A Academia Catalana de Letras observa que,
a população de Pires do Rio está em festa comemorando o aniversário 97 anos da cidade. Ao contrário do que possa parecer, trata-se de uma cidade planejada e construída por decisão de engenheiros da estrada de ferro, apoiados por fazendeiros da região. A história foi a seguinte.
Os trilhos da ferrovia saíram de Catalão e Goiandira, passaram por Ipameri e atingiram um antigo povoado que existia, à beira do rio Corumbá, cujo nome era Roncador. Ali, a estrada de ferro teve que ficar parada por quase uma década, à espera de uma ponte para cruzar o rio. Enquanto isso, na margem oposta do Corumbá, foi se formando um acampamento e um novo povoado com famílias ligadas a atividades da ferrovia.
Foto: Ponte Epitácio Pessoa.
Arquivo Luís Estevam
O engenheiro encarregado dos serviços, Balduino Ernesto de Almeida, projetou uma estação para o novo local e solicitou ajuda do líder político da região, coronel Lino Teixeira Sampaio, que doou uma área de três alqueires para o acampamento e construção da estação. O próprio engenheiro Balduino se encarregou de proclamar, em 09 de novembro de 1922, a fundação da nova cidade.
O lugar ainda não tinha nome definido e nem mesmo tradição, mas a data ficou marcada pelos moradores pioneiros. Aliás, foram os moradores daquele novo povoado que decidiram prestar uma homenagem ao também engenheiro José Pires do Rio, ministro da viação do governo Epitácio Pessoa. O ministro viera a Goiás, em 1921, especialmente para visitar as obras de construção da ponte sobre o rio Corumbá.
Com sua visita, José Pires do Rio ganhou a simpatia do povo e o nome da futura cidade em sua homenagem. Até o presidente foi homenageado com o nome da Ponte Epitácio Pessoa.
Depois de construída, Pires do Rio teve um crescimento econômico e demográfico admiráveis. Inclusive, esvaziou o antigo povoado de Roncador, que deixou de existir.
Entretanto, depois da metade do século, Pires do Rio entrou em estagnação profunda. O ostracismo se deu com o estabelecimento do plano rodoviário nacional em prejuízo do transporte ferroviário. Todas as cidades servidas por linha férrea começaram a sentir os efeitos nocivos da prioridade concedida às rodovias asfaltadas. Ou seja, houve um forte desestímulo ao setor ferroviário patrocinado pelo próprio governo federal.
Pires do Rio, somente na virada do século encontrou novamente a sua rota econômica. Tornou-se importante sede de agroindústrias da carne, graças a incentivos fiscais e financiamentos promovidos pelo governo estadual.
A história de Pires do Rio, durante um período, teve ligação com a história de Catalão. A mesma família Sampaio, que iniciou Pires do Rio na década de 1920, comandou Catalão na década de 1930.
Por: Luís Estevam