O cenário do racismo estrutural no Brasil é avassalador. Em um país com má gestão econômica e uma inflação descontrolada pelo governo preconceituoso de Bolsonaro, os trabalhadores pretos recebem 40,2% menos por hora trabalhada do que os brancos.
Em 2021, a média da hora recebida pela população preta e parda foi 74% menor do que a média dos brancos. Enquanto os pretos ganharam R$ 10,90 por hora, os brancos ganharam R$ 19. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O estudo ainda aponta que, no ano passado, o percentual de pessoas pobres no país era de 18,6% entre os brancos e praticamente o dobro entre os pretos (34,5%) e os pardos (38,4%). A linha de pobreza considerada foi a recomendada pelo Banco Mundial –de US$ 5,50 por dia ou R$ 486 mensais por pessoa.
Ainda conforme a pesquisa da segunda edição do levantamento Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, que analisa disparidades existentes em áreas como mercado de trabalho, moradia e educação, o Distrito Federal tem a maior disparidade de valores, com pretos ganhando 51% menos do que brancos. Em Pernambuco, o cenário é contrário, com diferença salarial por hora entre brancos e pretos de 19,4%.
LEIA MAIS: Atlas da Violência revela aumento de mortes em governo que estimula o ódio
42,5 horas a mais para atingir um salário mínimo
Uma brasileira ou brasileiro preto ganha hoje no Brasil a média de R$ 11,49 por hora de trabalho. Para alcançar a média do branco, de R$ 19,22, a população preta teria de trabalhar por exemplo 105,5 horas – 42,5 horas a mais – que os brancos para conseguir atingir o valor de um salário mínimo mensal (R$ 1.212).
Segundo o IBGE, as populações preta e parda representam 9,1% e 47%, respectivamente, da população brasileira. Na força de trabalho, a população parda representa 45%, e a preta, 10,2%.
LEIA MAIS: Legado: luta antirracista e políticas de igualdade racial mudaram o país
Pernambuco se destaca em políticas de combate ao racismo
Com menor disparidade de renta entre pretos e brancos, Pernambuco é o estado que mais conquistou avanços no combate ao racismo estrutural brasileiro. O investimento em políticas públicas como a política do cotas abriu espaço no mercado de trabalho qualificado, modificando assim a realidade para a população negra em relação ao restante do país.
Em entrevista ao G1, o pernambucano Hugo Melo, economista do Observatório da Indústria, ressalta que além da política federal, programas estaduais foram fundamentais para a diminuição dessa disparidade de renda entre pretos e brancos.
LEIA MAIS: A consciência negra e algumas reflexões, por Jefferson Lima
Ela cita exemplos como a ampliação do ensino integrado das escolas e o Programa Ganha Mundo, no qual jovens de escola pública do ensino médio ganham bolsas para estudar em diversos países, como Austrália, Canadá, Portugal, Inglaterra e Espanha.
Entre 2007 e 2014, nos governos PT, o PIB de Pernambuco cresceu acima da média dos outros estados, com a chegada de indústrias como a refinaria da Fiat e o estaleiro Atlântico Sul. Para Hugo, o aumento do PIB, a chegada de polos industriais e as políticas de inserção social podem ter influenciado na diminuição de disparidades.
Da Redação, com informações da Folha de S. Paulo e G1