Os presidenciáveis estão mostrando suas armas, cada vez mais nitidamente. Nesta segunda-feira 14, no Nordeste, no eixo Bahia e Pernambuco, a presidente Dilma Rousseff, o senador Aécio Neves e o ex-governador Eduardo Campos realizaram movimentos irreversíveis, com reflexos que chegarão até outubro.
O primeiro gesto partiu do tucano Aécio Neves. Em cerimônia política em Salvador, pela manhã, Aécio abençou a costura político-eleitoral feita pelo prefeito ACM Neto. Num acordo que juntou todas as oposições ao governo Dilma – um sonho de Aécio no plano nacional -, conseguiu-se na Bahia montar uma chapa com o DEM, representado pelo ex-governador Paulo Souto, na cabeça, Joaci Góes, do PSDB, como candidato a vice-governador e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, do PMDB, como postulante ao Senado.
– É a mais importante construção política já feita até aqui nesta campanha”, comemorou. Embalado pela sustentação dada pela articulação na Bahia, o terceiro colégio eleitoral do País, Aécio apresentou um discurso duro em relação ao governo, indicando que será cada vez mais assim ao longo da eleição:
– O que está acontecendo no Brasil é uma vergonha. Temos de investigar a Petrobras. Não há outro nome se isso for impedido, é um vergonha, repetiu, pronto para, nesta terça-feira 15, fazer corpo a corpo sobre a ministra Rosa Webber. No STF, ela decidirá se acata o mandado de segurança das oposições para levar o Senado a fazer uma CPI exclusiva sobre a Petrobras. Neste ponto se baseia, neste momento, o principal de sua estratégia para desgastar o governo.
Logo depois de Aécio ocupar o noticiário foi a vez da presidente Dilma. Em Ipojuca, no litoral de Pernambuco, durante o lançamento da viagem inaugural do petroleiro Dragão do Mar, Dilma reafirmou sua defesa enfática da Petrobras – hoje no epicentro da campanha. Sem medo de comparações e das críticas do mercado, a presidente lembrou que, em 2003, quando começou o governo “do Lula”, a estatal era avaliada em R$ 15 bilhões, mas que, agora, “apesar das distorções do mercado”, vale R$ 90 bilhões.
– Ao contrário do passado, a Petrobras é hoje a empresa que mais investe no Brasil: foram US$ 306 bilhões de 2003 a 2013″, frisou. Ela está executando à risca a estratégia traçada em conjunto com o ex-presidente Lula, de evitar uma CPI exclusiva sobre a estatal e defendê-la em qualquer frente. Essa postura será levada adiante, cada vez mais, até a eleição. Os ataques corresponderão a contra-ataques na mesma medida.
Também em Pernambuco, o PSB do governador Eduardo Campos consumou sua estratégia iniciada no ano passado, com a aquisição do passe de Marina Silva para seu partido, em razão do naufrágio no estabelecimento do Rede. Com a ex-ministra, Eduardo vai acentuar seu discurso oposicionasta, procurando ultrapassar o tucano Aécio, sem atacá-lo, mas focado nas críticas ao governo e à presidente.
– Mais do que um gerente, o Brasil quer uma liderança, afirmou Campos, com a vice de seus sonhos ao seu lado. Para ele, chegou o momento de começar a crescer – e ele já decidiu que tentará subir nas pesquisas pelo caminho do ataque frontal à candidata à reeleição.
Por todas estas cenas, a segunda-feira 14 foi emblemática dos rumos da campanha. Os presidenciáveis mostraram suas armas – e isso, de saída, fez muito bem ao processo eleitoral, em particular, e à democracia brasileira, no geral. Os carros estão entrando na pista, e os pilotos já começam a acelerar.
Brasil 247
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