Gente boa do BLog,
A Academia Catalana de Letras relembra que, o principal cartão postal de Catalão é o Morrinho de São João, uma colina na entrada norte da cidade, com uma capelinha no alto. Todos os catalanos conhecem muito bem o lugar e olham, várias vezes por dia, para aquele cenário.
O que nem todos sabem é que, durante mais de um século, haviam povoado, vila e cidade de Catalão, mas não tinha igreja em cima daquele morro. Muitas gerações de catalanos não conheceram a capelinha, porque simplesmente ela não existia.
No final do século XIX, três amigos, de nome “João”, resolveram erguer uma igrejinha no morro, em homenagem a São João Batista: João de Cerqueira Netto, João Patriarcha e João Antônio de Macedo. Os três gostavam de uma festança. Subiram a colina com uma banda de música e levantaram o primeiro esteio da capela em 1899.
A princípio, a construção não teve a aprovação da igreja, porque a iniciativa não tinha licença do bispo e nem o terreno estava legalizado. Mas, logo que a capela ficou pronta, o fazendeiro, dono das terras, doou uma grande área para a paróquia, englobando o morro e as adjacências do morro (que futuramente viraram o bairro de São João).
Durante mais de trinta anos ali se comemoraram as festas juninas de Catalão em homenagem a São João Batista.
Mas, em 1939, a velha capelinha (de esteios e adobe) estava quase desmoronando. Os padres agostinianos, de imediato, arrecadaram recursos (20 contos de réis) e ergueram a nova capela que existe até hoje no local.
Todavia, a festa não existe mais.
De acordo com a escritora catalana Maria das Dores Campos, a tradicional festividade declinou com a chegada dos padres franciscanos em Catalão. Registrou que, “estes, vindos de um país onde a religião dominante é o protestantismo e a católica não tem direito de atos públicos e populares, estranharam tanta popularidade desta festa religiosa, não viram a piedosa devoção de todos e nem compreenderam a comovente alegria em festejar São João Batista, um santo tão querido nessa cidade. Por isto, cortaram terminantemente esta festa, assim como as comemorações populares de todas as festas religiosas.
Este ato dos recém-chegados franciscanos chocou profundamente a gente catalana a ponto de muitos se revoltarem mastigando a saída dos agostinianos que já se achavam integrados aos nossos costumes. (…) Assim, morreu a tradicional e tão querida festa e o Morro da Saudade tornou-se mais saudoso e solitário na quietude bucólica das tardes juninas”.
Na verdade, o Morrinho de São João não é um lugar. É um cenário. De lá você não avista Catalão. Você contempla Catalão. Lá em cima está o túmulo do príncipe dos poetas catalanos, bem ao pé do cruzeiro. Ricardo Paranhos faleceu em 1941 e foi sepultado em Corumbaíba. Mas, a Academia Catalana de Letras, 37 anos depois de sua morte, transladou os restos mortais do escritor e os sepultou no alto do Morro de São João, conforme desejo declarado do poeta em vida.
Este ano completam 120 anos de inauguração da primeira igrejinha do Morro da Saudade. É um cenário romântico, sagrado e poético, frequentado pelos que amam contemplar a vista panorâmica de nossa linda cidade.
As pesquisas mais detalhadas sobre as origens das capelas de São João, em Catalão, foram feitas pelo Pe. Murah Rannier Peixoto Vaz. A ele devemos todas as informações.
Por : Luís Estevam