Para o Ministério Público de São Paulo, não há mais dúvidas. Os bloqueios de estradas iniciados por hordas bolsonaristas após a vitória incontestável de Lula nas eleições são obra de organizações criminosas.
É o que contou o chefe do MP-SP, o procurador-geral de Justiça Mario Sarrubbo, em entrevista à GloboNews. Segundo ele, as investigações descobriram a atuação de milícias digitais e empresários para atacar a democracia e incitar parte da população a cometer crimes.
“Existe hoje uma verdadeira milícia digital atuando no campo político, incitando as pessoas a irem para a rua. Essas pessoas, muitas vezes, vão à rua incitadas e sem saber o que estão defendendo e que estão cometendo crimes”, afirmou.
“Serão identificadas e punidas”
Além disso, empresários estão envolvidos. “Há um financiamento por trás dessa organização. (…) A gente percebe, claramente, que há caminhões de grandes empresas parados, participando de forma ativa”, completou, referindo-se a essa milícia e a esses empresários como “velhos conhecidos”.
Sarrubbo explicou que o MP já está identificando as empresas que provocam os bloqueios e aquelas cujos caminhões acabam sendo parados nas estradas e impedidos de seguir viagem. Grande parte do empresariado, aliás, já se manifestou contrária aos bloqueios.
Os organizadores serão punidos, garantiu Sarrubbo: “Essas pessoas serão identificadas e serão punidas. Essas pessoas serão responsabilizadas e mais que isso: pagarão pelo dano que estão causando à população brasileira”.
Os danos têm sido enormes. Além de ser um ataque à democracia, esses bloqueios causam desabastecimento em supermercados, provocam a perda da produção do agronegócio, impedem pacientes e remédios de chegar a hospitais, atrasa a produção de vacinas, mantêm idosos e crianças sem água e sem comida presos das estradas.
Crianças como escudos
Por falar em crianças, o procurador-geral ressaltou que os pais ou responsáveis que estão levando crianças para os bloqueios, na tentativa de impedir a ação de retirada dos golpistas, também cometem crimes.
“Utilizaram de menores para tratar desse tipo de situação, que foram colocados praticamente como escudos para impedir a ação da Polícia Militar. Isso gera uma consequência no campo criminal para os pais e responsáveis e no campo administrativo no Estatuto da Criança e do Adolescente”, esclareceu.
Por fim, Saburro diferenciou bem o que é uma manifestação legal de um crime. Segundo ele, ficar informado com o resultado de uma eleição é algo que todo cidadão pode experimentar, mas “isso não autoriza impedir a circulação de pessoas e de bens.”
Da Redação