Além de criticarem a intenção do ex-militar de promover uma maior abertura da economia de forma “unilateral”, rejeitaram a ideia de a área que define políticas para a indústria ser abocanhada pelo superministério da Economia. A nova pasta, que pretende reunir Fazenda, Planejamento e Mdic, ficará sob o domínio de Paulo Guedes, um dos fundadores do banco Pactual e defensor fervoroso dos interesses de seus pares no sistema financeiro.
Como contraproposta para não perder espaço, dez entidades ligadas ao setor industrial – Abimaq, Abinee, Abicalçados, Abiquim, Abit, Abrinq, Anfavea, AEB, Cbic e Instituto Aço Brasil – propuseram agora a combinação de produção e trabalho em um único ministério.
“A junção entre produção e trabalho é uma mudança de paradigma, que busca desburocratizar e aprimorar a relação capital-trabalho, facilitando assim a colaboração entre as partes e promovendo o empreendedorismo, a inovação, a produtividade e a competitividade da economia brasileira”, diz um trecho do documento dos industriais enviado à equipe de Bolsonaro.
Os trabalhadores, contudo, enxergam a possibilidade de fusão de forma bem diferente. “Em qualquer país desenvolvido existe uma área do governo que trata especificamente do trabalho”, declarou ao Portal Vermelho Marcelino da Rocha, presidente da Federação Intersindical de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (Fitmetal). Segundo ele, a fusão do ministério do Trabalho com a indústria resultará em enfraquecimento da primeira pasta.
“Vai ser uma continuidade do golpe de 2018 que esvaziou o papel do ministério do trabalho. O golpe que levou Michel Temer à Presidência impediu a realização de concurso públicos, enfraqueceu superintendências regionais, enfraqueceu fiscalização. Fundir com a indústria é dar continuidade a esse esvaziamento”, opinou o dirigente.
Para ele, os industriais começam a perceber que o apoio à eleição de Bolsonaro pode trazer prejuízos para o setor produtivo. “Deram um cheque em branco para quem não tem qualquer política industrial que servirá ao Brasil e ao povo”, defendeu.
Nota da Força Sindical divulgada nesta segunda-feira (5) ressaltou a importância do Ministério do Trabalho no avanço das relações de trabalho no Brasil. A entidade reiterou a necessidade de uma pasta “forte, parceira e protagonista na luta contra a recessão e pela retomada do crescimento econômico do País, com respeito aos direitos sociais, previdenciários e trabalhistas da classe trabalhadora, geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social”.
Para o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) e analista político Antônio Augusto de Queiroz, o Toninho, os representantes da indústria sabem que, com a área incorporada ao Ministério da Economia, perderão grande parte dos incentivos e subsídios que hoje recebem. Trabalham, assim, para preservar seus benefícios e, ao mesmo tempo, sobrepujar os trabalhadores.
“Eles querem o melhor dos mundos. Querem retirar da equipe econômica o controle sobre a indústria e o comércio, porque a equipe econômica iria eliminar uma série de subsídios, incentivos e renúncias. E querem juntar com o trabalho, para que a produção se sobreponha ao trabalho, ou seja, para que o Ministério do Trabalho não fiscalize o setor produtivo, e, pelo contrário, seja um colaborador do setor produtivo, para desmistificar a relação capital-trabalho”, resumiu.
Onyx Lorenzoni (DEM-RS), futuro ministro da Casa Civil do governo Bolsonaro, prometeu às entidades que o pleito seria analisado, mas antecipou que Paulo Guedes é contra a criação da pasta nos moldes propostos pela indústria.
Toninho avaliou que ainda deve haver muita negociação. “Pode haver muita alteração ainda, porque esse é um governo movido a pressões. Uma hora diz uma coisa, noutra diz outra coisa. Eles tomam uma decisão, aí o setor empresarial se divide e eles voltam atrás. É um governo que quer agradar setor empresarial, e isso tem resultado em muito vai e vem”, disse.
Por outro lado, o diretor do Diap prevê que a relação entre o setor produtivo e o novo governo seja marcada por atritos. “É bom lembrar que quem vai tocar o governo, na prática, é o Ministro da Fazenda, mais ligado ao mercado financeiro que ao setor produtivo. Ele vai ter superpoderes. E é por isso que [os industriais] querem criar esse outro ministério, para fazer um pouco o contraponto ao ministro da Fazenda”, afirmou.
Em sua página no Twitter, o economista Marcio Pochmann também comentou a proposta de fundir os ministérios de Indústria e Comércio com o do Trabalho. “Com o possível fim da política industrial, apontado pela reorganização neoliberal do governo Bolsonaro, 10 grandes associações patronais sugerem a criação do Ministério da Produção, Trabalho e Comércio, podendo ser a ‘pá de cal’ na Era Vargas de dualidade entre capital e trabalho”, escreveu.
A proposta de unir no mesmo ministério polos opostos das relações de trabalho acontece depois de o governo recuar da tentativa de fundir as pastas de Agricultura e Meio Ambiente, também contrárias em seus objetivos.
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