A Academia Catalana de Letras observa que,
na época imperial, vários padres católicos tiveram filhos pelo interior do Brasil. Quem não conhecia a realidade brasileira ficava chocado com esse fato. O naturalista francês, Auguste de Saint-Hilaire, por ocasião de sua viagem de estudos a Goiás, inconformado com a vida livre de alguns padres, registrou em documentos: “Suas concubinas moram com eles. Os filhos crescem sob os olhos do pai e da mãe, e frequentemente, devo dize-lo envergonhado, o sacerdote, quando vai para a igreja, o faz acompanhado por sua amante”.
De fato, na época, são muitas as histórias de padres que se tornaram chefes de família.
Em Catalão, não poderia ser diferente. Existiu aqui, depois da metade do século XIX, um padre muito culto e respeitado, perfeitamente integrado na cultura e na tradição catalanas, que deixou quatro filhos. Esse cônego, Luiz Antonio da Costa, quando veio para cá, se tornou amigo de Bernardo Guimarães, Roque Alves de Azevedo e Antonio da Silva Paranhos. Mais tarde, o padre se juntou com Maria Cristina Rodrigues da Cunha, bela jovem catalana, com quem formou um lar tranquilo e harmonioso.
Residiram no casarão que, tempos depois seria a sede inicial do Colégio Mãe de Deus. Registrou o escritor Cornélio Ramos que, o vigário formou um tronco de respeitáveis famílias catalanas a partir de seus filhos. Maria Luíza da Costa, que foi esposa do Coronel Augusto Netto Carneiro; Amazília Angélica da Costa , que veio a se casar com o coronel Augusto Paranhos; Antônio Ludovico da Costa (Antoninho do Vigário), que também se casou com Jorgina Pimentel Ulhoa, e Luiz Antonio da Costa Filho, que morreu solteiro. Inclusive, um dos mais ilustres descendentes do padre foi seu neto, o deputado federal Galeno Paranhos.
Foto: Ilustração em ivro de Cornélio Ramos
Além dos quatro filhos, conta-se que o vigário teve também outro com a Caetaninha de Santo Antônio do Rio Verde, proprietária de uma pensão naquele povoado, mas que não foi legalmente assumido. Coisas de Catalão.
Por: Luís Estevam