A Academia Catalana de Letras reconhece que,
a história de Catalão se confunde com a história da imigração estrangeira no município. Uma cidade hospitaleira que ofereceu espaço para as mais diversas atividades comerciais e industriais.
No início do século passado, meio à leva de imigrantes que chegava a Catalão, um casal de italianos despontou na cidade. A dupla veio a convite do sogro, conhecido por Baronni, um velho italiano que já havia se instalado na cidade desde o início do século. As razões que haviam levado Baronni a deixar sua Calábria e vir se instalar bem no interior do Brasil nunca se soube. O rapaz que chegava, seu genro, há tempo havia deixado sua terra natal, inclusive, ficado por uma temporada nos Estados Unidos onde trabalhou como garçom no Brooklyn, em New York.
Como era costume, o casal veio de trem até Araguari, em Minas Gerais, e chegou a Catalão em lombo de cavalo. Ele, baixo e avermelhado, chamava -se Júlio Pascoal (Pasqual, Paschoal ou Pasqualle na grafia original). Ela, grávida do primeiro filho, chamava -se Josephina ou Josefina. O garoto, já encomendado, nasceria logo e levaria o nome de João Pascoal. Além do primogênito João, tiveram outros filhos: Itália, Natália, Rosa, Maria, Filomena, Helena, Bruno e José.
O fato é que o imigrante Júlio Pascoal foi, ao longo do tempo, inaugurando vários empreendimentos comerciais em Catalão. Sempre entusiasmado, abriu um armazém de secos e molhados, uma padaria, uma fábrica de guaraná, uma engarrafadora de vinho, um hotel, uma bomba de gasolina e uma corregedora de café. Além disso, participou de uma empresa cinematográfica e a família gerenciava um dos cinemas da cidade. De acordo com um jornal da época, semanário de Araguari, Júlio Pascoal figurava entre os principais comerciantes da região.
Mas, não escapou das querelas violentas de Catalão. Certo dia, dois inimigos se esbarraram no armazém do Sr. Júlio. Desentenderam-se primeiramente nas palavras, brigaram nos tapas e por fim nas armas. Entre sacos de cebola, fardos de queijo parmesão e barricas de vinho sacaram os revólveres. No tiroteio, o único ferido foi o Sr. Júlio que recebeu um projétil na barriga. A bala entrou para nunca mais sair. Jamais foi extraída e o comerciante conviveu com ela pelo resto da vida. Coisas de Catalão.
Por: Luís Estevam