Categories: Sem categoria

Oposição pede que a CCJ priorize análise da constitucionalidade da PEC da Previdência

Spread the love

Nesta terça-feira (16), a PEC da Previdência está, mais uma vez, no centro do jogo de forças da Câmara dos Deputados. Depois de aprovado, na segunda-feira (15), um requerimento que protelava o início oficial do debate sobre a pauta, os parlamentares da oposição seguem na tentativa de adiar o máximo possível a votação da matéria, que, pelo calendário oficial, seria votada nesta quarta (17).

Nesta fase da tramitação da proposta, atualmente discutida no âmbito da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o desafio dos opositores é garantir o andamento das discussões, de forma a destrinchar os diferentes pontos da reforma.

“O debate da constitucionalidade desta matéria parece secundário, mas não é. Isso é uma concepção de Estado. Nós não estamos fazendo um debate pontual aqui. É um debate de uma concepção de como o Estado deve se relacionar com a sociedade brasileira”, afirmou a líder da minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), ao citar os direitos de áreas como saúde, assistência social e Previdência, previstos na Constituição.

Ao todo, cerca de 120 deputados estão inscritos para se manifestar no colegiado a respeito da Proposta de Emenda Constitucional (PEC)  6/2019, nome oficial da reforma na Câmara. Caso a lista seja integralmente cumprida, o debate encerra na noite desta quarta, considerando um acordo que garante a realização dos trabalhos na CCJ das 10 horas da manhã às 22 horas para discutir a proposta.

A tratativa resulta de uma costura feita entre opositores, liderança do governo e outros partidos para garantir o tempo de fala de todos os parlamentares e adiar a votação. Desde a semana passada, deputados do chamado “Centrão” se articulam em conjunto com a oposição para desacelerar o calendário previsto para a PEC.

“Nós não sabemos até que ponto esse pessoal vem conosco na nossa proposta, mas, neste momento, [o fato de] nós estarmos atuando juntos e garantindo que todo mundo fale. É a melhor obstrução possível”, pontua a deputada Maria do Rosário (PT-RS), vice-líder da bancada do PT.

A declaração da petista é uma referência à diferença de tática entre os dois grupos. Apesar da parceria ocasional no adiamento da votação, enquanto os opositores tentam empurrar a apreciação da PEC para uma data mais distante e trabalham pela reprovação final da matéria, esses partidos conservadores se movimentam, nos bastidores, para tentar alinhavar barganhas junto ao governo.

Nas entrelinhas, a articulação dos conservadores é interpretada como uma tentativa de obtenção de cargos e emendas que teria, em troca, os votos desses partidos em favor da reforma – pauta principal da agenda econômica neoliberal do governo.

A estratégia, no entanto, esbarra nas articulações do Palácio do Planalto. Em meio à pressão do mercado financeiro, principal ator econômico interessado na aprovação da PEC, parte dos aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) defende a votação da reforma na CCJ ainda nesta semana.

Como foi fechado acordo que garante a fala de todos os deputados inscritos no debate, a estratégia dos governistas poderá incluir, por exemplo, a retirada dos nomes dos aliados da lista de inscrições. Isso porque, pelo regimento, os parlamentares podem desistir da manifestação e se omitir da discussão. A redução do número de inscritos poderia impor um ritmo mais acelerado aos trabalhos da comissão e garantir a votação até esta quarta-feira.

Essa articulação conta com forte pressão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que trabalha, nos bastidores, atuando em reuniões com diferentes grupos da Casa, especialmente com os partidos conservadores.

Maia tem sido um dos principais interlocutores do governo Bolsonaro – tanto no Congresso Nacional quanto fora do ambiente legislativo – na defesa da reforma da Previdência. Em reunião com opositores e o “Centrão” na tarde desta terça-feira (16), ele chegou a sugerir, inclusive, a possibilidade de realização da votação na madrugada desta quarta. A decisão, no entanto, cabe ao presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), a partir de como vai se configurar o andamento dos trabalhos.

“Nós fizemos um acordo pra todo mundo falar. Se o governo não tem argumento pra falar, é problema do governo. Nós vamos exigir o cumprimento do acordo”, disse nesta tarde o deputado José Guimarães (PT-CE), um dos principais articuladores políticos do campo da oposição.

Sociedade

Para os opositores, a tática de adiamento da votação corresponde à necessidade de travar a pauta, mas também de garantir que, por meio da manifestação dos diferentes deputados, a proposta de reforma seja debatida detalhadamente na CCJ. A matéria chegou à Casa há menos de dois meses e, por conta da ânsia do governo em aprovar o texto, tem tido tramitação acelerada na comissão.

“O que nós queremos é que o Brasil entenda o que está em jogo. E, quando a oposição garante que todos os inscritos falarão, nós estaremos atingindo o nosso objetivo de mostrar para o país o que é que o governo está propondo para a Previdência brasileira. Nós não tememos o debate”, reforça o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).

Com isso, os opositores esperam ainda facilitar a pulverização da discussão sobre a PEC 6 nos diferentes setores sociais.

“Sindicatos, associações, movimentos podem se mobilizar melhor, e nós contamos com isso antes que essa reforma seja analisada aqui quanto à constitucionalidade”, sublinha Maria do Rosário (PT-RS).

O campo popular não tem participado das audiências sobre a reforma na CCJ porque lideranças do governo construíram um termo com regras de acesso ao colegiado que excluem representantes da sociedade civil organizada. A entrada é permitida somente para parlamentares, assessores e jornalistas.

Por Brasil de Fato

Blog do Mamede

Recent Posts

Redução da jornada: um caminho para o desenvolvimento e bem-estar social, por Paulo Paim

Redução da jornada: um caminho para o desenvolvimento e bem-estar social, por Paulo Paim O…

10 horas ago

PEC da Segurança foi bem recebida e terá urgência na Câmara, diz Adriana Accorsi

PEC da Segurança foi bem recebida e terá urgência na Câmara, diz Adriana Accorsi Em…

11 horas ago

HÁ 245 VAGAS DISPONÍVEIS, OFERECIDAS PELA SECRETARIA DE TRABALHO E RENDA – SINE

HÁ 245 VAGAS DISPONÍVEIS, OFERECIDAS PELA SECRETARIA DE TRABALHO E RENDA – SINE 1. Açougueiro…

14 horas ago

Ataques à democracia e aos direitos humanos são herança da impunidade à ditadura

Ataques à democracia e aos direitos humanos são herança da impunidade à ditadura   Relator…

14 horas ago

Censo Escolar registra crescimento no ensino em tempo integral

Censo Escolar registra crescimento no ensino em tempo integral   Divulgado pelo MEC, números do…

14 horas ago

Juiz de Fora: prefeita Margarida Salomão reduz jornada para 30h semanais

Juiz de Fora: prefeita Margarida Salomão reduz jornada para 30h semanais   Município da Zona…

14 horas ago