A Academia Catalana de Letras recorda que,
no tempo das tropas e boiadas, Catalão teve uma das pousadas mais famosas do interior brasileiro: a Pousada da Mogiana. Essa estalagem, inclusive, foi mencionada por Guimarães Rosa, em “Grande Sertão: Veredas”, como um local de pouso muito reverenciado por tropeiros e boiadeiros nas primeiras décadas do século passado.
Marcelina de Freitas era a dona do estabelecimento e ganhou o apelido de “Mogiana” porque era enrabichada com um funcionário da Estrada de Ferro Mogiana de Araguari-MG.
Tudo começou pouco antes de 1920, quando Marcelina abriu um bordel na antiga Praça Uberlândia, abaixo dos trilhos, muito bem frequentado e conhecido como “Chalé da Marcelina”. Ganhou muito dinheiro no ramo e conseguiu adquirir uma chácara, conhecida como Lagoinha de Paquetá, nas cercanias do bairro São João. Ali, montou uma bela pousada, à beira da antiga estrada de acesso a Mata-Preta, Custódia, Davinópolis e Santo Antônio do Rio Verde. Com o seu capricho e a dedicação de suas companheiras, tornou a estalagem conhecida e disputada, como ponto de pouso, por tropeiros e boiadeiros desse largo sertão.
Somente não gostava do seu apelido. Quem ousasse chamar Dona Marcelina de “Mogiana” ou assobiar imitando o apito da locomotiva, arrumava encrenca. Vários testaram a raiva da “Mogiana” e afinaram diante dos tiros de seu revólver de 12 balas! Isso mesmo. A arma era, de fato, uma raridade e foi vista por várias testemunhas. Inclusive, o ex-prefeito Bento Rodrigues de Paula registrou, em seu livro de memórias, que viu de perto o revólver de 12 tiros de Dona Marcelina.
Hoje, quase nada resta da velha Pousada da Mogiana. O casarão foi demolido e ficaram somente as árvores frondosas e a Lagoinha de Paquetá, onde fica a Secretaria do Meio Ambiente de Catalão, ao lado da Av. Dr. Lamartine. Marcelina de Freitas era bisavó do senador Olavo Pires, catalano, assassinado quando concorria ao governo de Rondônia em 1990.