.
A operação foi realizada pelo MPGO, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI) e do Grupo de Atuação Especial em Grandes Eventos do Futebol (GFUT), visando à obtenção de provas de associação criminosa especializada na manipulação de resultados de partidas de futebol profissional, especificamente em relação a jogos da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol do ano passado.
Na ação, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária, em Goiânia, São João Del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ). Os mandados foram expedidos pela 2ª Vara Estadual dos Feitos Relativos a Delitos Praticados por Organização Criminosa e Lavagem ou Ocultação de Bens Direitos e Valores.
Na entrevista, os integrantes do Gaeco e do GFUT esclareceram que a investigação teve início em novembro de 2022, a partir de representação (denúncia) levada ao MP pelo Vila Nova Futebol Clube, com elementos consistentes indicando a manipulação de três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado para atender a interesses de apostadores. Como foi reforçado, nestes jogos, o grupo criminoso atuou mediante a cooptação de atletas para realização de uma ação específica nas partidas, no caso, o cometimento de pênalti no primeiro tempo dos jogos.
As três partidas envolvidas, segundo informado pelo Gaeco, foram os jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Correa x Londrina. No caso da partida do Vila Nova, apesar da tentativa de manipulação e do pagamento antecipado ao jogador, o pênalti não foi cometido. Nas outras duas, o evento ocorreu.
Em razão do não cumprimento do “combinado”, o jogador do time goiano passou a ser pressionado e cobrado intensamente para ressarcimento do prejuízo ocorrido. Embora ainda não haja um cálculo preciso, a estimativa é que, nesta rodada de jogos, o “lucro” esperado pelo grupo criminoso fosse de R$ 2 milhões.
Coordenador do Gaeco, Rodney da Silva fez questão de ressaltar na entrevista que a investigação está concentrada em pessoas físicas suspeitas, incluindo apostadores e jogadores de futebol. Como enfatizou, as instituições, como clubes de futebol, a CBF, são consideradas vítimas do esquema criminoso, assim como sites de apostas.
Ele explicou que toda a apuração é escalonada em fases, tendo início com um determinado volume de indícios e número de suspeitos, que podem evoluir à medida que a investigação é aprofundada, com indicações de novas condutas criminosas e mais envolvidos. Neste caso, afirmou, existe a possibilidade de a apuração avançar e abranger jogos não só de campeonatos estaduais de 2023, mas, também, jogos da Série A.
Em relação à divulgação de nomes dos envolvidos, os integrantes do Gaeco e do GFUT salientaram que ela não pode ser feita neste momento, em razão das restrições da Lei de Abuso de Autoridade, para que não haja exposição indevida de pessoas.
Sobre o cálculo de valores, os promotores pontuaram que, como a investigação ainda está na fase inicial, ainda não há como estimar as quantias efetivamente movimentadas no esquema. Mas informaram algumas somas envolvidas: para os jogadores, era pago um adiantamento de R$ 10 mil para a prática da ação combinada; caso o combinado fosse cumprido e a aposta desse certo, ele receberia mais R$ 140 mil. Quanto ao lucro esperado com as apostas, ele variava de R$ 500 mil a R$ 2 milhões.
Na entrevista, foi compartilhado com a imprensa um print de conversa de WhasApp de um celular apreendido hoje na operação com um dos suspeitos. O diálogo sinaliza novas combinações de manipulação, envolvendo outras condutas de jogo passíveis de aposta, como número de escanteios e cartões vermelhos.
Conforme ressaltado pelo promotor Fernando Cesconetto, esses novos elementos serão analisados, junto com as demais provas coletadas, para identificação de outros potenciais investigados e de outros crimes. Também serão concluídos os interrogatórios (quatro pessoas foram ouvidas hoje), que poderão trazer mais informações. São aguardadas ainda informações resultantes de quebras de sigilo.
A princípio, explicou, as condutas praticadas abrangem os crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e dois delitos previstos no Estatuto do Torcedor, relacionados à corrupção em jogos de futebol: são as condutas dos artigos 41-C e 41-D.
Sobre o mandado de prisão cumprido, foi esclarecido que a ação ocorreu em São Paulo, tendo sido a medida determinada em razão do relevante papel desempenhado pelo suspeito. Em São Paulo, foram cumpridos ainda três mandados de busca e apreensão, um deles em São Bernardo. Em Goiânia, foram dois mandados.
O coordenador do Gaeco observou que o esquema elaborado pelos apostadores tem como objetivo aumentar ao máximo a capacidade de ganhar e ter lucro com as apostas, por meio da manipulação. Diante do que tem sido apurado em relação a essas fraudes, pontuou, já tem sido feito um trabalho preventivo, de compliance, buscando frear esse tipo de conduta criminosa. “É importante destacar que o que foi apurado não desacredita as instituições esportivas nem o esporte. É preciso ressalvar isso”, sublinhou Rodney da Silva. Ele salientou que a investigação vai procurar identificar um perfil de aposta para auxiliar nesse trabalho.
Fernando Cesconetto informou os dados apurados na operação serão compartilhados com a Justiça Esportiva para as providências cabíveis. Mas descartou a possibilidade de que os indícios colhidos possam resultar em anulação de partidas.
Rodney da Silva aproveitou a entrevista para ressaltar que qualquer pessoa que queria contribuir com essa investigação ou levar informações de outras condutas envolvendo organizações criminosas podem entrar em contato com o Gaeco pelo e-mail gaeco@mpgo.mp.br ou pelo telefone (62) 3243-4800.
Participaram ainda da entrevista os promotores Juan Borges de Abreu e Paulo Vinícius Parizotto, do Gaeco, e o coordenador do GFUT, Diego Osório da Silva Cordeiro.
Apoiaram a operação do MPGO as Polícias Militar, Civil e Penal de Goiás, além dos Gaecos dos Estados de Minas Gerais e Mato Grosso, do Cyber Gaeco do Estado de São Paulo e do Centro de Inteligência do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
(Texto: Ana Cristina Arruda – Fotos: João Sérgio/Assessoria de Comunicação Social do MPGO)
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