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Lula faz balanço de realizações e diz que mensalão não existiu

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Em entrevista à TV pública portuguesa RTP, o ex-presidente Lula fez um balanço positivo dos últimos anos de lideranças progressistas na América Latina e capitalizou os êxitos de seu governo. Ao ser questionado sobre o “mensalão” ele não hesitou em dizer que foi uma decisão política. “No mensalão o que houve foi praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica. Eu acho que não houve mensalão, mas não vou discutir a decisão da Suprema Corte.”

Por Mariana Serafini, do Vermelho

 

Reprodução

A repórter Cristina Esteves e o ex-presidente Lula conversaram por quase 40 minutos e aproveitaram para fazer suas apostas sobre a Copa do Mundo: “podemos ganhar”, disse a jornalista.

Lula deixa claro que não tem interesse em se candidatar novamente, mas sua missão em 2014 é reeleger Dilma Rousseff. “Eu vou fazer campanha, vou pra rua pedir voto pra Dilma, mas não quero cargo político, não preciso disso para fazer política.” O ex-presidente afirma que já cumpriu sua tarefa com o Brasil e agora tem novos horizontes. “Eu sonhava em ser presidente porque queria provar que eu tinha mais competência para governar do que a elite brasileira, provei.”

Sobre o “mensalão”, Lula afirma que não existiu e o tempo há de provar a verdade sobre os fatos, mas não hesita em reafirmar sua confiança no povo brasileiro. “O povo é mais esperto do que algumas pessoas imaginam. O mensalão o tempo vai se encarregar, (…) eu acho que essa história vai ser recontada”.

Atualmente a tarefa mais importante para Lula, além de reeleger a presidenta Dilma, é compartilhar as boas experiências de seu governo com os países da África e da América Latina para contribuir com a erradicação da fome nestes países. “Depois do câncer eu melhorei como ser humano. Nós temos que ser mais solidários e olhar um pouco mais para os que não tiveram as mesmas oportunidades.”

Sobre a crise na Europa, Lula critica a Comissão Europeia ao chamar de “terceirização da política” e cobra responsabilidade dos líderes eleitos. “Se os políticos não tomam as decisões tudo fica pior. As pessoas votam nos presidentes para eles decidirem, não para terceirizarem isso.” E deseja que os países se recuperem o quanto antes porque o mundo precisa de uma Europa fortalecida.

Ele aproveita para falar sobre o início da crise, em 2008, quando o mundo todo sofria com o desemprego e o Brasil vivia um grande crescimento econômico. Segundo a Organização Mundial do Trabalho, desde 2008, 62 milhões de pessoas foram desempregadas, neste mesmo período o Brasil criou mais de 11 milhões de vagas.

A “receita” do crescimento econômico, segundo Lula, foi ter expandido o comércio exterior com outros países além dos Estados Unidos e União Europeia. O Brasil aumentou quase três vezes o fluxo de comércio com os outros países da América Latina, antes negociava US$ 50 bilhões, atualmente a cifra passa de US$ 125 bilhões. O mesmo aconteceu com a África, Oriente Médio e Ásia.

Segundo Lula, o crescimento econômico do Brasil atingiu diretamente o povo brasileiro, em especial os mais pobres, que passaram a ter acesso a muitos produtos e serviços que antes pertenciam apenas às classes média e alta. Em 11 anos o número de passageiros de avião subiu de 52 milhões para 120 milhões. Atualmente o país é quarto maior consumidor de carros, e o sétimo produtor. “O pobre tem o direito de comprar carro sim, tem o direito de consumir o material que ele produz. Ou nós, pobres, somos obrigados a produzir só para os ricos?”, questiona.

O número de escolas de ensino técnico também triplicou, existiam 140, durante os governos de Lula e Dilma já foram construídas 365 que estão em pleno funcionamento. Mas Lula tem orgulho mesmo em falar sobre as universidades: “Embora eu não tenha diploma universitário, fui o presidente que mais fez universidades na história do meu país, 14 novas federais”.

Lula defendeu a Copa do Mundo e esclareceu os investimentos. Segundo ele, não há dinheiro público do orçamento investido em obras dos estádios, o governo gastou com infraestrutura como ruas e avenidas, pontes e metrôs, obras que vão melhorar a vida do povo brasileiro para sempre. “O que está sendo feito vai ficar para o país, a Fifa não vai levar”.

“A Copa do Mundo é um encontro de civilizações pelo esporte, é a oportunidade que o Brasil tem de mostrar a sua cara. O que o estrangeiros vão ver de melhor é o povo brasileiro, uma mistura incrível de raças, um povo feliz”, defende Lula.

Para encerrar, Lula deu um recado ao povo europeu. “O único patrimônio que minha mãe de deixou foi o valor de andar com a cabeça erguida. A Europa não tem o direito de andar de cabeça baixa. Está na hora de os portugueses, os espanhóis, os alemães, todo o povo europeu, levantar a cabeça e construir o mundo que quiserem”.

 

Portal Vermelho

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