A barragem de rejeitos da mina de Gongo Soco, no município de Barão de Cocais (MG) pode se romper a qualquer momento. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM) o rompimento do talude norte – estrutura que forma a parede da cava da mina – é dado como certo e deve acontecer entre hoje e sábado (25).
Até o ano passado o talude se movimentava ao ritmo de dez centímetros por ano, o que era considerado normal, mas há alguns meses os sensores passaram a registrar uma movimentação atípica, que agora chega a 7 cm por dia.
A questão, segundo apontam as autoridades, é se o desmoronamento desta estrutura ocasionará no rompimento da barragem de rejeitos, o que provocaria tragédia semelhante às de Brumadinho e Mariana.
Em entrevista coletiva nesta segunda (20), o secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, calculou entre 10 e 15% as chances de rompimento da barragem.
Desde fevereiro os moradores da cidade que vivem nas proximidades da mina estão evacuados, vivendo em hotéis e pousadas e casas de familiares. A mina está fora de operação desde 2016.
No sábado (18), a Justiça de Minas Gerais elevou o teto da multa à mineradora Vale para o valor de R$ 300 milhões caso a mineradora não apresentasse um estudo de risco de rompimento da barragem.
No mesmo dia ocorreu simulação de evacuação, mas com baixa adesão da população e protestos contra a mineradora. Os afetados reclamam da falta de informações e se dizem cansados demais para mais uma simulação. Desde fevereiro, outras duas operações do tipo foram realizadas ali.
Em entrevista ao Brasil de Fato, a representante do Movimento Pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Maria Júlia Andrade, relatou que “as informações vêm a público de conta-gotas e o pânico e o terror estão generalizados. As pessoas não sabem se o risco é real, não sabem se vai romper ou não. Só sabem que existe um pânico e um medo. É uma bomba-relógio em cima de suas cabeças”.
Nesta última quinta-feira (16) a Vale iniciou a construção de um muro de concreto reforçado com telas metálicas a aproximadamente seis quilômetros da barragem da mina. O objetivo é que a estrutura atue como mais uma barreira de contenção dos rejeitos, caso a barragem venha a ruir com os abalos causados pelo desmoronamento do talude.
Também segundo a Agência Nacional de Mineração, o rompimento depende da forma como o talude desmoronará. Se isso ocorrer de forma lenta e gradual, é menos provável um desastre, mas se isso se der abruptamente, há mais motivos para esperar o pior.
Por Brasil de Fato
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