A Academia Catalana de Letras recorda,
com orgulho, que, Catalão foi pioneiro na produção em diversos setores industriais. No início do século passado, fabricação de pinga, melado e açúcar mascavo existia praticamente em todos os municípios goianos. Mas, produção de açúcar cristal, em escala industrial, somente na usina do Antonio Salles, em Catalão. Ele nascera na Síria, em 1888, e viera para o Brasil, morando em Catalão, onde trabalhou como balconista na loja do Miguel Neto e Cia, tornando-se, mais tarde, sócio daquela pequena firma.
Foto; Usina de Açúcar ( arquivo Luís Estevam)
Antonio Salles foi um grande empreendedor econômico. Antecipou inovações na agricultura, somente desenvolvidas décadas depois em nível de pesquisa do governo federal. Utilizou largamente implementos agrícolas com tratores, colhedeiras e batedeiras de arroz, introduzindo a lavoura mecanizada e construindo uma usina para processamento de açúcar cristalizado.
Possuiu a fazenda “Saudade”, que adquiriu de Jocelyn Gomes Pires, onde manteve plantações de batatinha, arroz, cana de açúcar e hortaliças em geral. Além de agricultor era também cerealista, tendo uma máquina de beneficiamento de arroz que comprou direto da Alemanha. De lá adquiriu também outros equipamentos, inclusive um locomóvel que veio da fábrica com o seu nome gravado em placa de bronze.
Ao lado desses empreendimentos no campo, Antonio Salles exercia inúmeras atividades urbanas. Montou um escritório de representações bancárias, sendo o primeiro correspondente, em Goiás, do Banco do Brasil, do Banco Comércio e Indústria de Minas Gerais e do National City Bank. Foi também representante da indústria Ford e da multinacional Theodor Willem e Cia na região.
O fato é que, a firma “Antonio Salles e Cia”, com quem tinha sociedade com o irmão, Abdon Salles, representou uma alavanca de progresso e modernidade para Catalão. Trouxe de São Paulo um contador especializado, Higyno Marzo, que dirigiu o escritório da empresa e teve como empregada arquivista e auxiliar de escritório, por seis anos, a moça Maria das Dores Campos, estimada Mariazinha, que posteriormente registrou esses relatos.
Foto: Antonio Salles ( arquivo Luís Estevam)
Por fim, no setor tradicional do comércio, Antonio Salles abriu uma loja de tecidos e chapéus. Mas, não parava em Catalão. Viajava muito, mantendo permanentes contatos com empresas no Rio de Janeiro, São Paulo e até no exterior. De certa feita, em passagem por Paris, fez grande compra de rendas, tecidos e bordados franceses para vender em Catalão e região. Perdeu toda a encomenda já paga, em 1914, com o estouro da I Guerra Mundial. Mas, seus empreendimentos prosperaram. Na história dos imigrantes catalanos, o nome de Antonio Salles figura como um dos grandes empreendedores que a região conheceu.
Por: Luís Estevam