A Academia Catalana de Letras alerta que,
Catalão sempre teve muitas e variadas espécies de cobras venenosas. Até mesmo na área urbana, porque a cidade foi sendo plantada na beira de córrego entre matagais, brejos e grotas.
Na década de 1920, as ruas eram cobertas de capim, existindo apenas trieiros abertos pelos moradores e animais, o que facilitava a disseminação de aranhas, escorpiões e cobras.
Foi nessa época, que passou por aqui o famoso médico Vital Brazil, pesquisador e descobridor do soro antiofidico. Antes de suas descobertas, o único remédio para picadas de cobra, além da tradicional benzedura, era um soro importado, retirado da Naja, que não exercia efeito sobre as espécies de cobras nativas.
Vital Brazil pesquisava diferentes espécies de cobras pelo interior, para desenvolver antídotos a partir do sangue de cavalos.
No início da década de 1920, o cientista passou por Catalão, quando regressava para a fazenda Butantan em São Paulo. Nessa oportunidade, proferiu uma palestra para os moradores sobre o cuidado com as cobras venenosas e a utilização do soro adequado.
Os benzedores locais ficaram enciumados e não gostaram da novidade. Um deles interrompeu a palestra do médico questionando o seu conhecimento sobre cobras, na intenção de provoca-lo e desmoraliza-lo.
O Intendente de Catalão, Salomão de Paiva, não gostou e expulsou o curandeiro da cidade. Era um chefe político muito controverso, mas que respeitava o saber, a ciência. Demonstrava ser violento, destemido e bruto, às vezes, educado, galante e respeitador. Foi assassinado em pleno exercício do poder, em 07 de setembro de 1924, por uma turma de jagunços comandada por João Sampaio.
Nessa época, Vital Brazil, em São Paulo, já havia transformado a fazenda Butantan em Instituto, tornando-se conhecido, nacional e internacionalmente, pelas suas pesquisas sobre animais peçonhentos. Em Catalão, sem dúvida, deve ter conhecido várias espécies. ( Texto Luís Estevam)