O deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ) discursou na Câmara nesta quarta-feira (7) sobre a ligação do fundador das Organizações Globo, jornalista Roberto Marinho, morto em 2003, com a ditadura militar. De posse de um documento que disse ser do governo norte-americano de caráter confidencial, Garotinho leu trechos que, segundo ele, revelam a intimidade de Roberto Marinho com o embaixador dos EUA no Brasil, Lincoln Gordon. De acordo com o deputado, trata-se de um telegrama de 14 de agosto de 1965 que Gordon enviara ao Departamento de Estado dos EUA, logo após encontro com Roberto Marinho.
Garotinho afirmou que trazer luz a esse passado é importante “no momento em que estamos debatendo a questão do direito de resposta”. Segundo o parlamentar, o documento, tornado público, “mostra bem o papel da imprensa num momento difícil da vida brasileira”.
Em um dos trechos, conforme leu Garotinho, Lincoln Gordon diz o seguinte: “Roberto Marinho está convencido de que a manutenção de Castelo Branco como presidente é indispensável para a continuidade das políticas governamentais presentes e para evitar uma crise política desastrosa. Em outro, o embaixador relata ao Departamento de Estado dos EUA: “Ele (Roberto Marinho) tem trabalhado silenciosamente com o grupo, incluindo o general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery, chefe do Serviço de Informações; Luís Viana (Filho), chefe da Casa Civil; Paulo Sarasate, um dos mais íntimos amigos do presidente Castelo Branco”.
O documento, de acordo com o deputado, mostra também Roberto Marinho se posicionando contra eleições diretas para presidente. Segue o relato do embaixador Gordon: “No dia 31 de julho, Roberto Marinho teve um segundo almoço reservado com o presidente em que insistiu que eleições diretas, em 1966, sem ter Castelo como candidato, poderiam trazer sérios riscos de retrocesso ao Brasil”.
“Vivemos muitos anos sob ditadura porque homens da imprensa sob o manto da liberdade de imprensa faziam negócios com o poder”, afirmou.
Brasil 247