Gente boa do Blog, estamos publicando aqui diariamente uma coluna produzida pela Academia Catalana de Letras, escrita pelo presidente da instituição, historiador e professor Luís Estevam.
Quero aqui parabenizá-lo pelo conteúdo do texto e pela iniciativa da Academia, uma grande contribuição para a história de Catalão.
A Academia Catalana de Letras relembra, entre risos e nostalgia, que Catalão teve algumas pessoas com deficiência mental, mas que participavam do cotidiano dos habitantes, tornando-se figuras folclóricas e queridas por todos.
Alguns ainda resistem velhinhos e bem tratados em asilos da cidade.
Outros lamentavelmente foram assassinados. A maioria, com o tempo, não resistiu naturalmente ao peso da idade.
BASTIÃO MOLA-FACA detestava assobios e, por isso mesmo, era alvo de toda a meninada.
Rasgava as próprias roupas, quando contrariado, atirava certeiras pedras com mão e, inacreditavelmente, tratava os adultos pelo nome verdadeiro de cada um.
Foto: Academia Catalana de Letras – Bastião Mola Faca
PATOTA era um sujeito tranquilo e trabalhador. De baixa estatura, carregava uma enxada e um saco de linhagem repleto de inutilidades. Detestava ser chamado de preguiçoso, vagabundo ou que dormia muito. Quando isso acontecia perdia imediatamente a habitual tranquilidade, tornando-se violento e perigoso.
JOAQUIM LENHEIRO, outro trabalhador que buscava lenha para a população, em troca de comida ou pequenos agrados, carregando bolsas amarradas à cintura. Somente existiam fogões a lenha e seu trabalho era muito valorizado. Também emprestava dinheiro para os mais chegados. Mas, quando ameaçavam tocar nos seus embornais, tornava -se perigoso com o seu afiado machado. Mas, não fez vítima alguma. Tornou-se ele próprio vítima de ladrões, sendo assassinado enquanto dormia.
ZE FEITIÇO, vindo do Nordeste do país, com seu pequeno chapéu de couro, misturava cachaça com um tipo de reza, como se quisesse exorcizar os maus espíritos. Era uma atração a parte nos bairros que frequentava. Foi assassinado, não se sabe porque, bem na ponte que liga os bairros do Pio e do Cemitério.
BOCA DE JAÚ , o Santilo, usava um uniforme bonito, sendo conhecido nos ternos de Moçambique com o seu costumeiro cavaquinho. Sempre calmo, comunicativo a sua maneira, gostava de estar bem vestido, não se importando com a enorme boca que possuía.
Foto: Academia Catalana de Letras – ” Boca de Jaú” , Santilo.
Enfim, a lista deveria ainda contemplar o ZALADA que vivia de boné, cassetete, exercendo a profissão de “policial” nas ruas do centro da cidade. A BADIA que só andava chique, de batom e ruge de casa em casa, toda sonhadora e romântica. Quando ela dizia que o seu namorado morava em Goiânia, as pessoas falavam que, do alto morro, dava pra avistar a casa dele.
BADIA subia o das Três Cruzes e ficava quase o dia todo olhando para Goiânia, procurando avistar o sobrado do namorado.
Ainda tinham o JOAQUINZIM que morava no Marca – Tempo, o BOZO, o JOAQUIM DO TREM, o JOÃO BOCAGE e outros.
Na história de Catalão, a página desses estereótipos é muito divertida, traz recordações e nostalgia até hoje.
Texto: Academia Catalana de Letras